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Opinião

 

A cobardia dos desonestos!

17 de março de 2015

Hoje venho falar de um tema transversal a todos os sectores e a todas as pessoas. Seja nas relações profissionais ou pessoais, quem nunca ficou a ‘arder’ com alguns ou muitos euros? Ex-governantes estão presos, outros devem, roubam e ficam impunes, mas o que fazer à maioria da população que não paga o que deve? E as empresas? E o Estado? Não haveria prisões suficientes para todos.

Mas esta situação a que chegámos é triste. Sabemos que o nosso país não é o único onde a corrupção e a desonestidade abunda mas é decepcionante quando verificamos que se perdeu a ‘Palavra’ (como se dizia então para cumprir os acordos que se faziam), o compromisso ou a honra. Gestos e atitudes que pertencem ao passado.

Nem mesmo se assinarmos um documento estaremos a salvo. Todos sabemos que a justiça leva tempo e os incumpridores contam também com a falta de coragem e sobretudo de dinheiro, de quem ficou lesado, para mover o monstro do sistema judicial. Por isso, já ninguém tem medo de ficar a dever.

E o que me entristece mais é a falta de respeito para com os outros. Quando alguém não pretende pagar, os sinais são quase imediatos. Na primeira chamada que não atende, ainda se dá o benefício da dúvida, na segunda ainda se põe a hipótese que pode estar em reunião (o povo português deve ser o que mais reúne mas deixo este tema para outra ocasião) mas na terceira é a confirmação: Está a fugir! É aí que começamos a fazer contas e a ver os €€€ a ir embora.

Ainda existe uma segunda alternativa, a mensagem escrita. Depois de várias enviadas e nenhuma resposta a confirmação começa a ser certa, que vem acompanhada com o fracasso das tentativas de comunicação através dos emails.

Dizia-me no outro dia uma amiga que iniciou uma empresa e que já começou com atrasos nos pagamentos das suas obrigações. “Ninguém me paga e por isso também não consigo pagar as minhas despesas. E ainda por cima ninguém me responde quando tento saber o dia de fazerem o pagamento. É desesperante, estou num sufoco e ainda agora comecei a caminhar sozinha. Não sei se vou conseguir continuar”.

É assim que querem que o país desenvolva? Que seja empreendedor?

Como andar para a frente se trazemos colados um bando de ladrões, de corruptos e de pessoas desonestas. Temos o exemplo dos governantes e grandes empresários deste país, mas esses até já desconfiamos desde o início, o pior é aquele que por vezes até conhecemos e acreditamos que é uma pessoa séria.

Não estou a dizer nada de novo, eu sei que quase todas as pessoas e empresas passaram por alguma situação semelhante mas o que me incomoda mais é a cobardia dos desonestos!

Respondam, digam que não têm dinheiro, que vão pagar só naquele dia, que não vão pagar, que nunca tiveram intenções de pagar. É preferível a sinceridade. Enganar é sinónimo de destruição da vida de pessoas, de empresas e sobretudo da confiança.

E a confiança é fundamental para a saúde de um povo e de um país!

Fernanda Pedro

Directora Diário Imobiliário