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Intermarché de Tondela irá produzir a sua própria energia

18 de setembro de 2018

Manuel Azevedo, Co-fundador da Energia Simples, revela como desenvolveram um projecto inovador com o Intermarché de Tondela, o qual irá produzir a sua própria energia, com recurso a painéis fotovoltaicos de 86 kWp em regime de autoconsumo, produzindo mais de 123 MWh, por ano, em energia verde.

Esta mudança irá possibilitar-lhe diminuir a sua pegada ecológica, bem como as emissões de CO2, emitidas, anteriormente, pelo seu consumo eléctrico. O responsável, em entrevista ao Diário Imobiliário, explica este projecto e os que estão em desenvolvimento na empresa.

Como surgiu este projecto para o Intermarché de Tondela?

O projecto para o Intermarché de Tondela parte do esforço efectuado pela Energia Simples em crescer em novas direcções, incluindo os clientes como parceiros num projeto de futuro. Neste sentido, o Intermarché é um dos parceiros que a Energia Simples ambiciona como parceiro ideal para a instalação e dimensionamento de soluções de médio-longo prazo que permitem um impacto económico e ambiental muito positivo.

Qual a inovação introduzida?

Desta forma, o Intermarché de Tondela irá produzir a sua própria energia, com recurso a painéis fotovoltaicos de 86 kWp em regime de auto-consumo, produzindo assim mais de 123 MWh, por ano, em energia verde. Esta parceria é estabelecida em regime de PPA (Power Purchase Agreement) sem investimento inicial por parte do cliente. Consequentemente, esta mudança irá possibilitar-lhe diminuir a sua pegada ecológica, bem como as emissões de CO2, emitidas, anteriormente, pelo seu consumo eléctrico.

A Energia Simples tem previstos mais projectos desta natureza em Portugal?

Sim, desde 2015 a Energia Simples tem vindo a desenvolver, com abordagens flexíveis e holísticas, parcerias ao longo de vários sectores da indústria portuguesa e internacional instalada no nosso país. A Energia Simples tem verificado um crescimento sustentado do número de instalações, em regime de auto-consumo, com diferentes modelos de negócio. Em 2018 estabeleceu uma parceria que permite libertar um financiamento superior a 30 milhões de euros.

Numa altura em que se pede sustentabilidade nos projectos como se posiciona a Energia Simples nesta matéria?

Ao longo de 2017, a Energia Simples investiu, fortemente, na produção de energia de fontes renováveis como a eólica, a mini-hídrica e o fotovoltaico, tendo por isso, instalado mais de onze centrais solares de pequena dimensão distribuídos por todo o País, num claro compromisso para com o futuro desta tecnologia. Investiu também em tornar todos os seus Planos de Electricidade, para particulares, de origem 100% renovável, sem que isso aumentasse qualquer custo para o Cliente.

Esta aposta vem demonstrar a visão estratégica e ambiciosa da Energia Simples para a diversificação das fontes energéticas sustentáveis, bem como impulsionar a competitividade das energias renováveis e do mercado liberalizado. Exemplo disso, é o facto da Energia Simples ir assegurar, durante dois anos de operação, o primeiro parque solar no mercado livre, em regime liberalizado em Portugal, um marco importante na evolução do mercado nacional de electricidade.

Somos também pioneiros na aquisição de energia renovável do primeiro parque eólico em Portugal que irá passar do regime bonificado para o regime de mercado, dispondo já de uma base alargada de fornecimento de energia renovável, com um mix diversificado. No total, a energia renovável comprada pela Energia Simples é a suficiente para abastecer 30,000 casas, dispondo a empresa de um leque de produção energético de fontes renováveis bastante diversificado.

 

5 - Portugal está preparado para a energia renovável?

Portugal é um dos países melhor posicionado para a produção de energias renováveis, quer na fase de implementação tecnológica quer pelos recursos naturais e posição geoestratégica que lhe garante uma vantagem muito acima da média. Desta forma, e graças à conjuntura legal e política, em matéria de energias renováveis ao longo das últimas décadas, Portugal encontra-se muito bem posicionado nessa frente.

Desta forma consideramos que é só natural que as empresas têm em Portugal uma oportunidade excelente para desenvolver a produção de energia renovável nos próximos anos, especialmente no que toca à transição para o regime de mercado livre. Em 2018 a produção de fontes renováveis em Portugal representeou até ao momento 57%, isto deverá configurar um conjunto de externalidades positivas para todos, incluindo independência energética do nosso país e para as empresas em Portugal.

Em que consiste o projecto pioneiro inteGRIDy, em Portugal?

A Energia Simples faz parte do projecto pioneiro inteGRIDy, em Portugal. Este projecto vai permitir uma maior eficiência na utilização energética, integrando as mais recentes tecnologias. A empresa tem vindo a acompanhar as iniciativas desenvolvidas pelas União Europeia, no sector, encontrando-se assim na liderança de projectos de transformação de gestão de energia.

O projecto europeu inteGRIDy é uma acção de inovação com um período de 4 anos, composto por dez projectos piloto, em oito países Europeus e conta com diversos parceiros industriais, académicos e entidades com altas capacidades de inovação relacionadas com os objectivos deste em cenários científicos, tecnológicos e industriais. Os seus objectivos são claros, a descarbonização da rede eléctrica, com a promoção da integração de grandes quantidades de geração de energia renovável distribuída, bem como implementação de resposta à procura, incorporando o armazenamento de energia, a gestão de veículos eléctricos e tecnologias de redes eléctricas inteligentes (Smart Grid).

Este projecto, no qual a Energia Simples participa, visa implementar, na Câmara Municipal de Lisboa, sistemas de previsão de energia produzida por uma central fotovoltaica, de modo a gerar mais electricidade, ao mesmo tempo, que reduz a carga da rede. Desta forma, o seu principal objectivo é reduzir o consumo de energia eléctrica do edifício da Câmara Municipal de Lisboa, de forma a responder às principais necessidades energéticas.

 Como analisa o futuro da Energia Simples no nosso país?

Relativamente a 2018, esperamos ter um crescimento tão bom como foi em 2017. De referir que, no ano de 2016, a nossa facturação tinha sido de apenas de 41 milhões de euros e representávamos apenas cerca de 1,5% do total do mercado liberalizado. Actualmente, evoluímos bastante no nosso volume de negócios e esperamos evoluir ainda mais e atingir, este ano, um valor próximo dos 240 milhões de euros.

A Energia Simples é uma empresa que tem alargado a sua área de negócio quer à comercialização de electricidade bem como de gás natural, bem como nos modelos de produção de energias renováveis. A produção de energia renovável é uma peça fundamental na nossa visão mas também na estratégia do negócio, onde a sustentabilidade é partilhada com independência de flutuações de mercado.