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Arrendamento

 

Jovens dos 18 aos 34 anos vão ser o motor da procura de arrendamento nas cidades europeias

5 de janeiro de 2021

Em todas as grandes metrópoles urbanas, cerca de 22% da população tem entre 20 a 34 anos, sendo que além de terem maior mobilidade, os jovens são também o grupo mais representativo de inquilinos no sector multifamily e aquele que tem maior probabilidade de viver sozinho, reforçando a sua importância para o mercado de arrendamento da maioria das cidades.

De acordo com o mais recente relatório da JLL, European City Dynamics, o vírus alterou muitos aspectos da vida dos jovens europeus, incluindo a forma como este grupo irá gerir a sua educação superior, a sua entrada no mercado de trabalho e, em última análise, as necessidades habitacionais que lhes acabarão por estar associadas. Estas mudanças apresentam novas oportunidades e desafios para os investidores, operadores e promotores do sector de imobiliário residencial.

Os residentes urbanos jovens continuarão a impactar a dinâmica do mercado imobiliário e a procura por casas na cidade no mundo pós-pandémico.

Com mais de 40% dos jovens acima dos 20 anos a frequentar o ensino superior na Europa, este grupo é também o principal residente no alojamento para estudantes. Em 14 dos mais importantes países europeus, 25% dos estudantes com menos de 22 anos vivem neste tipo de acomodação. Em Portugal, essa percentagem é bastante menor, não chegando a 10%.

Jovens adiam compra de habitação pressionados pelo impacto da Covid-19

Como o grupo com menor probabilidade de escapar aos impactos económicos da pandemia, os jovens urbanos enfrentam agora uma acrescida incerteza no emprego, desafios na capacidade financeira para aceder a uma habitação e mobilidade reduzida. Estas pressões estão a ter um impacto notável na forma como o imobiliário está a ser e será consumido nas cidades daqui para a frente, apontando para a possibilidade de mais jovens adultos continuarem a arrendar e atrasarem a opção de compra. O sector de multifamily, ou seja, a construção de raiz de habitação para fins de arrendamento tradicional, deverá, assim, continuar a ter um desempenho muito resiliente no seu retorno, com fortes níveis de ocupação e um fluxo estável de rendas. No Reino Unido, um inquérito da JLL aos proprietários institucionais apurou que este ano o montante cobrado em rendas está em cerca de 96% do valor cobrado no ano passado, concluindo que os fluxos de rendas gerados mantiveram os níveis normais mesmo no contexto de pandemia.

Com o mercado de trabalho para os finalistas cada vez mais incerto, mais estudantes podem considerar prolongar a sua educação superior. O tempo médio passado no ensino superior na Europa aumentou de pouco menos de três anos logo a seguir à crise financeira global para 3,2 anos em 2011, uma evolução mais rápida do que a trajectória de crescimento de longo-prazo. Um crescimento semelhante poderá verificar-se agora, impulsionando a procura para alojamento de estudantes.

Na opinião de Tom Colthorpe, Senior Analyst – EMEA Living Research & Strategy, JLL e autor do relatório, “a natureza abrangente da atual crise irá influenciar profundamente os estilos de vida e as decisões financeiras dos jovens nos próximos anos. O investimento em habitação e as estratégias operacionais necessitam de ter percepção das novas preferências de localização para as casas para arrendamento bem como das expetativas dos inquilinos em terem casas com layouts optimizados”.

“Perceber esta procura dos jovens residentes, nomeadamente aquilo que querem da sua casa, deverá traduzir-se num crescimento de contratos de arrendamento e de compras de imóveis que respondam a estas preferências”, acrescenta Tom Colthorpe.

JLL Portugal nota a apetência crescente dos jovens portugueses para o arrendamento

“Estas são tendências especialmente relevantes para Portugal, onde o mercado do multifamily dá os primeiros passos e onde está a gerar um crescente interesse entre os investidores, devido à sua resiliência e ao facto de não existir resposta para a procura atual. Este segmento vai disparar nos próximos cinco anos nas zonas de Lisboa, Porto e respetivas coroas urbanas, sendo os jovens um dos segmentos mais relevantes da procura para este mercado”, salienta Fernando Ferreira, Head of Capital Markets da JLL.

A JLL Portugal nota a apetência crescente dos jovens portugueses para o arrendamento, num mercado onde não existe atualmente oferta disponível. Por um lado, procuram aceder à sua primeira habitação sem o ónus da compra, seja porque preferem soluções mais flexíveis, seja porque nos próximos anos, também em resultado da atual crise, irá haver maior dificuldade em aceder ao financiamento para aquisição de habitação. Por outro lado, existe esse crescente fluxo de estudantes, agora mais dominado pelas migrações internas, que também não tem oferta adequada às suas necessidades para arrendar.

De acordo com o estudo internacional da JLL, quer Lisboa quer o Porto estão entre as cidades “muito pouco acessíveis” para arrendar casa, embora não se classifiquem ainda entre as que são consideradas “inacessíveis”. Tal significa que entre 25% a 30% do rendimento médio disponível das famílias em Lisboa e no Porto é alocado à renda de uma habitação (considerando o arrendamento de uma casa com 50 m2 no ano 2019), estando as duas cidades sinalizadas entre aquelas onde este rácio tende a agravar-se. As cidades onde a renda de uma casa consome mais de 30% do rendimento médio disponível das famílias são classificadas de “inacessíveis”, incluindo-se neste grupo Londres, Paris, Amesterdão, Barcelona, Dublin, Copenhaga, Varsóvia, Budapeste ou Colónia.

“Existe um enorme potencial de crescimento nesta franja mais jovem para o desenvolvimento de projetcos residenciais destinados ao arrendamento, disponibilizando casas adequadas à sua capacidade financeira, mas também ao seu estilo de vida. Isto porque, para estes jovens, arrendar não é só uma questão financeira. Estas novas necessidades habitacionais são um tema geracional e cultural. Os millenialls não querem necessariamente possuir uma casa, querem usá-la e ter flexibilidade e mobilidade nas suas opções de vida. Esse é o seu lema para quase tudo. Vão ser um importante motor deste mercado de arrendamento institucional também em Portugal”, termina Fernando Ferreira, Head of Capital Markets da JLL.