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Portugal vai continuar a ser uma das referências mundiais no turismo

13 de janeiro de 2020

A empresa inglesa Hostmaker chegou a Portugal em 2018 e já recebeu mais de 45 milhões de euros de investimento. David Costa, Senior Business Manager da Hostmaker em Portugal, acredita no potencial do nosso país e a regulamentação do Alojamento Local (AL) pode ser um incentivo à profissionalização dos serviços.

A Hostmaker criada em 2014 foi a primeira empresa de serviço completo de gestão de alojamento local criada com capital de risco, oferecendo aos proprietários uma gestão de qualidade hoteleira. Após uma ronda de investimento de 15 milhões de dólares, a startup inaugurou na capital portuguesa um escritório com 15 colaboradores em 2018. Actualmente tem 40 pessoas para gerir as operações diárias.

Como analisa o mercado do Alojamento Local (AL) actual? De que forma a nova lei tem repercussões nesta actividade?

Acreditamos que o sector do Alojamento Local tem vindo a estabilizar, porém é incrível ver o quanto já cresceu desde que abrimos actividade em Portugal. Esta evolução demonstra que o Alojamento Local é um sector que apareceu por necessidade, sendo um importante complemento à indústria hoteleira. São dois sectores complementares que ainda têm margem para crescer e em que a regulamentação pode ser bastante positiva.

Na nossa perspectiva, a regulamentação pode ser um incentivo à profissionalização dos serviços, que é uma das mais-valias da nossa oferta. Para além disso, consideramos que a nova Lei do Alojamento Local não limita o crescimento das empresas deste sector – motiva-nos a olhar noutras direcções, a descobrir outras oportunidades de negócio e a trabalhar para desenvolver o Turismo noutras zonas da cidade, menos desenvolvidas a nível de turismo.

O que distingue a Hostmaker?

A Hostmaker é uma empresa de gestão de alojamento local que permite aos proprietários prestarem aos hóspedes um serviço com qualidade de hotel. Somos uma empresa global com operações em 9 cidades em todo o mundo (vamos estar em 11 nos próximos meses) que oferece aos proprietários de casas para alugar um serviço completo de gestão, que inclui limpeza, check-in e manutenção mas vai para além disso: a Hostmaker define também estratégias de fixação de preços, trabalha no design de interiores das habitações e oferece um serviço personalizado aos hóspedes. Desde que chegámos a Lisboa, há dois anos, conseguimos aumentar a receita dos nossos proprietários em até 30%, realizámos mais de 100 projectos de design de interiores para casas e contratámos mais de 40 pessoas para gerir as operações diárias das nossas propriedades. Recebemos com sucesso mais de 45 milhões de euros de investimento que direccionámos para a tecnologia. Tentamos desenvolver todas as nossas aplicações e ferramentas internas, conforme as necessidades diárias. Os nossos proprietários têm uma plataforma criada pela Hostmaker para controlar as suas propriedades em tempo real e ainda a nossa equipa de preços criou um algoritmo próprio que nos ajuda a maximizar os rendimentos do proprietário. No final do dia, estamos a utilizar cada vez mais a tecnologia para reforçar as nossas operações e garantir a qualidade do nosso serviço, o que nos permite ser (ou em breve ser) o líder de mercado em todos os países em que estamos presentes.

Que requisitos uma propriedade deverá ter para garantir a qualidade para os inquilinos?

Dizemos sempre aos nossos anfitriões que as suas propriedades devem ser as casas que eles gostariam de encontrar quando viajam. Esta estratégia ajuda a perceber a importância de ter as propriedades com um padrão de qualidade elevado. Factores como o design, comodidades e acabamentos são essenciais para que uma propriedade tenha sucesso. Se tudo isto se cumprir, poderemos executar o nosso trabalho da melhor maneira possível e garantir que a propriedade é competitiva e apelativa em termos de arrendamento e avaliações, mas também em termos de estadia e preço.

O que é necessário assegurar numa casa para que o negócio de AL seja rentável?

Se nos tivessem feito a pergunta há uns anos, a localização seria a nossa resposta imediata. Actualmente o mercado mudou e a localização deixou de ser foco. O design, as comodidades ou a proximidade aos transportes públicos tornaram-se factores chave para o sucesso de um imóvel. Se antigamente os turistas preferiam zonas centrais, hoje em dia querem cada vez mais experimentar o estilo de vida local, muitas vezes mais longe do centro mas com a melhor qualidade possível.

Quais as maiores dificuldades desta actividade?

É difícil não mencionar a política como a principal dificuldade do sector do AL em Portugal. Entendemos a necessidade da regulamentação e os desafios que as cidades enfrentam para conseguirem uma gestão sustentável do Turismo e consideramos salutar que exista um equilíbrio entre habitantes e visitantes, contudo sabemos que existem muitas famílias que dependem deste negócio sendo crucial não só avaliar a eficácia dessas medidas como o impacto das mesmas na economia do país. Enquanto empresa, tentamos adaptar o nosso modelo de negócio às exigências legais de cada mercado onde operamos.

Como vê o futuro do AL?

O AL cresceu exponencialmente nos últimos anos e como tal, acreditamos que se seguirá um normal período de estabilização. 

Como um dos principais actores no ecossistema de Alojamento Local em Portugal, expressamos também a nossa vontade de deixar o nosso contributo para o desenvolvimento deste sector ajudando a profissionalizar o serviço dos Alojamentos Locais, garantir a sustentabilidade do turismo e fomentar as economias locais através do Alojamento Local.

Quais as principais preocupações com o desempenho do turismo no país?

Acreditamos que Portugal vai continuar a ser uma das referências mundiais em termos de turismo. O crescente número de turistas reflecte exactamente essa preferência, Portugal integra a rota de países a “não perder” ao nível do turismo o que é francamente positivo para o desenvolvimento económico do país.