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Arquitectura tem de se afirmar na sua vertente cultural

14 de junho de 2016

No próximo dia 29 de Junho assiste-se à inauguração do MAAT – Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, junto ao rio Tejo, na cidade de Lisboa. Fica junto ao Museu da electricidade e trata-se também de um projecto da Fundação EDP.

O projecto é da autoria da arquiteta britânica Amanda Levete e o arquitecto Pedro Gadanho é o director do futuro Museu. Gadanho exerceu durante os últimos anos o cargo de curador de arquitectura contemporânea do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque.

O edifício terá quase três mil metros quadrados para exposições e eventos. Contará ainda com um restaurante com vista para a Ponte 25 de Abril, e será possível andar por cima do edifício. A escadaria exterior descerá até ao Tejo, criando um grande espaço público.

Uma obra que antes de abrir já está a suscitar a curiosidade e interesse de todos os portugueses e não só. O projecto arquitectónico é arrojado e o desenho muito futurista. A maioria rende-se à imponência e espectacularidade do novo Museu mas existem algumas vozes que discordam e tecem críticas ao posicionamento da obra na cidade.

O Diário Imobiliário entrevistou Pedro Gadanho, o director do MAAT – Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, que considera o local óptimo, permitindo o desfrute do Tejo.

Como vê a inauguração deste museu em Lisboa? tem sido o esperado?

Penso que o interesse gerado quer a nível nacional, quer internacional, está a superar todas as minhas expectativas.

Existe uma corrente que admira a obra arquitectónica mas existe também outra que condena o local, qual a sua opinião?

Porque se havia de condenar o local? O local é óptimo, vai permitir um espantoso usufruto do rio, e mais vale que a intervenção seja feita com arquitectura que convida ao espanto e ao usufruto, do que com edifícios de má qualidade. Numa area de lazer como esta são necessários equipamentos urbanos e mais vale que estes sejam qualificados.

De que forma este museu vai pensar a arquitectura?

A arquitectura, como o desenvolvimento urbano ou os impactos da tecnologia nas nossas vidas, vão fornecer o contexto de trabalho e o critério para se mostrar arte contemporânea que apresenta reflexões críticas sobre a contemporaneidade. Mas as ideias dos arquitectos também vão surgir a ombrear com essas propostas artísticas como sendo capazes de oferecer uma outra visão da realidade, e não apenas uma estreita resposta funcional a problemas muito estreitos.

O que pensa implementar de novo e inovador neste projecto? Que actividades e exposições estão previstas?

Penso que a anterior resposta explica exactamente o que será inovador neste museu: a perspectiva crítica, mais que a mera contemplação estética; a exploração do momento presente e a antecipação do futuro, mais que uma postura estritamente relacionada com os ditames da história da arte.

A arquitectura é um tema cada vez mais teórico?

Não necessariamente. No entanto, ao mesmo tempo que, em grande parte, cada vez se torna mais num mero serviço técnico, mais tem de se afirmar a sua vertente cultural e a sua capacidade para afirmar um discurso crítico que representa um património futuro.