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Segurança e Gestão Urbana: O mau exemplo lisboeta

13 de janeiro de 2020

Muito se tem especulado nos últimos tempos quanto às implicações que os modelos de gestão urbana e de segurança pública nas principais cidades do país têm tido no que toca ao mercado imobiliário, mas ninguém se lembrou dos jovens. A verdade é que pegando no exemplo de Lisboa, tanto o Governo como a Câmara Municipal têm fraquejado no que toca a tornar a cidade segura para os jovens habitarem e estudarem, sobretudo os universitários.

Os recentes acontecimentos trágicos ocorridos no Campus da Universidade de Lisboa são o culminar de diversas ocorrências que se verificam há anos, mas o problema não fica por aqui. A verdade é que muitos dizem que Lisboa é das cidades mais seguras do mundo, contudo é uma falácia. No que toca à pequena (grande) criminalidade que consiste em assaltos, assédios e agressões, as mesmas infelizmente fazem parte do quotidiano de qualquer jovem, especialmente daqueles cujos criminosos sabem que têm consigo objetos de valor como telemóveis ou computadores, ou que frequentam os locais de estudo ou lazer até altas horas.

E enquanto isto acontece a autarquia e o Ministério da Administração Interna assobiam para o lado sob a égide de terem tudo controlado quando sabemos que face ao Orçamento Municipal e ao Orçamento de Estado para a segurança pública existe um controlo praticamente cego a nível financeiro para iludir os nossos parceiros europeus de que a nossa economia é dinâmica e está sólida.

 O problema é que o reverso da medalha é meter as soluções na gaveta porque custam dinheiro tais como mais operacionais a policiar as ruas ou mais iluminação.

 Contudo podemos fazer melhor. À semelhança do que já acontece noutras cidades europeias e que até acaba por ser mais eficiente e económico é a instalação de sistemas CCTV e de agentes à paisana acabam por ter um efeito dissuasor muito eficaz sobre este tipo de gangs

Ainda assim outro problema passa mesmo pela própria gestão urbana e dos serviços públicos que servem os jovens da cidade de Lisboa, que para além de já pagarem preços exorbitantes por rendas e não se sentirem seguros, têm serviços públicos como os autocarros e o metropolitano altamente deficitários com avarias e alterações de rotas quase diariamente.

A solução encontrada? Tornar a cidade “sustentável” e atrativa para turistas e investimentos externos (o que é ótimo se não desleixasse os problemas de quem mora e estuda cá), eliminando faixas de circulação, sem instalar paragens de transportes nas principais entradas e saídas da cidade, e por cima disso tudo sem ter serviços de transporte noturnos para estudantes à semelhança do que acontece no Norte da Europa e que transforma o estudo numa atividade segura e não de risco como parece atualmente.

Tendo isto em conta, cabe àqueles que nos representam a nível municipal e nacional terem o discernimento de fazer ver aos respetivos executivos que estão a fazer uma gestão errada que prejudica e muito os jovens que são tantas vezes esquecidos na procura das grandes fatias eleitorais como a classe média e os idosos.

 Mas esta ação não pode ficar por aqui, as soluções existem e devem ser apresentadas ao Governo e à Câmara Municipal que tantas vezes, de forma triste, têm parceiros nas Instituições do Ensino Superior que fazem uma oposição encenada, protegendo interesses que não são os dos estudantes da cidade de Lisboa.

Vasco Garcia

Estudante da Faculdade de Direito de Lisboa

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico