CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Actualidade

 

 

Cidadãos de Braga contra venda da Fábrica Confiança a privados

3 de outubro de 2018

Um grupo de cidadãos de Braga dirigiu uma queixa à UNESCO a denunciar a forma como a autarquia está a gerir os destinos do imóvel da Fábrica Confiança, expropriado em 2012. 

Em comunicado, este grupo afirma que se trata do principal edifício industrial e de valor histórico do concelho. "Braga integra o grupo de cidades criativas da UNESCO, ostentando o título de cidade criativa nas Media Arts, tendo assumido o compromisso de valorizar as indústrias criativas e o acesso democrático à cultura.  No entanto, a autarquia decidiu vender a Fábrica Confiança um espaço que era apontado como um futuro pólo cultural da cidade com ligação às indústrias criativas e à memória da cidade. Além disso, a venda a privados não acautela qualquer salvaguarda do património industrial. Os promotores da queixa apelam à UNESCO que sensibilize a Câmara para que suspenda o processo", explicam em comunicado, os representantes da Plataforma Salvar a Fábrica Confiança.

A Saboaria e Perfumaria Confiança é um dos últimos exemplares da arquitectura industrial do concelho, razão para que a autarquia tenha expropriado o edifício em 2012 por 3,5 milhões de euros. Entretanto foi promovido um concurso de ideias que teve ampla participação dos cidadãos. Várias associações e membros da sociedade civil apresentaram propostas que permitiam que a Fábrica Confiança pudesse abrir ao público, com dinâmica cultural e envolvendo a população, com custos comportáveis para o erário municipal.  

A plataforma indica ainda que a autarquia anunciou apenas no passado  dia 13 de Setembro que tinha decidido levar a votação, quatro dias depois, uma proposta para a venda do edifício que terá como destino mais provável a construção de alojamento ou uma unidade privada de saúde. A proposta foi aprovada a 19 de Setembro, por cinco vereadores, tendo quatro votado contra.

Segundo os promotores da queixa dirigida à UNESCO, o processo de venda é pouco transparente, feito à pressa e sem diálogo com os cidadãos. "A venda significa a total destruição do valioso património industrial ainda existente no concelho de Braga, em total desrespeito pelos "Princípios de Dublin" estabelecidos em conjunto pelo ICOMOS (UNESCO) e TICCIH, que defendem  uma nova utilização das instalações industriais como solução de conservação mais sustentável, respeitando os elementos significativos existentes, como ficou patente num debate com especialistas realizado no passado dia 27 de Setembro", salientam.

Revelam ainda que a venda vai privar o concelho de um novo equipamento cultural que estava previsto. "Apesar de Braga ter cerca de 200 mil habitantes, os equipamentos culturais encontram-se todos localizados no centro histórico. A possibilidade de criar um novo pólo cultural na zona urbana de S. Victor (32 mil habitantes) é um grande argumento para fortalecer a candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura em 2027. Com esta decisão a autarquia está a pôr em causa a ambição de ostentar o título de Capital Europeia da Cultura, a par da prevista candidatura a Capital da Cultura do Eixo Atlântico. Está igualmente ou para que tenha uma dinâmica diferenciadora enquanto Cidade Criativa na área das Media Arts. A mesma queixa vai ser dirigida ao Ministério da Cultura e ao Eixo Atlântico", concluem.