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Operação de Entrecampos vai “modelar” 25 hectares de Lisboa

16 de maio de 2018

É a maior operação urbanística de Lisboa desde a Expo de 1998 e vai transformar radicalmente 25 hectares da capital.

A operação que o executivo camarário deverá aprovar amanhã é muito mais do que a urbanização dos terrenos da antiga Feira Popular. Para além destes, está um extenso terreno no início da Avenida Álvaro Pais, delimitado pela linha do combóio; o terreno localizado no final da avenida Álvaro Pais a poente da Rua Francisco Lyon de Castro e os terrenos não edificados do loteamento de iniciativa camarária na Avenida das Forças Armadas, propriedade da Santa Casa da Misericórdia.

700 apartamentos de Renda Acessível e 279 fogos de Renda Livre

Segundo informou hoje Fernando Medina, presidente da autarquia, a Operação Integrada de Entrecampos (OIE) consubstancia “uma visão coerente e de conjunto sobre uma área superior a 25 hectares localizada em plena zona central da cidade de Lisboa”. A operação visa assegurar, através da articulação efectiva das várias funções e valências, o desenvolvimento coerente e sustentável de um território único pela sua centralidade polaridade de emprego , acessibilidade de transporte público e conectividade internacional” - afirma-se nas orientações estratégicas do OIE.

Falando aos jornalistas num périplo pelos vários locais que compõem esta mega empreitada, o autarca avançou que os terrenos de Entrecampos (camarários e da Santa Casa da Misericórdia) e a compra e reabilitação pela autarquia de vários prédios da Segurança Social nas adjacentes avenidas da República e dos EUA vão proporcionar a colocação no mercado de 700 apartamentos de Renda Acessível destinado à classe média, com rendas que deverão oscilar entre os 200 e os 500 euros, e que não ultrapassem 35% do rendimento mensal dessas famílias.

Para além dos apartamentos de Renda acessível, e já nos terrenos da antiga Feira Popular, haverá ainda a oferta de 279 fogos de renda livre que serão promovidos pela iniciativa privada.

138.000 m2 de escritórios e 40.000 m2 de lojas de rua

Para além da parte residencial, a OIE envolverá a construção de 138.000 m2 de áreas de escritórios, 39 mil dos quais no referido lote camarário situado no início da Av. Álvaro Pais, e os restantes no lote de terreno da antiga Feira Popular situado junto ao interface de transportes Combóios/Metro de Entrecampos e que será delimitado então pelo prolongamento da Rua da Cruz Vermelha que passará a desembocar directamente na Av. da República.

O OIE prevê ainda a construção de 40.000 m2 de lojas de rua nos vários espaços da intervenção integrada, um centro de serviços de referência internacional, um espaço cultural que preserve a memória do Teatro Vasco Santana, uma galeria de arte e vários equipamentos sociais de apoio à infância (3 creches e jardim infantil) à saúde e à velhice (unidade de cuidados continuados, centros de dia e serviço de apoio domiciliário).

OIE prevê igualmente a concessão de um futuro espaço público de estacionamento situado por debaixo da Av. 5 de Outubro, com cerca de 2.000 lugares de aparcamento.

24.700 m2 de novos espaços verdes públicos

O OIE privilegia ainda a criação de novos e amplos espaços verdes de fruição pública, num total de 24.700 m2, isto é 10% da área total de intervenção.

A conclusão do OIE irá proporcionar a criação de 15 mil novos postos de trabalho e habitação para mais de 2 mil pessoas. A execução global da Operação de Intervenção de Entecampos envolvolverá um investimento total na ordem dos 800 milhões de euros, 100 milhões dos quais serão da responsabilidade da autarquia que executará igualemente todas as obras de infraestruturas e dos 2,4 hectares de espaços verdes. A operação autárquica será financiada pela alienação dos terrenos da antiga Feira Popular.

Terrenos da antiga Feira Popular divididos em 3 lotes

Os terrenos da antiga Feira Popular, colocados em hasta pública por duas vezes, mas sem interessados, vão ser agora alvo de uma terceira tentativa, mas desta vez divididos em três parcelas, disse hoje o presidente da Câmara de Lisboa.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa avançou que serão feitas três hastas públicas para estes terrenos, a par de uma quarta referente a um terreno na Avenida Álvaro Pais, onde serão construídos escritórios.

Questionado sobre as especificidades das hastas, Medina remeteu para Julho a conclusão do processo, "a fixação do valor de alienação do terreno, […] para que a Câmara possa decidir a sua alienação a partir do mês de Setembro".

"Ao aprovar os lotes e as parcelas autónomas, vamos querer ter as condições, o mais claras possíveis, para os investidores", salientou. Os futuros promotores também verão a sua operação muito facilitada já que todas as aprovações e pareceres das várias entidades envolvidas estão já exaradas e a aprovação dos projectos por parte da câmara será muito célere – enfatizou o autarca.

Plano urbanístico idealizado por Eduardo Souto de Moura

Medina chamou a atenção para “uma das diferenças de fundo face à antiga operação que estava aprovada", apontando que a venda da parcela como um todo "tinha desvantagens", uma vez que o município "poderia ser confrontado com um projecto muito diferente" do idealizado.

Já o novo plano vai "definir com vigor" o que vai acontecer em cada zona, sendo que os edifícios de habitação serão localizados na parte norte, os escritórios desenvolvem-se ao longo do espaço, e haverá também zonas de comércio nos pisos térreos.

"Este é um plano muito inspirado naquilo que o Eduardo Souto de Moura trabalhou e propôs para estes terrenos", ideias que foram desenvolvidas pela Câmara com a "ajuda e colaboração" do premiado arquitecto, explicou Medina.

Aos jornalistas, Medina disse que quer fazer daquele espaço "uma grande montra para a excelência da arquitectura portuguesa", uma vez que aquela zona "merece um projecto arquitectónico de elevada qualidade".

Este será então "um desfecho feliz para uma zona que tantas dificuldades teve".

Amanhã, quinta-feira, será apreciada, em reunião privada do executivo, uma proposta no sentido de "determinar a abertura de um período de discussão pública das orientações estratégicas para a Operação Integrada de Entrecampos pelo prazo de 20 dias úteis".

(Diário Imobiliário com Lusa)