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CGD com mais de 62 mil créditos com moratórias, menos 15 mil do que em Julho

6 de novembro de 2020

A Caixa Geral de Depósitos tinha, no final de Outubro, 62.387 contratos de crédito com moratórias, menos 15 mil do que em final de Julho, abrangendo um total de 5.651 milhões de euros.

Em 30 de Outubro, nos clientes particulares, as operações de crédito com moratórias eram 40.927, abrangendo um valor total de 2.302 milhões de euros, enquanto nas empresas as operações com moratórias eram 21.460, num valor de empréstimos total de 3.349 milhões de euros.

Face a final de Julho, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem menos operações de crédito com moratórias (-15.797, das quais -13.173 de particulares e -2.624 nas empresas) e menos volume de crédito envolvido em moratórias (-1.331 milhões de euros, dos quais -761 milhões de euros nos particulares e -570 milhões de euros nas empresas).

O administrador José de Brito explicou, na conferência de imprensa de apresentação de resultados, que a redução significativa do crédito como moratórias se deve tanto a empresas como a particulares que decidiram não as prolongar.

"Do lado dos particulares, o prazo inicial das moratórias era 30 de Setembro de 2020 e foram, entretanto, estendidas pelo Governo. Mas o facto é que muitos clientes não quiseram beneficiar dessa extensão e a grande maioria optou por retomar o pagamento das prestações", disse.

Questionado sobre se essa decisão terá que ver com o facto de os juros se acumularem e capitalizarem, José de Brito considerou que esse não será o principal fator.

Segundo o administrador, o que se passou foi que, na primeira fase da crise pandémica, os clientes acorreram às moratórias "numa atitude preventiva" e que depois avaliando os seus rendimentos decidiram que preferiam não as prolongar.

Além disso, afirmou, para prolongamento das moratórias havia casos em que os clientes passavam de estar abrangidos pelas moratórias privadas (da Associação Portuguesa de Bancos) para as moratórias públicas, que envolvem mais carga burocrática, pelo que houve clientes que, face a terem rendimentos garantidos, optaram por não as prolongar.

Nas empresas, disse José de Brito, houve muitas que preferiram não prolongar as moratórias, mas a maior parte do valor de redução "é influenciado por uma grande operação de um grande cliente que não quis a prorrogação da sua moratória".

A CGD indicou ainda que as moratórias abrangem 9,6% da carteira de crédito a particulares, 21,2% da carteira de crédito a empresas e 13% da carteira de crédito total.

As moratórias de crédito (que suspendem pagamentos de capital e/ou juros) dizem respeito tanto às públicas (abrangidas pela lei do Governo) como às privadas (da Associação Portuguesa de Bancos) e foram criadas em março como uma ajuda a famílias e empresas penalizadas pela crise económica desencadeada pela pandemia de covid-19.

Quanto aos outros bancos que já apresentaram resultados, o BCP indicou que tem 125 mil créditos com moratórias (num valor total de quase 9.000 mil milhões de euros) e o BPI tem 108,6 mil contratos de crédito com moratórias (no total de 6.127 milhões de euros).

Já o Santander Totta divulgou que tinha, no final de Setembro, 88 mil clientes com créditos com moratórias, num valor de crédito superior a 9.000 milhões de euros.

Contudo, enquanto os outros bancos indicam o número de créditos com moratórias, o Santander Totta divulgou o número de clientes com moratórias, dados que são diferentes uma vez que um cliente pode ter mais do que um crédito com moratória (por exemplo, um crédito à habitação e um crédito para compra de carro).

Já os valores totais de crédito com moratórias são comparáveis entre bancos.

No final de Julho, o presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, justificou o menor número de moratórias do banco público com ter proporcionalmente menos crédito ao consumo e também por ter uma base de clientes com rendimentos mais estáveis (como pensionistas e funcionários públicos).

O Banco de Portugal divulgou que, no final de Setembro, havia 751.725 contratos de crédito com moratórias.

LUSA/DI