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Ovar: 8 km de passadiços e pontes na Barrinha de Esmoriz

6 de agosto de 2017

A requalificação ambiental da reserva natural da Barrinha de Esmoriz está praticamente completa. Agora já centenas de visitantes circulam pelos oito quilómetros de passadiços e pontes, criados para facilitar a descoberta dessa zona marítima e respectiva avifauna.

O presidente da Câmara Municipal de Ovar afirma que a empreitada era "reivindicada pela população há mais de 20 anos" e que a sua conclusão definitiva depende apenas da dragagem para o mar das últimas areias antigas depositadas no fundo da lagoa. Uma operação que foi suspensa em Junho para não perturbar a época balnear. Em Setembro os trabalhos serão retomados.

 

Um investimento superior a 4 milhões de euros

 

Considerada uma zona nobre de Ovar em meados do século XX, a barrinha de Esmoriz - também apelidada de Lagoa de Paramos por confinar com essa freguesia do concelho de Espinho - tornou-se um problema nos anos 80, devido à poluição das linhas de água que desaguavam no local.

Essa contaminação devia-se a descargas industriais com origem nos concelhos de Ovar, Espinho e Santa Maria da Feira, que só a partir dos anos 90 começaram a criar as respectivas redes de saneamento.

Prometida por diversos governos, mas sucessivamente adiada devido a complicações relacionadas com o facto de a área integrar a Rede Natura 2000, a requalificação começou a concretizar-se apenas em 2016, mediante um investimento superior a quatro milhões de euros, por parte da sociedade Polis Litoral Ria de Aveiro.

A empreitada propriamente dita absorveu 2,7 milhões de euros que, comparticipados em 85% por fundos comunitários, viabilizaram o desassoreamento da lagoa, a reabilitação do seu dique fusível, a requalificação de margens e cordões dunares e a construção dos novos percursos de lazer.

 

Protecção de espécies ameaçadas

Quanto à paisagem à superfície, mostra-se agora recuperada e em crescimento, após a plantação de "centenas de novas árvores" no local. A Divisão de Ambiente da Câmara de Ovar realça, aliás, que os 398 hectares da barrinha de Esmoriz e Paramos constituem "a zona húmida mais importante do litoral norte português" e um "relevante local para a biodiversidade", por integrar três habitats naturais de conservação prioritária e ser local de reprodução e paragem de 162 espécies de aves de importância protegida.

Entre essas destaca-se o garçote (Ixobrychus minutus), a garça-vermelha (Ardea purpurea), a águia-sapeira (Circus aeruginosus), o pernilongo (Himantopus himantopus) e o pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica), a que se juntam ainda animais em situação vulnerável ou em perigo como a rã de focinho pontiagudo (Discoglossus galganoi), a enguia-europeia (Anguilla anguilla) e o morcego-rato-grande (Myotis myotis).

O Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta acrescenta ainda a essa lista a campanulácea (Jasione lusitânica), espécie vegetal endémica dos areais do litoral noroeste "significativamente ameaçada".

Lusa/DI