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Quem contacta está comprador e interessado em concretizar negócio com celeridade

10 de julho de 2020

Para Manuel Neto, CEO da LANE – Exclusive Real Estate, a actual realidade é caracterizada por grandes inseguranças, contudo nem o período inicial foi um milagre nem o actual é um desastre.

O responsável admite que apesar das consequências que se prevêem dramáticas para a economia a nível nacional e mundial, a perspectiva de que se trata de uma crise de alguma forma limitada no tempo, dependente de uma vacina que nos traga um novo normal, atenua a forma como devemos encarar o futuro.

Como se encontra o mercado imobiliário de luxo em Portugal a ultrapassar esta crise mundial?

No mínimo com muita expectativa dado que a actual realidade é caracterizada por grandes inseguranças. Não sabemos por quanto tempo a situação se vai arrastar e as consequências efectivas para a nossa economia. Também não está claro qual vai ser o desempenho real do país nesta crise, e já vimos que não há certezas, e que os sucessos obtidos até agora são extremamente frágeis e difíceis de controlar e estabilizar.

Durante o período de crise temos vindo a verificar diferentes dinâmicas no mercado Imobiliário de luxo. Inicialmente registamos uma forte queda de leads e a suspensão de negócios que estavam em curso, mas de seguida alguns desses negócios foram fechados, outros renegociados, e de momento, apesar do número de leads continuar muito abaixo do normal, verificamos que quem nos contacta está comprador e interessado em concretizar o negócio com alguma celeridade.

A Lane tem mantido o mesmo desempenho? Como estão os preços?

Tivemos naturalmente de nos adaptar, ao teletrabalho, a uma maior utilização de todos os meios digitais, organizar procedimentos para cumprir todas as regras de segurança necessárias e aconselháveis. Simultaneamente continuamos a fazer o nosso trabalho regular e a observar o mercado e interpretando a dinâmica dos preços, aliás como habitualmente o fazemos.

Com o choque inicial pensou-se que ía haver uma significativa quebra de preços, mas rapidamente ficou claro que havia alguma estabilidade no mercado. Esta crise não é comparável com anteriores, o mercado está mais estável e pode aguentar algum tempo sem uma necessidade efectiva de venda pelo que os preços para já se vão manter.

Também já se tinham verificado no final do ano passado, e no início deste ano, algumas correções de preço de imóveis que estavam desadequados dos valores reais de mercado, e se necessário possíveis ajustes irão sempre ocorrer durante no processo de negociação dos imóveis.

Quem compra?

Notámos uma subida do mercado nacional, mas neste período os nossos clientes foram maioritariamente Ingleses, mas de uma maneira geral, e acompanhando a tendência dos últimos tempos, estamos a acompanhar clientes de diversas nacionalidades.

Que zonas são as mais procuradas neste momento?

Não verificámos grandes alterações nas zonas procuradas, até porque o mercado de imóveis de luxo está maioritariamente nas suas zonas prime que continuam com procura. Tem sido mais decisivo o tipo de imóvel do que a zona em concreto.

As mentalidades e exigências na compra de uma casa têm mudado comesta pandemia?

No mercado nacional notámos uma maior procura por moradias, preferencialmente com boas áreas de terreno e alguma flexibilidade nas localizações de forma a adaptar ao valor disponível. De uma maneira geral a procura por generosos espaços exteriores aumentou e Penthouses, ou apartamentos com bons terraços têm tido mais procura. Outro dos interesses é relativamente à reorganização do espaço interior com a integração de um espaço para trabalhar em casa ou de quartos adicionais para escritório.

A imagem que Portugal tem passado lá fora pode ser um bom indicador ou estes últimos números de subidas de casos podem influenciar o destino português?

Os primeiros resultados ajudaram bastante a manter a boa imagem que o país já tinha junto dos potenciais clientes. De momento está a influenciar negativamente, mas não podemos analisar toda esta situação à luz de resultados de curtos espaços de tempo. Nem o período inicial foi um milagre nem o actual é um desastre. O que pode ser determinante e influencia o nosso negócio é se, e quando, são restabelecidos os voos, principalmente e para já com os países europeus e o reino unido. É importante que isso aconteça com muita responsabilidade e em condições de segurança, porque são essas as premissas que vão dar confiança a que o destino português seja considerado fiável e seguro.

Como vê o futuro do mercado imobiliário em Portugal e no Mundo?

Apesar das consequências que se prevêem dramáticas para a economia a nível nacional e mundial, a perspectiva de que se trata de uma crise de alguma forma limitada no tempo, dependente de uma vacina que nos traga um novo normal, atenua a forma como devemos encarar o futuro.

O sector do imobiliário não será certamente dos mais directamente afectados pelo que penso que terá uma rápida recuperação e estabilização.