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SIL 2019: Foi bom mas ainda pode ser melhor

25 de outubro de 2019

Aqui e ali vem sendo comentado pelos profissionais do setor uma redução da procura, que as estatísticas também vão demonstrando. Convém esclarecer que redução não significa quebra ou "crash", e que o mercado e respetivo negócio imobiliário continuam bem, de boa saúde, malgrado os desejos de alguns arautos da desgraça.

O negócio imobiliário sempre teve ciclos, e nem poderia ser de outra forma, como aliás tudo na vida, mas ainda há indicadores de sentido inverso, como a edição deste ano do SIL, através do número de visitantes e expositores que evidenciam uma pujança ainda em crescendo. Dirão alguns que não foi tanto assim, mas os números, mais do que tudo, demonstram resultados e não opiniões, e contra factos, nunca deve haver argumentos, ou pelo menos não devem ser aceites como válidos.

Pessoal e profissionalmente visito o SIL há muitos anos e senti este ano, que o certame esteve mais maduro e forte, desde a organização, ao número de visitantes, disposição dos stands, diversidade de eventos paralelos, e até ao número de apoios, como, por exemplo, o número e disposição dos habituais "comes e bebes". Por este êxito está de parabéns a organização, apesar de nem tudo serem maravilhas: faltou a tradicional abertura oficial, o menor dos males, e faltaram sobretudo os compradores, pelo menos a quem vai expor apenas com essa intenção.

Para a ASMIP, que represento, e alguns outros expositores não é importante pois apenas marcamos presença para encontrar e dialogar com profissionais, contudo a esmagadora maioria dos expositores marca presença na expetativa de lá encontrar compradores e assim realizar mais negócio.

Compreendo que não se poderia ter as portas abertas gratuitamente sob pena do SIL ser invadido por meros curiosos de fim-de-semana, mas penso serem excessivos os valores cobrados a um casal que pretenda visitar o salão imobiliário, mesmo que sejam potenciais interessados. Bem vistas as contas é uma verba que mesmo não dando para um jantar a dois, dá pelo menos para um lanche numa boa esplanada.É uma pena pois certamente a opção do lanche sai vendedora e fica assim reduzida a percentagem de clientes visitantes, afinal de contas o principal objetivo de um evento desta natureza, e fonte de investimento dos expositores. Imagino que o motivo para o preço dos bilhetes será a necessidade de receita, o que até se percebe, mas ter o SIL recheado de profissionais e não investir no acesso de clientes reais, parece-me algo contrário ao “espírito da coisa”.

Mesmo sendo otimista e supondo que dos 24.000 visitantes este ano, metade tenham sido potenciais clientes pagantes, obtinha-se a mesma receita com bilhetes a 1/3 do valor, mas beneficiando do triplo dos compradores. Os expositores veriam o investimento bem mais justificado, e o sucesso seria maior para todos, incluindo a organização, que dessa forma até teria mais argumentos para captar novos expositores, captando também por essa via mais receita.

Bem sei que nem sempre estas contas são lineares nas proporções, mas parece-me fazer sentido esta perspetiva e quiçá no futuro motivo de reflexão por parte da organização. Fica a sugestão!

Francisco Bacelar

Presidente da ASMIP – Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal

*Artigo escrito com novo acordo ortográfico