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Opinião

 

Os clientes palhaços

6 de agosto de 2020

Normalmente, quando escrevo aqui, tendo sempre a dar exemplos genéricos de situações que me relatam ou de outras que eu próprio experiencio. Hoje vou-vos falar dos clientes palhaços. O nome foi acabadinho de inventar, mas acho que este tipo de pessoas aguenta bem o título e não devem ser confundidos com os clientes genuínos, aqueles que nos contactam (ou que nós contactamos) porque têm necessidade de recorrer aos nossos serviços de consultadoria imobiliária. Esses não têm nada que ver com o que vou dizer nas próximas linhas e são aqueles que nos motivam a fazer praticamente tudo por eles. E, quando temos sorte, conseguimos que estes nos considerem também amigos.

Por definição, o cliente palhaço é aquela personagem que não deve ter nada que fazer na vida ou ninguém com quem falar e então recorre a nós para preencher o seu vazio. São os que ligam para os consultores(as) que acham giros(as) a fingir que estão interessados em determinado imóvel para acabar convidando-os(as) para um jantar ou algo mais (antes de estar no ramo, sempre achei que esta história era mito urbano, mas já tive relatos verídicos de diversos episódios nesse sentido).  Ou, então, são aqueles clientes que nos alimentam com a promessa de uma compra iminente, normalmente de seis dígitos, para nos aliciarem com uma comissão simpática. Porque ficamos tão cegos com a promessa dos milhões, cometemos erros de palmatória. E perdemos tempo, que poderíamos usar para os clientes genuínos.

Se, no primeiro caso, a coisa resolve-se relativamente rápido – basta não aceitar o jantar e não alimentar esta conversa – o segundo pode levar algum tempo e, pelo meio, fazer alguns estragos, nomeadamente se acabarmos por recorrer a parcerias para tentar dar resposta ao que nos foi solicitado.

Escrevo estas linhas assumindo convosco que, recentemente, fui vítima das brincadeiras de um cliente palhaço, que me aliciou com a promessa de milhões para uma compra que seria supostamente urgente. Caí que nem um patinho e não qualifiquei propriamente este cliente – fiquei cego pelos milhões, confesso. Acabei por marcar duas visitas e uma reunião com entidades terceiras que, obviamente, não aconteceram, porque o cliente não apareceu, deixando-me a mim e aos meus parceiros neste negócio pendurados. Poderão dizer-me que são coisas que acontecem a qualquer um de nós, mas confesso que não gosto de me sentir usado e, muito menos, abusar da vontade dos colegas que, porque confiam em mim, acederam a este pedido deste cliente palhaço que, desde que esta situação aconteceu, não se dignou a falar comigo para, ao menos, justificar os seus actos.

Se há uma lição positiva a retirar de tudo isto, é o de perceber, cada vez mais, o valor e a importância das parcerias e de consultores imobiliários de confiança. Para não vos maçar mais, este será o tema do meu próximo artigo.

Francisco Mota Ferreira

Consultor Parcial Finance