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Porto: investigadores criam painéis fotovoltaicos como azulejos

11 de janeiro de 2018

Investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) desenvolveram uma tecnologia que incorpora imagens e logótipos em painéis fotovoltaicos, tornando estes equipamentos semelhantes a azulejos, de forma a incentivar a sua aplicação nas fachadas dos edifícios.

Geralmente, "as tecnologias fotovoltaicas são os principais candidatos à produção de energia próxima dos locais de consumo, em particular nas cidades", explicou à agência Lusa Luísa Andrade, docente e investigadora da FEUP, uma das responsáveis pelo projecto.

 

Os painéis solares e as limitações estéticas

Contudo, segundo indicou, as soluções disponíveis apresentam constrangimentos na integração nos edifícios, devido às limitações estéticas, em termos de transparência e cor, e à limitação na absorção de radiação difusa, o que restringe a sua aplicação apenas aos telhados.

Em consequência disso, ficam por explorar as fachadas, ou seja, aproximadamente 90% da área disponível nos actuais edifícios urbanos, notou.

O objectivo da tecnologia Portuguese Solar Tiles, referiu, passa por "ajudar o mercado da construção sustentável a resolver o problema da integração de painéis fotovoltaicos em ambientes urbanos, utilizando filme fino".

De acordo com a promotora do projecto, painéis fotovoltaicos com filme fino são esteticamente mais versáteis e mais eficientes na captação de radiação difusa (radiação que chega a uma superfície com um ângulo diferente de 90 graus) do que a tecnologia de silício, utilizada actualmente.

Além disso, esta tecnologia, que tem a durabilidade de 20 anos, disponibiliza várias cores e diferentes padrões, levando a que os painéis se assemelhem a azulejos.

 

Aliar a tradição à inovação tecnológica

A ideia "é aliar a tradição à inovação tecnológica e trazer para os ambientes urbanos a autenticidade de ser português, algo que é cada vez mais procurado", refere Luísa Andrade.

O desenvolvimento da tecnologia Portuguese Solar Tiles tem sido feito no Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia da FEUP, desde 2007, sob a liderança do professor Adélio Mendes.

Da equipa fazem ainda parte os investigadores Ramon Mendes, da FEUP, e Andreia Passos, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).

O Portuguese Solar Tiles foi distinguido com o primeiro lugar na edição na segunda edição de 2017 do Business Ignition Programme (BIP), um programa financiado pelo Norte 2020, Portugal 2020 e União Europeia, e organizado pela U.Porto Inovação, pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) e pelo INESC TEC.

"A participação no BIP foi muito importante porque fez-nos olhar para a solução tecnológica do ponto de vista da sua valorização económica", disse Luísa Andrade, contando que a vitória motiva a equipa a continuar a exploração económica da tecnologia, demonstrando "que existe mercado para os Portuguese Solar Tiles".

Segundo a fundadora, os próximos passos passam pela construção de uma fábrica piloto para validação do aumento de escala da tecnologia, tendo o BIP permitido “encontrar as pessoas e instituições que nos ajudarão a fazê-lo”.

Lusa/DI