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Arquitectura

 

 

 

 

 

 

Os arquitectos são essenciais para criar 'valor imobiliário'

12 de agosto de 2016

A arquitecta Teresa Otto, do atelier OTTOTTO, acredita na tarefa multifacetada da sua profissão. Além dos projectos tradicionais de construção nova ou de reabilitação, muitos dos seus trabalhos têm sido de instalações artísticas. Uma área fundamental para eventos e exposições públicas. É o caso do Faces of the Stars, uma exposição fotográfica de Terry O’Neill, um dos mais conceituados fotógrafos a nível mundial, focado na arte do retrato, que deu a conhecer, pela primeira vez e com recurso a uma máquina de 35mm, uma outra face das estrelas.

Esta exposição chegou a Portugal integrada no projecto “A Arte Chegou ao Colombo” - que está na sua 6.ª edição -, e que está disponível gratuitamente para o público na Praça Central do Colombo até dia 28 de Setembro.

A mostra está assente na criatividade da arquitecta portuguesa que desenhou e projectou a estrutura e instalação da exposição. Trata-se de uma jovem arquitecta com os 'pés bem assentes na Terra' e que se considera uma arquitecta-construtora. Em entrevista ao Diário Imobiliário Teresa Otto revela que actualmente, as pessoas pensam mais, amadurecem mais a ideia de vender ou comprar uma casa, os bancos avaliam melhor os investimentos e o arquitecto pode ajudar a criar mais valias neste negócio.

Como analisa o actual estado da arquitectura a nível nacional?

Somos muitos mais arquitectos do que há 20 ou 30 anos, o que torna o mercado mais competitivo e coloca a arquitectura ao alcance de mais pessoas. A ideia de que o arquitecto vai encarecer uma obra ou que o seu trabalho é apenas para uma elite, está a mudar no nosso país.

Nos anos 90, qualquer casa se vendia, e agora não. Actualmente, as pessoas pensam mais, amadurecem mais a ideia de vender ou comprar uma casa, os bancos avaliam melhor os investimentos, e isso é muito bom para os arquitectos que são essenciais para criar “valor imobiliário”.

Hoje em dia, com excesso de habitação e menos dinheiro disponível, o mercado do imobiliário não pode viver sem arquitectura.

Como interliga a arquitectura com os espaços expositivos e nomeadamente para esta exposição no Colombo?

A exigência de um público com mais educação visual levou ao alargamento do espaço de intervenção dos arquitectos: agora somos chamados para desenhar as estruturas para feiras, eventos e exposições - como é o caso desta no Centro Colombo.
Neste projecto com "State of the Art"  trabalhámos para a Exposição Terry O’Neill – “Faces of the Stars” - e que assinala a 6ª edição do projecto “A Arte Chegou ao Colombo” - o pavilhão fica num espaço interior, razão pela qual optámos por criar uma vedação para proteger as fotografias, criando assim um ambiente mais acolhedor. São 170 m2 com uma base hexagonal, um puzzle sem estrutura principal, em que todos os triângulos juntos fazem o pavilhão funcionar.
Este tipo de projectos agrada-me muito porque gosto de ser uma arquitecta-construtora, gerindo recursos e design em simultâneo.

De que forma o projecto arquitectónico é importante para dar mais visibilidade aos trabalhos expostos?

Foi-nos pedido para dignificar a Arte, criando uma estrutura reutilizável e polivalente que fosse suficientemente “estranha” e inovadora para ser o “centro das atenções”, na Praça Central do Centro Colombo.

O amarelo, a transparência crescente com a altura e as letras “Terry O’Neill” iluminadas no topo, chamam a atenção de quem circula nos corredores superiores do Centro, multiplicando o alcance do pavilhão.

Neste pavilhão expositivo , as fotografias parecem flutuar, pois estão penduradas em estruturas de ferro, quase transparentes. Algumas são visíveis de fora do pavilhão e convidam à entrada, por uma das duas portas, sem definir um percurso expositivo único. 

São necessárias determinadas especificidades para estes projectos?

Nos projectos temporários, é essencial equilibrar o custo/tempo de fabrico com a vida esperada do objeto. É um desafio exigente, mas é nisso que gostamos de aplicar a nossa criatividade e capacidade de gerir projectos. 

Quais os seus principais trabalhos já realizados de uma forma global?

Já trabalho por conta própria há seis anos, com cerca de 30 projectos construídos até ao momento.

Desses projectos fazem parte as instalações de luz criadas na Praça do Rossio, nos Jardins do Palácio de Belém, no Centro Cultural de Belém (para a IKEA), além do Festival Boom e do Amsterdam Light Festival onde marcámos também presença.

Ao nível expositivo, destaco três pavilhões já criados para o projecto “A Arte Chegou ao Colombo” (Lisboa) e um stand para a SkyPro (Frankfurt).

Quanto a imóveis, remodelei dois apartamentos no Porto e uma casa no Minho, além do escritório da Kinematix e e de uma cervejaria (ambos no Porto). 

 Que projectos novos tem neste momento?

Estamos a crescer passo-a-passo e, por isso, não podemos aceitar todos os projectos que nos propõem. Temos em curso algumas remodelações, assim como duas instalações artísticas que poderão ver nos próximos meses. 

O Diário Imobiliário mostra ainda  algumas fotografias de Terry O'Neill da exposição Faces of the Stars que pode ver no Colombo. Veja AQUI