CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Opinião

 

A importância da reabilitação energética

11 de fevereiro de 2015

A reabilitação dos centros históricos e urbanos foi o mote para a realização, recentemente, no Porto de uma semana dedicada ao tema. Este movimento de regeneração, que se começa a fazer sentir nas principais cidades portuguesas é uma oportunidade para a necessária reabilitação energética dos edifícios.

Quando falamos em reabilitação energética, referimo-nos, não só, à redução dos encargos energéticos, como também às melhorias ao nível das condições acústicas, de conforto, e de qualidade da construção.

Na nossa opinião, a reabilitação energética constitui uma das componentes com maior interesse e relevância no conjunto de medidas que compreendem a reabilitação urbana, sendo ainda mais importante em operações urbanísticas que preservem, em grande medida, o edificado actual.

Mais uma vez, deveremos relembrar que os edifícios são responsáveis em toda a Europa por cerca de 40% de todo o consumo de energia eléctrica, sendo que um terço deste valor é relativo a edifícios não residenciais, isto é escritórios, indústria, escolas e outros edifícios de uso público e privado.

Na área da eficiência energética, consideramos que o Estado tem intervindo de forma pró-activa, muito pelo facto da necessária transposição das directivas comunitárias, com a publicação, já em 2008, do plano nacional de acção para a Eficiência Energética. Este plano engloba um conjunto alargado de programas e medidas consideradas fundamentais para o cumprimento das metas internacionais estabelecidas, o qual foi objecto de actualização recente.

Na abordagem ao tema da eficiência energética deveremos salientar o papel desempenhado pela ADENE - Agência para a Energia, desde a sua constituição, quer na aplicação da Certificação Energética, obrigatória a partir de 2008, quer na divulgação e sensibilização da sociedade para os temas da eficiência e reabilitação energéticas.

Enquadrado nos referidos planos e directivas, são várias as iniciativas que visam apoiar e desenvolver projectos nesta área, como o programa Renovate Europe, o GreenBuilding da Comissão Europeia, o projecto Request ou Casa+ desenvolvido pela ADENE e a DECO. Neste último portal (http://www.casamais.adene.pt/) é possível efectuar simulações da eficiência energética e do impacto ecológico das soluções existentes ou a efectuar.

Verifica-se, na realidade que são várias as iniciativas com enfoque na eficiência energética sendo que, em alguns casos, o documento central de abordagem do edifício é o certificado energético e da qualidade do ar interior. A título de exemplo o estudo de medidas de melhoria, que consta em anexo ao referido CE possui já informação técnica tendo em vista a reabilitação energética, nomeadamente quanto às oportunidades de melhoria do imóvel. Esta circunstância, muitas vezes não é do conhecimento, do proprietário, sendo por essa razão um documento técnico dispensado. Na realidade esta informação técnica é um documento vital para o projecto de reabilitação, devendo servir de guia ao desenvolvimento dos projectos das várias especialidades.

De acordo com a informação recolhida no portal da ADENE, tendo cada edifício as suas particularidades e por base os certificados já emitidos para os edifícios de habitação, é possível verificar que uma parte significativa das medidas de melhoria incide sobre aspectos como o isolamento na envolvente (paredes, coberturas e pavimentos), a substituição ou instalação de vãos em caixilharia de elevado desempenho térmico, a aplicação de sistemas de energia renováveis, ou a substituição ou instalação de sistemas de aquecimento de águas mais eficientes.

À semelhança do que se verifica em muitas áreas, e sendo uma temática recente e em actualização constante, cabe-nos a nós, consultores, a intervenção no sentido de auxiliar os investidores, promotores e gestores de projecto e de imóveis, com vista a coligir toda a informação existente disponível e ao estabelecimento das melhores estratégias no sentido de promover a reabilitação energética dos edifícios visando a diminuição significativa, dos consumos energéticos.
Miguel Afonso Moreira
Gestor de Projecto Cushman & Wakefield
LEED Green Associate