CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Design

 

 

Como é a casa de sonho dos portugueses?

13 de agosto de 2018

Uma casa é o maior investimento das famílias e deixou de representar apenas a satisfação de requisitos espaciais, “palpáveis”, para estar carregada de uma significação emotiva.

Os portugueses procuram uma casa que satisfaça as suas necessidades funcionais, mas acima de tudo que transmita os benefícios emocionais da habitação - que sejam verdadeiros lugares de felicidade. As características espaciais são fundamentais na escolha, no entanto, cada vez mais a casa é feita de um conjunto de pequenos “nadas”.

Estas são algumas das conclusões de Maria Ramalho Fontes, designer no Design Factory, área responsável pelo desenvolvimento de projetos de design, bem como do estudo de tendências e novos conceitos de habitar e que trabalha em conjunto com a RAR Imobiliá- ria. Segundo a responsável, a escolha da casa, o maior investimento das famílias, deixou de representar apenas a satisfação de requisitos espaciais, “palpáveis”, para estar carregada de uma significação emotiva, um conjunto de características que definem um modo de habitar único e especial.

“O estudo de tendências que desenvolvemos internamente permite-nos estudar a evolução sócio económica, política e cultural do nosso País, procurando que os nossos projetos imobiliários reflitam a antecipação dos gostos e necessidades dos nossos clientes”, explica.

De facto, o mais recente estudo revela que a localização, luz natural e orientação solar são as características mais valorizadas numa casa. No entanto, a preocupação da interação com a vizinhança, a existência de espaços amplos e presença de área verde são atributos a valorizar.

Na opinião de Maria Fontes, cada vez menos os portugueses ficam longe da sua casa de sonho. A responsável adianta que o papel do designer de interiores aproxima muito as pessoas da sua casa de sonho. “Otimizar espaços pequenos, criar lugares que expressam a identidade de quem os habita, devolver qualidade na habitabilidade de espaços degradados ou esquecidos, são alguns dos desafios que nos são colocados. Com o panorama atual do mercado imobiliário, esta aposta é ainda mais expressiva. Há uma consciência crescente da capacidade de transformação dos espaços, reforçada pela identificação de modos de viver alicerçados na cultura contemporânea”, explica.

A casa é cada vez mais um indicador da identidade de quem o habita e, por isso, o desejo de personalização é evidente. Quanto a preços para alcançar a casa de sonho, Maria Ramalho Fontes, admite que não estaria a ser consciente se dissesse que o dinheiro não é uma condicionante. “É, no entanto, a criatividade tem permitido olhar o design de uma perspetiva mais atenta e flexível, refletindo um exercício da nossa profissão mais crítico e curioso, procurando soluções que satisfaçam o cliente a todos os níveis”.

A designer avança que geralmente, as zonas mais esquecidas são as de utilização privada. No entanto, considera que esse paradigma está a mudar. Tem percebido que as pessoas valorizam cada vez mais a criação de vários ambientes no espaço do quarto e casa de banho, afastando-se da ideia de que o quarto é para dormir.

“Estaremos perante uma necessidade de momentos de recolhimento mais assumida, resultado do dia a dia agitado das famílias? Estaremos perante uma vontade de transformar o espaço íntimo em espaços de estar que apelam a experiências sensoriais?”, questiona.

Quanto aos espaços mais privilegiados, Maria Fontes admite sem dúvida, a sala e a cozinha. “É o espaço social por excelência. Hoje, olha-se para a cozinha como uma extensão da sala. É muito importante que tenha arrumação, espaço de circulação, área de bancada livre, entre outros, no entanto, o que mais se valoriza é a sua integração no espaço de estar e a dinâ- mica proporcionada para a criação de momentos de partilha”, explica.

A existência de um espaço exterior habitável tem ganho, também, cada vez mais força, marcando um desejo de trazer os espaços verdes para o interior da habitação.

AS TENDÊNCIAS E O QUE SE VALORIZA NUMA CASA

QUARTO: As pessoas voltam a reforçar a presença forte de luz natural e as características mais valorizadas são a existência de arrumação e especificamente um closet e a integração da casa de banho no quarto (suite). É referida também a atenção pela existência de várias zonas/ambientes dentro do espaço do quarto. Estaremos perante uma necessidade de recolhimento mais assumida, resultado do dia a dia agitado das famílias?

CASA DE BANHO: As pessoas voltam a reforçar a presença forte de luz natural e as características mais valorizadas são a existência de arrumação, a existência de base de chuveiro em detrimento da banheira e dois lavatórios. É notória também a vontade de criar maiores ligações com o quarto. Estaremos perante uma vontade de transformar o espaço íntimo em espaços mais habitados, espaços de estar?

COZINHA: As pessoas voltam a reforçar a presença forte de luz natural e as características mais valorizadas são a existência de arrumação, um espaço de refeição (a característica mais votada, além da luz natural), lavandaria e uma forte relação entre o espaço da cozinha e da sala; SALA: As pessoas voltam a reforçar a presença forte de luz natural e as características mais valorizadas são a orientação solar (sul em 1º lugar e depois poente), abertura para a cozinha (característica mais votada, além da luz natural). A varanda, criação de várias zonas/ambientes e a arrumação são características importantes a ter em conta;

TERRAÇO/VARANDA: No que diz respeito ao espaço exterior, é notória a importância de uma boa exposição solar (algumas referências adicionais à vista como factor preferencial), existência de espaços amplos, com integração de zona de estar e, se possível, com presença de área verde. Parece-nos que a integração do espaço exterior no habitar quotidiano está a ganhar muita força.

*Artigo publicado no Jornal Económico no caderno do Diário Imobiliário - Texto escrito com novo acordo ortográfico