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Arranha-Céus: Portugal tem medo das alturas...

19 de agosto de 2015

Em Portugal nunca houve muita tendência para a construção em altura. Talvez não tenhamos a população suficiente para que se justifique esse tipo de construção mas o certo é que os vários projectos que surgiram com construção acima dos 100 metros tornaram-se verdadeiros casos de polémica junto das populações.

Contudo, é o sonho de quase todo o arquitecto construir um arranha-céus. Um desejo que dificilmente consegue concretizar em Portugal. A década de 90 do século passado e a do início deste foram propícias para o surgimento deste fenómeno.

O Diário Imobiliário lembra alguns exemplos de projectos de construção em altura que nunca saíram do papel pela polémica instalada na opinião pública.

A Torre Compave do arquitecto catalão Ricardo Bofill

Uma delas começou logo depois do arquitecto catalão Ricardo Bofill ter projectado o Atrium Saldanha para o Grupo Fibeira, em 1998. Depois disso, o arquitecto recebeu outra encomenda do mesmo promotor para o gaveto que separa a avenida Fontes Pereira de Melo e a 5 de Outubro. Localizada em frente ao hotel Sheraton, o edifício na altura mais alto de Lisboa com 100 metros de altura, seria assim destronado pela Torre Compave de Bofill com 105 metros. Um edifício que seria constituído por um hotel e setenta apartamentos. A polémica instalou-se e nunca foi autorizado pela autarquia de Lisboa.

Entretanto, o Sheraton acabou por ser ultrapassado em Lisboa pelas Torres São Rafael e São Gabriel com 110 metros cada uma e pela Torre Vasco da Gama nos seus altos 142 metros, o edifício até hoje mais alto de Portugal.

O arquitecto catalão ainda teve outro projecto para o Parque das Nações, a Torre Azata com 23 andares e 90 metros de altura e que acabou por ter luz verde da autarquia em 2008 mas que também nunca viria a ser construída.

A Manhattan de Cacilhas

Ainda há quem se lembre e fale da Manhattan de Cacilhas dos arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José Viegas, do atelier Contemporânea. Um projecto pedido pelo Fundo Margueira Capital em 1999 e que se tratou de um ensaio de ocupação urbana para os 49 hectares de aterro onde esteve instalado o Estaleiro da Lisnave, na Margueira, grande complexo de reparação de navios. Um projecto que previa a construção de torres com 80 andares. O projecto seria chumbado pela autarquia de Almada e por José Sócrates, na altura Ministro do Ambiente, em 2001.

As três torres de Siza Vieira para Alcântara

Álvaro Siza Vieira projectou três torres com 105 metros de altura para o projecto Alcântara XXI do Grupo SIL. As torres foram canceladas e substituídas por um projecto de oito pisos do arquitecto Mário Sua Kay. Contudo, nem as torres de Siza nem a de Sua kay, nem o projecto Alcântara XXI saíram do papel. Tudo isto aconteceu em 2004.

A torre de 110 metros de Norman Foster na 24 de Julho

Outro arquitecto estrangeiro, desta vez Norman Foster, projectou para o terreno situado entre a Avenida D. Carlos I a Rua D. Luís e a Avenida 24 de Julho, um conjunto de edifícios, de quatro a seis andares, para escritórios e um hotel de 210 quartos, com espaço destinado ao lazer e ao comércio. O projecto integrava uma torre com 110 metros de altura para habitação. Tudo isto se passou em 2006. Mais uma vez seria um projecto para não ver a ‘luz do dia’.

Requalificação da Marina de Cascais mas sem a torre de 100 metros

O projecto de requalificação da Marina de Cascais foi apresentado em Julho de 2006 pelo arquitecto Pedro Appleton, do atelier Promontório, que liderava a equipa escolhida pela concessionária da marina, a MarCascais. Neste projecto vinha uma torre de 30 pisos com 100 metros de altura. A polémica instalou-se e a requalificação da marina aconteceu mas sem a torre.

Hotel na Torre Vasco da Gama o único construído

Seria em Junho de 2006, que a Câmara Municipal de Lisboa aprovou a construção de um hotel de 21 andares acoplado à estrutura da torre Vasco da Gama, da autoria da autoria do arquitecto Nuno Leónidas. Na verdade, o desafio arquitectónico deste hotel foi grande e coube ao arquitecto Nuno Leónidas a tarefa de o concretizar. Para este especialista neste tipo de projectos existiram essencialmente três grandes desafios: “A procura do equilíbrio volumétrico e simbólico com a Torre pré-existente, a tecnologia necessária para construir sobre o rio e as necessidades especiais de segurança, por se tratar de um edifício de grande altura”, adianta o arquitecto.

Os cinco mais altos de Portugal

Torre Vasco da Gama, Parque das Nações, Lisboa, 142 m

Torre Solmar, Solmar Avenida Center, Ponta Delgada, 137m

Torre de Monsanto, Miraflores, Oeiras, 120 m

Torre São Rafael, Lisboa, 110 m

Torre São Gabriel, Lisboa, 110 m

Os cinco mais altos do Mundo

Burj Khalifa, Dubai, Emirados Árabes Unidos, 828 m

Shanghai Tower, Shanghai, China, 632 m

Makkah Royal Clock Tower Hotel, Meca, na Arábia Saudita, 601 m

One World Trade Center, Nova Iorque, 541,3 m

Taipei 101, Taiwan, 509 m