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Internacional

 

Moratórias mascaram qualidade dos activos no sul da Europa - Fitch

11 de dezembro de 2020

A agência de 'rating' Fitch considerou, num relatório hoje divulgado, que as moratórias bancárias adoptadas na sequência da pandemia "mascaram a qualidade de base dos activos" da banca no sul da Europa.

Ao passo que as moratórias de crédito são uma solução para o potencial 'stress' de curto prazo da liquidez dos devedores, elas mascaram riscos de médio-prazo para a qualidade dos activos dos bancos", pode ler-se num relatório da Fitch sobre o sul da Europa, que foi hoje divulgado.

De acordo com o documento, a utilização de moratórias é maior onde há "pouco ou nenhum recurso a empréstimos com garantias do Estado, como no Chipre, Grécia e Portugal".

Segundo a agência de notação financeira, "os bancos do sul da Europa usaram, em geral, mais moratórias de crédito e outros esquemas de suporte que os bancos noutras partes da Europa".

A Fitch adianta que esta situação é atribuível a vários factores, como a ligação das economias ao turismo, ou "a ligação das economias às pequenas e médias empresas, que tendem a ser mais vulneráveis que os grandes empregadores aos choques económicos".

"A dívida do sector privado permanece particularmente alta em Chipre e Portugal, tornando os devedores mais vulneráveis a quebras", aponta também a Fitch no documento.

No entanto, em Chipre e na Grécia "as moratórias colocam riscos adicionais" aos bancos, dado que "a cultura de pagamento é mais fraca que no resto do sul da Europa".

Em toda a União Europeia (UE), "as moratórias representaram mesmo menos de 10% do total dos empréstimos do sector bancário no final de Junho de 2020, de acordo com a Autoridade Bancária Europeia (EBA)", segundo o documento.

No entanto, "as proporções em Chipre, Grécia, Itália e Portugal são maiores", ao passo que em Espanha "a proporção é menor devido ao maior uso de empréstimos garantidos pelo Estado ao invés de moratórias para apoiar os devedores".

A Fitch considera ainda que as moratórias devem recuar em 2021 no sul da Europa, mas "o uso de moratórias adicionais não pode ser excluído" para os bancos da região.

LUSA/DI