
Francisco Calheiros, Presidente da Confederação do Turismo de Portugal, no 50º Congresso da APAVT, Macau
Sem um novo aeroporto muito dificilmente teremos crescimentos no Turismo
Francisco Calheiros, Presidente da Confederação do Turismo de Portugal - CTP, garantiu na cerimónia de abertura do 50º congresso da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, que decorre em Macau, na China, que entramos numa fase de crescimento sustentável e que o Turismo continua a gerar mais valor. “Em termos gerais e no seguimento do que vem sendo habitual nos últimos anos, os proveitos totais em Junho, Julho e Agosto atingiram 2,7 mil milhões de euros, um aumento 7,4% em relação à época alta do Verão do ano passado”.
Apoiando-se nos números do INE – Instituto Nacional de Estatística, Francisco Calheiros avançou que o sector do alojamento turístico registou 10,5 milhões de hóspedes e 28,6 milhões de dormidas nos meses de Junho, Julho e Agosto, registando-se crescimentos de 2,2% no número de hóspedes e 2% nas dormidas face ao Verão do ano passado.
Outro factor relevante apontado pelo presidente da CTP, é o crescimento do turismo por parte dos portugueses, reforçando que deles depende muito o crescimento do sector este ano. Para o justificar apresentou os resultados deste Verão, onde se verificaram que as dormidas de residentes aumentaram 5,5%, ultrapassando os nove milhões.
O responsável avançou ainda que as dormidas têm um crescimento menor em relação a outros anos, mas “os turistas que recebemos criam mais valor, já que gastam mais e contribuem para um turismo de maior qualidade”. Por outro lado, refere “que deparamos com algo que há muito alertamos: sem um novo aeroporto, muito dificilmente teremos crescimentos no Turismo”.
Na sua opinião o Montijo é uma opção intermédia rápida, eficaz e mais barata. “Queremos ficar sentados anos à espera até ter finalmente um novo aeroporto?”.
Temos de continuar a ser um país seguro
Francisco Calheiros, reforçou ainda que “é preciso assegurar a segurança, temos de continuar a ser um país seguro. Não podemos correr o risco de perder uma das nossas mais-valias como país. Portugal é visto lá fora como um dos países mais seguros. E assim temos de continuar a ser, porque isto nos traz grandes vantagens”.
Relativamente à mão-de-obra, um dos temas que tem condicionado o sector sobretudo pela falta de recursos humanos especializados, o presidente da CTP, salientou que Portugal tem as condições necessárias para ter a mão-de-obra suficiente, mas que também garanta a qualidade dos serviços. “A CTP, a AIMA e o Turismo de Portugal já estão a formar centenas de migrantes no âmbito do programa Integrar para o Turismo e continuaremos a alargar este projecto. Mas é necessário mais. Por isso, a revisão da legislação laboral em discussão no âmbito do denominado Trabalho XXI reveste-se de uma importância decisiva para o futuro do emprego e da competitividade em Portugal”.
Greve geral para 11 de Dezembro não é razoável
A Confederação do Turismo de Portugal considera que esta reforma deve ser construída com consenso, transparência e equilíbrio, evitando retrocessos ideológicos, como no passado recente e que agora obrigam a uma reforma mais abrangente e disruptiva. "Por isso a CTP considera ser extemporânea e desproporcionada a convocação de uma Greve Geral anunciada pelas centrais sindicais CGTP e UGT para o dia 11 de Dezembro. Neste momento, o processo negocial está em curso, por isso, não é razoável paralisar o país sem sequer se conhecer o resultado das negociações", referiu.
A par com a necessidade de revisão da legislação laboral, o responsável admitiu que é fundamental um Simplex para o turismo. Adiantou também a necessidade de condições fiscais estáveis e competitivas, que permitam continuar a crescer, a atrair investimento estrangeiro e a afirmar Portugal como destino turístico de excelência.
A TAP também não foi esquecida no seu discurso e reforçou a importância do processo de reprivatização da companhia aérea. “A TAP, sendo importante para o país e para o Turismo, não pode continuar orgulhosamente só e isolada no mercado, tendo de ser integrada num consórcio com provas dadas e que traga mais-valias à TAP e a Portugal. A CTP defende e sempre defendeu uma privatização a 100%. Aguardemos pelas decisões tomadas em relação à segunda fase da reprivatização”. Garantiu também que a CTP não prescinde da ideia de que o consórcio internacional que fique a gerir a TAP, tem de garantir desde logo o hub de Lisboa e as ligações aéreas especiais às ilhas e aos países da CPLP.
Ainda sobre acessibilidades, Francisco Calheiros reforçou a necessidade de modernização da ferrovia e o TGV sendo factores essenciais para o Turismo e para a economia do país e um complemento às estruturas aeroportuárias. “Bastaria termos a Alta Velocidade Lisboa/Porto e Lisboa/Madrid para libertarmos cerca de 40 voos diários da Portela”.
*O Diário Imobiliário viajou até Macau a convite da APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo.












