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NOTÍCIA
Opinião

 

Criatividade na Regeneração Urbana

11 de fevereiro de 2015

A criatividade pode acrescentar valor às nossas cidades e vidas, trazendo experimentação e originalidade. No entanto, esta atitude requer a capacidade de (re)escrever regras; de ser inconvencional; de olhar para um problema sob um novo ângulo; de imaginar novas soluções; de descobrir pontes entre tópicos, entidades e pessoas, de ser flexível.

Enquanto criativos devemos ter a vontade de agir, de arriscar e principalmente de dar um passo em frente, um passo reivindicativo, dizer que esta é a nossa cidade e que queremos cuidar dela... contagiar a nossa comunidade com este mote…e assim suscitar a sua paixão pela cidade.

Podemos ser agentes regeneradores artísticos, culturais e sociais. A regeneração de uma cidade é uma acção sustentável não só do ponto de vista arquitectónico mas também social. E neste processo de regeneração é importante perceber o potencial humano como um activo de grande importância. A capacidade de um criativo em ver os problemas de um ponto de vista diferente e oferecer soluções também diferentes, não deve ser ignorada, mas sim valorizada neste processo. Criativos e organizações culturais são agentes urbanos por excelência e sempre contribuíram para a vitalidade e carácter das cidades, muitas vezes sem apoios financeiros do Estado ou de outras entidades. Na verdade, estas acabam, em algumas situações, por ser um entrave em manifestações criativas, e, consequentemente, na dinamização da cidade.

Cada cidade tem o seu potencial, apesar de muitas vezes não ser óbvio, principalmente para aqueles que a habitam. Espaços que à partida não parecem ter grande valor comercial, podem ser uma mais valia para uma massa de pequenos comerciantes e artistas que acabam por preencher e habitar esse espaço. A presença de criativos em áreas urbanas em declínio pode ajudar a quebrar esta tendência uma vez que podem desencadear a revitalização de uma zona através da sua ocupação e oferta de serviços diferenciadores e originais que prestam. As galerias de Paris, as galerias Miguel Bombarda ou o mercado Porto Belo na Praça Carlos Alberto, no Porto, são exemplos disso.

No entanto, a criação de uma parceria de sucesso entre design, cultura e regeneração urbana requer uma compreensão mais imaginativa e funcional do que o tradicional foco em valores estéticos. A criatividade tem o poder de atrair pessoas para a cidade, tornando-a mais habitada e segura, acabando por revitalizar o comércio local e por lhe dar uma conotação mais “cool”. No entanto, é necessário ter cuidado para não se cair no erro de inverter a situação, ou seja, devemos criar condições para que este nicho de artistas e criativos consiga viver e habitar os espaços por si dinamizados.  É cada vez mais importante reconhecer o impacto que um meio criativo pode ter numa comunidade, bem como a sua capacidade de apoiar a renovação e regeneração de cidades.

Raquel Machado
Designer no design factory*, gabinete de inovação e design da RAR Imobiliária