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Imobilário: Um sector mergulhado na incerteza mas sem perder a confiança

22 de janeiro de 2021

2021 inicia com um novo confinamento, mais um rude golpe para a frágil economia portuguesa. O sector do imobiliário está preocupado perante as incertezas deste novo ano, que deveria ser de recuperação.

No início do mês, questionámos vários especialistas sobre o que esperar sobre o novo ano e continuámos a ouvir mais intervenientes neste sector. A pandemia está instalada em força, sem sinais de abrandamento dos novos casos de Covid-19 e mesmo com a vacina, o regresso à vida normal parece ainda uma miragem.

Para um dos segmentos mais fustigados com a crise pandémica, o retalho, 2021 não poderia iniciar da pior maneira. António Sampaio de Mattos, Presidente da APCC  - Associação Portuguesas dos Centros Comerciais, revela ao Diário Imobiliário, que “temos que estar preparados para um ano muito difícil, fruto das consequências da pandemia, agravadas, na nossa indústria em particular, pela grosseira e inadmissível intromissão do Estado nas relações contratuais entre proprietários e lojistas.  Esta ingerência, está já a afastar grandes investidores do segmento de imobiliário comercial. Temos conhecimento de grandes volumes de investimento já há muito programados, que passaram para standby de um dia para o outro”. Alerta mesmo que alguns Centros Comerciais poderão acumular prejuízos avultados e ter a sua sustentabilidade em causa num futuro próximo.

Também Francisco Horta e Costa, director geral da CBRE, admite que os principais desafios para este ano prendem-se com a evolução da economia portuguesa em função da situação da pandemia e do impacto que a mesma pode ter na saúde financeira das empresas e da sua capacidade em tomar decisões. “No mesmo sentido, o mercado imobiliário, por natureza, necessita que as pessoas se possam mover e viajar para poderem ir visitar os imóveis. Sendo assim, o mercado terá uma performance melhor, quanto mais depressa esta situação que estamos a viver se possa estabilizar”.

Outro segmento que tem sido devastado com a pandemia é o turismo e Pedro Fontainhas, Diretor Executivo da Associação Portuguesa de Resorts, admite que em 2021, mais portugueses vão procurar habitação permanente em empreendimentos turísticos. “A pandemia trouxe as casas para o centro das nossas vidas e estamos a exigir-lhes mais e melhores requisitos: áreas mais amplas, varandas e jardins, zonas de baixa densidade populacional, proximidade de serviços de saúde, educação e lazer, eficiência energética, segurança e proteção do investimento”. No entanto, relativamente aos mercados internacionais, o desafio será continuar a comunicar eficazmente Portugal como melhor lugar para viver depois da crise da Covid.

Julio Delgado, CEO do Ombria Resort, é da mesma opinião: “Devido à pandemia surgiram novas tendências no imobiliário residencial e turístico que creio que se vão manter ao longo dos próximos anos. Existirá sem dúvida mais procura por propriedades rodeadas pela natureza ou com fácil acesso a amplos espaços verdes, em resorts de baixa densidade de construção e localizados em zonas com boas acessibilidades, mas afastadas dos grandes centros urbanos, onde os residentes se sintam em segurança do ponto de vista físico e sanitário”.

O responsável admite que no contexto económico, acredita que o setor imobiliário continuará com a sua imagem reforçada enquanto investimento seguro, comparativamente com outros investimentos, como a bolsa ou sistemas bancários de aforro.

Augusto Homem de Mello, Marketing & Sales Director, da promotora suiça Mexto, que tem vários projectos em desenvolvimen to em Portugal, admite que no que toca ao mercado residencial, em particular, é de esperar que o ano comece com uma lenta recuperação. “Historicamente, o primeiro trimestre é sempre o mais fraco em termos de vendas, mas será também, neste caso, uma espécie de ensaio geral para o resto do ano. Até porque temos novos cenários no horizonte que nos permitem aspirar mais confiança, como a vacina que, a resultar com alguma celeridade, poderá reduzir substancialmente o efeito Covid que se tem sentido, em especial, nos procedimentos e na logística do dia-a-dia”.

O responsável admite mesmo que o racional de investimento permanece intacto, estando apenas mais obstruído pela actual pandemia. Uma vez resolvida esta instabilidade (a vacina é a grande esperança), “parece-me que a segunda metade de 2021 nos trará o regresso da tão desejada normalidade”.

*Nas próximas edições vamos publicar as entrevistas individuais destes especialistas do mercado imobiliário sobre os principais desafios que vamos enfrentar e as medidas que devem ser tomadas para este ano.

http://www.diarioimobiliario.pt/Actualidade/2021-O-ano-da-prova-de-fogo-para-o-imobiliario