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Algarve pode ser a Côte d'Azur portuguesa

7 de abril de 2019

Neste momento, está a desenvolver projetos na ordem dos 250 milhões de euros repartidos pelas várias empresas que integram o Grupo Libertas, distribuídos por 600 mil metros de área de construção, estando a vender acima de 300 frações todos os anos. É atualmente o grupo empresarial com maior investimento imobiliário na região do Algarve, contando com uma aposta virada principalmente para empreendimentos de luxo, nos concelhos de Portimão, Lagoa, Albufeira, Loulé (junto à Quinta do Lago e Quarteira), Faro e Tavira. António Joaquim Gonçalves, presidente do Conselho de Administração do Grupo Libertas, em entrevista exclusiva ao Diário Imobiliário, considera que o Algarve se deve posicionar como a Côte d’Azur portuguesa.

“Acreditamos muito no Algarve e achamos que já tem todos os ingredientes para se poder impor nesse sentido. O que ainda é preciso? Mais animação nas épocas mortas, nas chamadas épocas baixas, de novembro a março. A cultura é essencial para atrair mais habitantes, sobretudo da Europa Central e do Norte. O nosso perfil de clientes, nomeadamente os que são oriundos dessas zonas, gostam de ter uma boa oferta em termos de animação e cultura”, admite o responsável.

Neste momento, o Grupo Libertas está a desenvolver vários projetos nos concelhos de Faro, Albufeira e Lagoa. Na Alta de Faro, vai entregar este ano 96 apartamentos do empreendimento Lux Terrace, e abrir as vendas em fevereiro para o Lux Garden, para entrega no fim de 2020, e que segundo António Joaquim Gonçalves vai ser o primeiro condomínio de luxo em Faro e um empreendimento com grande qualidade.  Em Albufeira, tem ainda o Green Apartments, o Green Villas, o Design Villas e o Albufeira Prime, que tem apartamentos em condomínio privado no centro da cidade e a minutos a pé da praia. No concelho de Lagoa, o Ferragudo Design Villas. “Portanto, no Algarve, neste momento, estamos a trabalhar com três Câmaras Municipais, Faro, Albufeira e Lagoa, e posso dizer que não temos tido dificuldades nas aprovações, antes pelo contrário. Também são projetos que estamos a desenvolver dentro de loteamentos já aprovados e onde já tínhamos feito infraestruturas, porque os tempos de aprovação são elementos que muitas vezes nos atrasam”, garante o responsável.

O presidente do grupo revela também que a maioria dos compradores continua a ser estrangeiros: muitos franceses, suecos, belgas, suíços e também alemães ou ingleses. “Estamos muito ligados ao mercado francófono. Em geral, são clientes que compram produtos abaixo de 350 mil euros em quantidades grandes, e moradias abaixo dos 500 mil. Curiosamente, dos 96 apartamentos que vamos entregar no Lux Terrace, em Faro, 50% dos clientes são portuguesas”, garante. De facto, António Joaquim Gonçalves admite que agora também muitos portugueses voltaram a comprar porque retornou o financiamento bancário.

100 Hectares para desenvolver junto à Praia dos Tomates

De referir que o grupo é detentor de perto de 100 hectares na zona da Várzea de Quarteira, junto à Praia dos Tomates (concelho de Albufeira), para onde já esteve projetado o Sunset Albufeira Sport & Health Resort, mas a proposta urbanística, com 1004 novas camas, acabou inviabilizada num primeiro momento devido a um parecer desfavorável à Declaração de Impacte Ambiental por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.

No entanto, o Grupo pretende investir naquele espaço, em particular através de unidades hoteleiras de menor dimensão e também num projeto de agricultura biológica - em terrenos que estão situados em domínio de Reserva Agrícola Nacional (RAN).

Também o Fundo de Investimento Imobiliário Fechado - Funditur, pertencente à Libertas, pretende assumir a gestão de um apoio de praia na Praia da Rocha Baixinha Poente, conhecida como Praia dos Tomates - em terreno cuja propriedade privada foi reconhecida como sua, quer por parte de decisão judicial, já transitada em julgado, e por parte da Agência Portuguesa do Ambiente - e que atualmente funciona de forma ilegal.

