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Sé de Lisboa em obras reabilitação e valorização de mais de 4M€

21 de fevereiro de 2018

As obras de recuperação e valorização da Sé de Lisboa já se iniciaram, estando adjudicadas por um valor superior a quatro milhões de euros, e devem terminar no próximo ano, anunciou hoje a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).

A DGPC afirma em comunicado que "o projecto de recuperação e valorização" da Sé Patriarcal, que inclui a instalação de um núcleo arqueológico e a recuperação do claustro, se encontra "neste momento em fase de início de execução da empreitada".

"A obra foi adjudicada pelo Cabido da Sé Metropolitana de Lisboa, pelo valor de 4.106.231 euros, em 10 de Janeiro, com um prazo de 450 dias, sendo a sua fiscalização garantida pela DGPC", lê-se no mesmo comunicado, em que se afirma que este projecto "tem uma candidatura aprovada a Fundos Europeus 20/20".

O projecto de obras na Sé Patriarcal surge no âmbito de um protocolo assinado a 2 de Novembro pela DGPC, pelo Cabido da Sé Patriarcal e a Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito do qual, o Cabido "contratou a equipa projectista chefiada pelo arquitecto Adalberto Dias".

A DGPC aponta como principais objectivos deste projecto, "a consolidação estrutural, a musealização das ruínas arqueológicas existentes no jardim do claustro, e a conservação e restauro de todo o claustro inferior", incluindo as capelas existentes e o respectivo património.

A DGPC realça que o resultado das escavações arqueológicas, realizadas na década de 1990, superou as expectativas.

 

Várias cidades sobrepostas…

 

O monumento, localizado numa das actuais entradas do bairro de Alfama, encontra-se numa "área central das diferentes cidades que se implantaram na colina do Castelo, a cidade romana, a islâmica e a medieval".

"A presença de várias estruturas de carácter único, no cômputo geral dos conhecimentos actuais das cidades romana e islâmica, permitiram uma leitura do espaço, assim como do próprio monumento", afirma a DGPC, referindo que se preserva ainda naquele espaço o lajeado da rua romana, "Olisipo Felicitas Iulia", construída na primeira metade do século I da nossa Era.

Este lajeado visível tem uma extensão de 17,5 metros, "sendo também visível todo o sistema de infraestruturas e de lojas que a ladeavam, e de parte de uma casa".

Outro elemento único que destaca a DGPC é o edifício público islâmico que se estende a toda a largura do claustro e que preserva um compartimento com cobertura em abóbada e paredes rebocadas em bandas brancas e vermelhas, atingindo, nalguns casos, os três metros de altura.

A "Carta do Cruzado Osberno", documento de um dos militares que participou no cerco de Lisboa, em 1147, liderado pelo rei D. Afonso Henriques, localiza a mesquita muçulmana neste local, "podendo, eventualmente, este edifício fazer parte das [suas] dependências".

A DGPC, realçando o valor arqueológico da área, recorda que, "ao longo dos tempos, a ocupação do espaço foi condicionada pela topografia da colina, desenvolvendo-se a implantação dos edifícios em duas plataformas, com áreas de carácter público e privado".

Um estudo do espaço faz remontar à Idade do Ferro, nos século VII/VI antes de Cristo, as primeiras ocupações neste local, até à construção do claustro, entre os finais do século XIII e inícios do seguinte, o que permite "registar como se sobrepuseram as diferentes cidades e como se reutilizaram ou abandonaram estruturas e infraestruturas".

"A construção do claustro veio alterar toda a topografia do espaço", afirma a DGPC, que não tem dúvidas: "As ruínas arqueológicas postas a descoberto no claustro da Sé são um caso exemplar".

Lusa/DI