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Opinião

 

Turismo Residencial: o principio do fim da crise?

11 de fevereiro de 2015

É provavelmente uma pergunta que tem subjacente uma visão considerada optimista. Governo de Portugal, promotores imobiliários e instituições financeiras não têm hoje razões, tangíveis e objectivas, para antecipar o fim da crise no sector. Pode, no entanto, antecipar-se alguma recuperação, desde que reunidas 3 condições:

  • Governo de Portugal: a dotação de recursos de suporte ao Living in Portugal, a existência de um regime especial de autorização de residência, a estabilização de políticas fiscais competitivas para atracção de estrangeiros e a consolidação do Turismo Residencial como produto estratégico são boas notícias para o sector. A eficácia destas iniciativas dependerá, como em quase tudo, dos recursos, humanos e financeiros, colocados “à disposição” do sector (por exemplo fundos do QREN ou linhas de crédito de longo prazo contractualizadas entre promotores, instituições financeiras e o Estado), assim como uma articulação entre os vários Ministérios envolvidos (Economia, Negócios Estrangeiros, Finanças, …) no sentido (1) da criação de condições ao desenvolvimento dos projectos e (2) da transmissão consistente da mensagem promocional e dos méritos de Portugal enquanto destino.
  • Promotores imobiliários: necessidade de alocação de capitais próprios normalmente não utilizados, assunção de retornos sobre o investimento menores num horizonte temporal mais alargado e capacidade de atracção de investidores estrangeiros para os projectos. O caminho iniciado pelo Governo é condição essencial para a atracção de investidores de origem internacional, o que tem que ser obrigatoriamente complementado com a apresentação pelos promotores de business plans credíveis ao nível do investimento, vendas e operação, com produtos e estratégias comerciais defendidas por rigorosas análises ao mercado. O envolvimento de instituições financeiras no processo é nesta fase crítico para a credibilização de qualquer road-show.
  • Instituições financeiras: nas actuais condições de mercado – apesar de tudo melhores que há 18 meses ou 12 meses atrás – terão que ter a capacidade (coragem) de assumir, nem que seja numa óptica de damage control, o financiamento às operações (assegurados que estejam capitais próprios dos promotores, nacionais e internacionais), com o apoio do governo, flexibilizando condições e admitindo resultados da operação turística futura destes activos como fazendo parte do cash-flow necessário para cumprir serviços de dívida.

Não serão atingidas em 2013 e 2014 velocidades de vendas similares a 2006 – 2008, nem os valores de venda serão os mesmos; mas é possível reanimar o sector se os três vértices deste triângulo – como aparentemente estão a fazer – consensualizarem os grandes objectivos da indústria do Turismo Residencial. Se a resposta à pergunta Existe, pós-crise, apetência por parte da população, a nível global, por adquirir uma segunda habitação no estrangeiro ? é SIM, então não há razão para que não nos aproximemos da luz ao fundo do túnel.

Eduardo Abreu
Neoturis