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É necessária mais oferta, mais acessibilidade, mais apoio ao mercado imobiliário

3 de agosto de 2020

A Nexity – empresa de promoção imobiliária de origem francesa cotada na bolsa de Paris, tem neste momento quatro projectos imobiliários em desenvolvimento, num investimento de 105 milhões de euros e em pipeline mais 120 milhões de euros. Fernando Vasco Costa, Diretor Geral da Nexity Portugal, em entrevista ao Diário Imobiliário, revela que os seus projectos são dirigidos à classe média portuguesa, perto do centro das cidades.

Sobre o futuro do mercado imobiliário português depois do Covid-19, admite que é necessária mais oferta, mais acessibilidade, mais apoio ao mercado imobiliário, mas essencialmente mais resposta para as necessidades das famílias portuguesas.

Qual o investimento já realizado em Portugal e quantos projectos já estão em desenvolvimento neste momento em Portugal?

Temos actualmente quatro  projetos em desenvolvimento que representam um investimento de 105 milhões de euros: três projetos residenciais, um no Dafundo – Oeiras (24 milhões de Euros) e dois em Leça da Palmeira (24 e 20 milhões de Euros) e um de apartamentos turísticos em Vilamoura (37 milhões de Euros).

Quais os que estão previstos para arrancar e quanto ainda pretendem investir no nosso país?

Neste momento estão previstos arrancar os quatro projetos que mencionei anteriormente.

Para além destes projetos iniciais, a Nexity tem outros projectos em desenvolvimento em Lisboa e Porto destinados ao mercado residencial e de Residências Sénior, que representam um pipeline de investimento de mais 120 milhões de euros.

Porquê investir em Portugal? Quais as potencialidades do nosso país?

A entrada da Nexity em Portugal surge como resposta a um mercado residencial com uma oferta limitada e com preços muito elevados para a classe média nacional.

Dessa forma, estamos focados em desenvolver produtos adequados às necessidades do mercado e, sobretudo, das famílias portuguesas.

Quais as maiores dificuldades que sente no desenvolvimento dos projectos em Portugal?

Estamos ainda no início do desenvolvimento de projectos em Portugal, pelo que é precoce tirar conclusões muito assertivas. Somos um promotor que constrói para os portugueses que precisam de uma casa o mais perto possível do centro das cidades. O nosso desafio é oferecer ao mercado (nacional) a resposta que temos vindo a dar noutros países, como por exemplo, França, Polónia, Bélgica ou Itália.

Quando planeámos a entrada no mercado português, antecipámos as dificuldades que poderíamos vir a ter. A burocracia foi uma dessas dificuldades, especialmente o facto de algumas câmaras municipais não terem a capacidade de resposta desejada no que diz respeito ao seguimento dos inúmeros pedidos que recebem diariamente. No entanto, a experiência que estamos a ter com a Câmara de Matosinhos, por exemplo, é extremamente positiva.

Como analisa esta crise provocada pela pandemia? de que forma a Nexity tem superado?

A crise veio reforçar ainda mais a nossa relevância no mercado. A Nexity, para além de vir preencher uma lacuna no mercado nacional, veio sobretudo dar resposta às necessidades de uma camada específica da população portuguesa: uma classe média/ média-alta que procura habitação acessível e com qualidade, próxima dos centros das cidades. Com a pandemia, essa necessidade não desapareceu, pelo contrário, tem tendência a crescer. Dessa forma, o papel da Nexity continua a ser essencial e urgente em Portugal.

Como superamos a crise? Somos um grupo forte, coeso e com grande experiência neste sector, pelo que nos sentimo preparados para responder a adversidades que possam emergir das crises. Temos à nossa disposição toda uma expertise operacional de uma empresa tremendamente competitiva e muito experiente na área, o que tem sido chave para superarmos dedsafios que existiram no passado e para superarmos, agora, eventuais dificuldades provocadas pela crise, devido à pandemia que atravessamos mundialmente.

O que espera depois do Covid-19? como o mercado imobiliário deve reagir?

Os dados (INE) revelam que no 1º trimestre de 2020, o Índice de Preços da Habitação cresceu 10,3% em termos homólogos, mais 1,4 pontos percentuais que no trimestre anterior, enquanto o Índice de Produção na Construção diminuiu 8,8% em maio deste ano.

Felizmente para a Nexity, os projectos que temos em curso continuam a evoluir e, como referi anteriormente, neste contexto, a nossa oferta torna-se ainda mais relevante, pela possibilidade de oferecermos uma habitação mais acessível para os portugueses que viram a chegada da pandemia agravar a sua própria situação económica e, ainda mais, a situação do mercado.

É fundamental que o mercado tenha capacidade de adaptação. É necessária mais oferta, mais acessibilidade, mais apoio ao mercado imobiliário, mas essencialmente mais resposta para as necessidades das famílias portuguesas.

Quais as principais preocupações que sente no futuro do mercado imobiliário português?

O mercado imobiliário nacional está hoje muito mais forte e preparado, com promotores internacionais com bastante capacidade e com estruturas muito mais profissionais do que há uns anos atrás. Por outro lado, somos também hoje um mercado que já se afirmou internacionalmente como um excelente lugar para viver, trabalhar e visitar. Penso que estas são tendências que irão perdurar por bastantes anos.

A minha principal preocupação tem que ver com a falta de capacidade de planeamento das entidades locais e centrais para aproveitar toda esta notoriedade e intenção de investimento no nosso país, para a criação de cidades mais sustentáveis, justas e ricas, com melhores condições de vida para os portugueses e para quem nos visita.

É um grande desafio que temos pela frente e a Nexity está empenhada em poder colaborar e participar.