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Covid-19: Promotores imobiliários não acreditam no caos mas o impacto no mercado será grande

27 de março de 2020

Os grandes investidores portugueses estão preocupados com o futuro do imobiliário em Portugal e antecipam algumas consequências para o sector, já com quebras reais. No entanto, preferem manter alguma confiança no mercado português e acreditar que não caminhamos para o caos total, estão esperançosos que depois da 'tempestade' passamos para uma recuperação gradual. O Diário Imobiliário falou com cinco dos maiores investidores imobiliários a operar em Portugal e todos são peremptórios em afirmar, que o impacto do Covid-19 no mercado imobiliário será grande.

José Cardoso Botelho, Managing Director da Vanguard Properties, Paulo Loureiro, CEO da Bondstone, João Sousa, CEO do JPS Group, José Carvalho, CEO do Grupo Omega e Sérgio Ferreira, CEO da Coporgest, revelaram as preocupações que se vive neste momento no sector.

Paulo Loureiro, admite que é habitual dizer-se que os mercados ‘utilizam as escadas para subir e o elevador para descer’, pelo que a recuperação nunca será tão rápida como a queda. “No entanto, acreditamos que os ‘fundamentals’ de Portugal se manterão e que historicamente o mercado imobiliário é, em momentos de crise, uma ‘reserva de valor’ para os investidores. Adicionalmente, estamos certos de que surgirão excelentes oportunidades de investimento a médio-prazo em diferentes segmentos, que poderão recompensar as empresas melhor preparadas, com capacidade de investimento e disponibilidade de adaptação a um novo contexto”.

Também Sérgio Ferreira, refere que tudo indica que esta primeira vaga do Covid-19 possa ser ultrapassada em dois meses, mas será provavelmente seguida de novos episódios de pandemia.  “Neste entretanto, a crise económica vai instalar-se com muita violência, com o desemprego a aumentar, o consumo a regredir, as receitas fiscais a baixar, tudo numa escala duríssima e ainda por cima global. Mesmo com medidas de injecção massiva de fundos na economia, imagino que as pessoas serão mais lentas a decidir investimentos e mais avessas a gastar dinheiro. Por isso, mantenho aquela que era a minha opinião, agora ainda com mais veemência: a descida de preços será inevitável no imobiliário português, e provavelmente será violenta, sobretudo para as localizações menos qualificadas”.

Já João Sousa, não crê que o sector vá sofrer uma crise como foi a de 2008, por vários motivos, “ou seja, não estávamos preparados como estamos hoje, o sector apresenta na actualidade uma realidade muito diferente. Não concordo de forma alguma que o caos no sector está para chegar, ou até que já chegou, como muitos apregoam, vai haver sim um abrandamento nos negócios, isso é inevitável, mas acredito que o sector vá ter uma recuperação em “V” e que vá recuperar de forma mais positiva do que o esperado. Acredito que o sector vai ser afectado, sem dúvida, mas que a recuperação vá ser superior ao impacto negativo que vamos sofrer”.

José Carvalho, adianta que naturalmente o impacto no negócio  imobiliário  será grande. “Porém, uma vez que o sector  se encontra hoje muito mais robusto e capitalizado do que na anterior crise das ‘dívidas soberanas’  tem hoje uma razoável capacidade de se  adaptar , o que pode permitir ultrapassar de forma resiliente o ‘vale’ longo e cavado que nos espera.  Sendo o negócio de ciclo longo, deverá ser bem balanceado o ritmo de desenvolvimento dos projectos” .

José Cardoso Botelho, acredita que ainda é cedo para avaliar o impacto no sector pois dependerá bastante do tempo que demorar a controlar esta pandemia e da existência de antivirais e vacina. Paralelamente, a resposta, diverge, em função da classe (residencial, serviços, logística, turismo, etc) e segmento de mercado. No entanto assegura: “Portugal, está cada vez mais no radar de investidores e cidadãos que procuram alternativas para residir e, se soubermos e conseguirmos gerir esta crise, melhor que os nossos congéneres europeus, iremos ter um influxo acrescido. É importantíssimo para o mercado imobiliário e economia nacional o investimento estrangeiro. Alerto por isso o Governo, para a necessidade de melhorar os pacotes destinados à captação deste tipo de investidores, incluindo o Golden Visa”.

Pela importância das suas opiniões e do momento que se está a viver no mundo, no país e no sector, o Diário Imobiliário irá publicar durante a próxima semana as entrevistas dos cinco investidores na íntegra e individualmente.