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O mercado não se coaduna com empresas sem rosto

20 de junho de 2016

Actualmente a dinamização da reabilitação urbana e do imobiliário arrasta as empresas de construção, remodelação e engenharia, sobretudo as pequenas e de média dimensão. A MAP Engenharia, é o exemplo de que a aposta feita em 2013, resultou num sucesso. Dirigida para a requalificação e reabilitação de antigos edifícios, principalmente no centro das cidades, a jovem empresa quadruplicou o volume de negócios em 2015 face ao ano de 2014 e tem perspectivas de continuar a crescer triplicando o volume de negócios em 2016, com resultados na ordem dos 10 milhões de euros.

José Rui Meneses e Castro, Partner at MAP Engenharia é um dos rostos desta empresa que pretende ainda explorar o mercado internacional. Em entrevista ao Diário Imobiliário revela que cada vez mais o sucesso das empresas de construção e engenharia passa pela relação de proximidade e confiança entre os promotores e construtores. É o momento das pequenas e médias empresas se afirmarem e conquistarem mercado.

 A reabilitação urbana tem sido o motor para a sobrevivência de algumas empresas de construção e engenharia?

A reabilitação urbana tem sido importante no sector da Construção. Efetivamente tem sido a sobrevivência de algumas empresas, mas também poderá ser um problema para outras. Não são todas as empresas que têm capacidade para o fazer, mas assistimos a uma diversidade enorme de empresas a actuar nesta área. É fácil existirem imponderáveis nesta área e quem não tiver capacidade de orçamentar e planear com rigor, não cedendo a tentações de budgets e prazos irrealistas, terá dificuldades no futuro, uma vez que estará a agravar problemas que possa já trazer do passado ou não chega sequer a implementar-se no mercado. No entanto, não há dúvida que a reabilitação urbana, realizada de forma profissional é muito importante e dinamizadora do sector da construção e imobiliário.

É o momento das pequenas e médias empresas?

É o momento das empresas que dão confiança e que cumprem. O mercado actualmente não se coaduna com empresas sem rosto; não se estão a construir auto-estradas nem aeroportos ou hospitais. Os clientes actuais estão muito próximos do dia a dia do projeto, estão a investir o seu dinheiro e estão muito preocupados em garantir o sucesso comercial do mesmo. Assim, as empresas de construção, como entidades executantes do projeto têm de estar muito próximas do cliente, têm de ser ágeis a decidir e a implementar, têm de estar permanentemente disponíveis. E isto não se consegue com grandes estruturas, consegue-se sim com uma estrutura de grandes profissionais, todos com a mesma cultura de empresa. Na MAP Engenharia, somos muito exigentes connosco, com os nossos fornecedores e também com os nossos clientes. Com isto estamos a ajudá-los, pois nunca criamos falsas expectativas. A base de tudo isto é o cumprimentos de todas as nossas obrigações. Resumidamente, penso que uma pequena e média empresa tem mais facilidade em implementar estas práticas do que uma grande empresa com estruturas desajustadas a este modo de funcionamento e ao mercado atual. Mas sendo pequena ou média é fundamental pensar grande, isso é o mais importante, porque vamos sempre querer ser melhores.

Que tipo de projetos estão mais ativos? Residencial, escritórios, hotelaria?

A nível de reabilitação, os projectos mais ativos são o Residencial e Hotelaria. Relativamente a escritórios parece-me que há escassez de oferta e necessidade de criar stock, uma vez que estas zonas mais históricas e "trendy" estão com uma elevada procura, não só para o "lifestyle" mas também para o dia a dia, seja a residir ou a trabalhar. Fora da reabilitação, sentimos que o Retalho está com actividade, uma vez que voltamos a ver insígnias a expandirem e verificamos o aparecimento de novos conceitos.

A reabilitação está mais restrita a Lisboa ou têm procura em outras zonas do país?

A reabilitação está principalmente restrita a Lisboa e Porto, com Lisboa num estado mais avançado de projetos em execução e o Porto ainda a ganhar escala. Penso que ainda este ano iniciaremos a construção de um projeto de reabilitação na cidade do Porto. Realizámos duas obras no Porto no ano passado e queremos voltar.

Quantas obras tem em curso neste momento e que tipos de projectos? E quantas a MAP já realizou desde a sua criação?

Actualmente temos 10 obras em curso e uma carteira muito diversificada. Estamos a construir projectos na área residencial, quer em reabilitação quer em construção nova. Temos dois grandes edifícios de escritórios em construção, cada um com 10.000 m2; estamos a realizar um projecto hoteleiro na baixa de Lisboa; bem como a expansão de algumas cadeias na área de retalho; uma clínica; e, ainda, a construir um projecto industrial no interior do país. Temos uma equipa muito experiente e multidisciplinar, com equipas de produção especializadas em cada área.

Desde a sua criação a MAP Engenharia já realizou cerca de 50 obras. É muito gratificante termos clientes que nos voltam a contratar para novas obras, após terem ficado muito satisfeitos com as anteriores.

Consideramos que temos uma imagem e uma actuação de muita competência e qualidade no mercado, o que é uma garantia muito importante para os nossos clientes que utilizam a MAP como uma ferramenta de comercialização dos seus projetos e de valorização dos mesmos.

Que mercados internacionais querem conquistar?

Considerando que temos no nosso ADN o assumir de compromissos, a competência e a qualidade, estamos focados em conquistar mercados onde estes factores sejam valorizados.

Por questões de agilidade, todos os mercados de proximidade que reúnam estes requisitos são apetecíveis, nomeadamente o europeu. No entanto, no continente americano e no oriente poderão surgir algumas oportunidades interessantes. Estamos a elaborar um plano estratégico de internacionalização, pelo que, nesta fase, ainda não podemos revelar em concreto os países.

O que é necessário ainda mudar para dinamizar a construção e reabilitação?

O nosso país reúne uma série de qualidades difíceis de encontrar numa só região, em qualquer parte do mundo. Temos um clima agradável, temos história, natureza diversificada, bons profissionais, boa gastronomia, somos acolhedores e principalmente temos Segurança. Ou seja, os fundamentos para quem pretende investir estão cá, agora é preciso viabilizar esta vontade de investir. Temos de reduzir drasticamente o risco da incerteza. Os licenciamentos têm de ser mais céleres, a legislação e a fiscalidade têm de ser estáveis e os benefícios fiscais e incentivos têm de ser aplicáveis.