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Opinião

 

Como vive hoje o mercado imobiliário?

12 de fevereiro de 2015

Ao longo dos últimos anos o sector imobiliário tem vivido profundas alterações, provocadas pela crise generalizada em Portugal, por um lado, e pela situação económica de outros países e das suas necessidades que a própria globalização nos trás.

Se hoje o mercado português está em crise, e não compra imobiliário, outros mercados estão em grande frenesim económico, e, por um ou outro motivo, olham Portugal com atenção.

Verificamos então algumas características do mercado imobiliário, diferentes das do passado, com as quais já estamos a conviver:

  1. Os bancos,  estão a vender alguns ativos a desconto, e a passar algumas carteiras para sociedades gestoras de carteiras imobiliárias (Fundos de Investimento) que estão vocacionadas para tratar o imobiliário – Serão um dos principais players do sector nos próximos anos;
  2. O mercado de arrendamento, tendo em conta a falta de liquidez do mercado e o custo do financiamento, está a aumentar sendo seguramente um dos caminhos que o mercado vai assumir nos próximos anos;
  3. O mercado da reabilitação, em substituição da construção nova, será o mercado que mais se desenvolverá.
  4. Dentro deste mercado, a reabilitação do apartamento isolado (ao invés de prédios inteiros) será um nicho que assumirá grande relevância no mercado;
  5. A imigração de quadros do sector imobiliário, quer sejam arquitetos, engenheiros ou gestores, para países emergentes, nomeadamente de Angola, Moçambique, Norte de Africa, Brasil e Colômbia, é uma realidade triste, pois está a destruir o know how das empresas de construção e de projeto em Portugal, que era um dos grandes Clusters que Portugal poderia desenvolver. As empresas que ficam, já não têm margem para acomodar melhores preços.
  6. A capacidade financeira dos países emergentes, nomeadamente o Brasil, e o risco da desvalorização do seu poder de compra, em termos mundiais, a curto/medio prazo, leva ao interesse de virem à Europa comprar imobiliário (se possível a Saldos).
  7. O mercado Angolano, abastado mas pouco sofisticado do ponto de vista económico e financeiro, está a comprar imobiliário de luxo – sobretudo moradias – ostentando o seu poder económico.
  8. O aumento de investidores Franceses, por via da instabilidade política do Norte de Africa, é já uma realidade, verificando-se já compras de bons apartamentos em boas localizações, para este segmento que procura qualidade de vida.
  9. A capacidade e interesse dos chineses, por via do Golden Visa, é uma realidade, estando sobretudo interessados na compra de apartamentos em Lisboa e Porto.
  10. Por último, a falta de liquidez no mercado, obriga a uma maior necessidade de parcerias, numa logica “win/win” para que se seja possível a concretização de negócios que criem valor.

Diogo Pinto Gonçalves
Administrador da Selecta -SGFII, sa
Docente do ISEG - Mestrado em Gestao e Avaliação Imobiliária