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Design

 

Os móveis que marcaram o Estado Novo

2 de março de 2015

Até ao dia 2 de Novembro pode visitar no MUDE - Museu do Design e da Moda, a exposição "O Respeito e a Disciplina que a todos se impõe. Mobiliário para Edifícios Públicos  em Portugal (1934-1974)".

Trata-se de uma mostra de mobiliário produzido por encomenda estatal, na maioria destinado a equipar edifícios públicos, durante o período de vigência do Estado Novo. Tendo o investigador universitário João Paulo Martins como curador, a exposição patenteia cerca de uma centena de peças que equiparam escolas, tribunais, repartições, hospitais e outros edifícios públicos.

A exposição apresentada no 2º piso do MUDE, contribui para o desenvolvimento da história do design em Portugal, dando a conhecer a produção realizada, e ainda quase totalmente desconhecida, durante o Estado Novo. Foram destacadas obras, móveis, autores e fabricantes, que contam os antecedentes e a emergência do design em Portugal e contribuem para a identificação de momentos de ruptura e para a valorização dos seus protagonistas permitindo a sua salvaguarda patrimonial. Quase sem excepções, esta é a primeira vez que entram num Museu. Uma parte destes exemplares encontrava-se ainda em uso, a maioria, porém, fora descartada. São apresentadas no estado de conservação em que foram encontradas, sem qualquer operação de restauro. As marcas de uso, as cicatrizes, os remédios improvisados, revelam materiais e processos de construção que de outro modo não seriam visíveis.

A exposição nasce do projecto de investigação "Móveis Modernos. 1940/1980", do Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, que teve o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a cooperação do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana.

Pretende-se também dar a conhecer a acção desenvolvida pela Comissão para Aquisição de Mobiliário (CAM), oficialmente criada no seio do Ministério das Obras Públicas e Comunicações em 1940, com o objectivo de concentrar as tarefas relacionadas com os "estudos e aquisições de mobiliário destinado a novos edifícios do Estado e outros que sejam objecto de obras de ampliação e transformações profundas” (Decreto-Lei n.º 30359, 6.Abr.1940).

A CAM esteve em funcionamento ao longo dos quarenta anos seguintes, contribuindo de um modo decisivo para modelar a paisagem interior de edifícios representativos do Estado, em escalas e valências diversas e em toda a extensão do território português metropolitano, estabelecendo padrões de funcionalidade e de orientação estética com uma carga ideológica evidente.

Comissariada pelo Arquitecto João Paulo Martins, com Design Expositivo dos Pedrita e Design Gráfico de Nuno Caniça, a exposição apresenta cerca de 100 peças de mobiliário e está organizada em quatro núcleos principais:

  1. A atracção internacionalista

  2. Um estado conservador e totalitário

  3. Com o movimento moderno

  4. Móveis-tipo