O presidente da Libertas revela que a Agência Portuguesa do Ambiente entregou ao Grupo finalmente o terreno livre no final do ano passado e agora vai fazer imediatamente o apoio de praia, refazer o parque de estacionamento e repensar todo o projeto de acordo com o que se possa lá fazer. Certamente que o apoio de praia a ser feito lá agora, não é o que tinha pensado idealmente, mas estará a funcionar na próxima época balnear, com todas as valências necessárias para que a praia dos Tomates mantenha a classificação de bandeira azul. “Claro que agora temos que repensar todo o projeto para os 40 hectares de terreno que temos naquela zona, teremos de ver o que é possível fazer e o que se adequa ao lugar. Um novo projeto vai seguramente demorar mais de um ano a ser submetido, mas poderá passar pela reconstrução das ruínas que lá existem e por um misto de projeto agrícola, com uma vertente de agricultura biológica e energias renováveis”, assegura.

Renováveis sempre presentes

Além da região do Algarve, o Grupo Libertas tem outros projetos em curso pelo país, nomeadamente em Belém, junto ao Estádio da Luz, nos Anjos, e na zona metropolitana, em Alcochete, Seixal, Setúbal, também vários empreendimentos na zona de Coimbra e mais a Norte uma quinta em Albergaria a Velha, onde está previsto um projeto dedicado ao turismo. “Mas a verdade é que há sempre afinidades entre os vários projetos. Tentamos fazer empreendimentos que sejam mais valias e se adequem a uma filosofia de economia de energia, de defesa do ambiente, sempre com uma componente de energias renováveis”, esclarece.

António Joaquim Gonçalves avança ainda que têm vários projetos de turismo, como na Figueira da Foz, a Praia do Sal e o hotel Al Foz, em Alcochete. “E estamos também a gerir mais de 70 apartamentos de alojamento local no centro de Lisboa com grande sucesso. São projetos que nos inspiram. O nosso modelo de desenvolvimento é essencialmente fazer apartamentos, vendê-los, e depois explorá-los, pagando uma rentabilidade, que pode ser fixa ou variável. Temos tido sucesso com este modelo, que nos permite desenvolver imobiliário, e os clientes ficam também satisfeitos”. 

Temos muita coisa que é do melhor que há no mundo

Sobre o facto de Portugal e Lisboa estarem na rota dos destinos mundiais para turismo e investimento, admite ser “uma maravilha, é fantástico. É algo que é também fruto de um trabalho de longo prazo, a par do facto de os mercados de África do Norte e Turquia terem estado decadentes, o que já não é o caso. Mas são notícias muito boas”. Reconhece no entanto, que não vai ser fácil estar todos os anos nas notícias a ser considerado o melhor destino do mundo, “mas temos muita coisa que é do melhor que há no mundo”. Na sua opinião, houve um conjunto de fatores que permitiu este desenvolvimento, passando pela estabilidade política e fiscal, que é essencial. “Os nossos governos tiveram muita importância também neste desenvolvimento com mudanças na legislação e um trabalho na área do marketing que tem sido feito e bem para vender Lisboa e Portugal. O momento que vivemos hoje é resultado disso. E nós como grupo, como temos muita terra, tentamos aproveitar o momento e desenvolver os nossos projetos”, refere. 

Não existe ‘bolha’ imobiliária

Sobre a tão mencionada ‘bollha’ no imobiliário, considera que não há ‘bolha’ nenhuma, “o que não quer dizer que em certos sítios os preços possam continuar a subir. Mas por exemplo, na esmagadora maioria, os apartamentos que nós vendemos são a pessoas com capitais próprios. É verdade que a maioria dos nossos clientes são estrangeiros, mas de qualquer forma, os bancos já não emprestam dinheiro como emprestavam. Em Faro, 50% dos nossos clientes são portugueses, mas no Algarve, não existe mesmo bolha, porque os preços ainda estão muito baixos, tendo em conta que nos últimos anos os preços da construção têm subido muito. Os custos das empreitadas subiram mais de 40% desde 2012”, admite.

Quanto ao futuro do mercado, António Joaquim Gonçalves, vê com otimismo, apesar de “alguns especialistas serem bastante mais pessimistas do que eu”. Nos próximos três anos vê o mercado com estabilidade, mas não quer dizer que se continuem a aumentar os preços como até aqui. “Penso que os preços vão aumentar ligeiramente, um pouco mais do que a inflação, mas acredito muito no Algarve e na região de Lisboa. E penso que as zonas do Porto, Aveiro, Figueira da Foz também vão funcionar”, conclui.

*Texto publicado na edição em papel  do Diário Imobiliário no Jornal Económico. Escrito com o novo Acordo Ortográfico