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A curto e médio prazo Portugal deve recuperar mais rápido do que outros mercados

19 de maio de 2021

A Hipoges Iberia, plataforma de referência no sector de Asset Management, que apresenta um volume de activos sob gestão que ultrapassa os 24.000 milhões de euros, assegurando assim uma posição de liderança em Portugal e Espanha e tendo como ambição ser de uma forma consolidada, o maior gestor de activos imobiliários em Portugal provenientes do desinvestimento bancário.

No caminho desse objectivo, a Hipoges Iberia contratou Julio Aragón para ocupar cargo de Marketing Manager na área de Real Estate. Desde a sua nova posição, Julio Aragón vai gerir a estratégia de marketing imobiliário nos mercados em que a Hipoges Iberia tem sede – Portugal, Espanha e Grécia - liderando a concretização dos objectivos de crescimento e novos serviços definidos pela direcção da empresa.

O novo Marketing Manager do grupo é licenciado em Jornalismo pela Universidade Complutense de Madrid e conta com um Mestrado em Social Media e Estratégia Digital pela Universidade de Alcalá, tendo também frequentado o Programa de Direção de Marketing da ESADE Business School. Julio Aragón conta com mais de 10 anos de experiência em consultoria de marketing e comunicação. Antes de fazer parte da Hipoges, foi diretor de comunicação e marketing na empresa de construção e imobiliária ACR Grup e também Marketing Manager no Marketplace Imobiliário BidX1.

Em entrevista ao Diário Imobiliário, admite que tanto Portugal como Espanha são países muito atractivos para os investidores, sobretudo graças a alguns aspectos comuns como a cultura, qualidade de vida, importância do turismo e preços de habitação ainda inferiores aos das principais capitais europeias.

Como analisa o mercado imobiliário português neste momento? Quais as suas potencialidades mesmo perante as consequências da pandemia?

 A crise provocada pela pandemia afectou todos os sectores económicos de Portugal, contudo, o do imobiliário mostrou-se bastante resiliente, chegando inclusive a registar crescimento em áreas como a de logística. Não podemos esquecer que Portugal se converteu nos últimos anos num mercado muito dinâmico e com taxas de crescimento realmente notáveis. O preço das propriedades cresceu uma média de 5,9% em 2020 e 2,7% no último trimestre, como consequência da Covid-19.

O impacto no turismo, devido às limitações de mobilidade a nível mundial, e a preocupação dos investidores internacionais perante uma situação de incerteza estão a afectar o mercado, com as transacções e o investimento estrangeiro a diminuírem. No entanto, a extensão do regime dos Vistos Gold, um dos melhores da Europa, provocou uma aceleração na compra de propriedades nas principais cidades e zonas costeiras, já que em 2022 abrangerá apenas cidades do interior do país e ilhas.

Fazendo uma análise por sectores, tanto o hoteleiro como o de retalho estão a sofrer especialmente com esta crise devido ao impacto que teve no turismo com as restrições impostas e pelo aumento das compras online, que estão a levar a uma redução do número de lojas físicas, bem como de superfície. No extremo oposto, assistimos ao crescimento no sector da logística com grandes operações em Lisboa e no Porto, graças ao boom gerado pelo comércio online. O mercado de escritórios também sofreu um certo abrandamento, devido à incerteza e à obrigatoriedade do teletrabalho.

Quanto ao setor residencial, é verdade que houve desaceleração e queda de preços, mas acho que é momentânea. O preço da habitação em Portugal é ainda significativamente inferior ao dos restantes países da União Europeia - de acordo com dados da APEMIP, encontra-se na 19ª posição na Europa -, tornando este mercado ainda muito atractivo e uma oportunidade para investimento.

Que tipo de activos são mais atractivos em Portugal para a HipoGes?

Na HipoGes distinguimo-nos pela capacidade de adaptação às necessidades dos nossos clientes, o que nos permitiu chegar aos mais de 24.000 milhões de euros em activos sob gestão pela mão de mais de 50 investidores. Por isso, posso dizer que a HipoGes reúne experiência e interesse em todo o tipo de ativos, sem fechar-se a nenhum.

Qual o volume de activos sob gestão em Portugal? e quanto pretendem atingir nos próximos tempos?

Contamos, actualmente, em Portugal com mais de 7.000 milhões de euros sob gestão, valor que triplicou em quatro anos – em 2017 contávamos com cerca de 2.000 milhões. A nossa intenção é continuar a crescer e mantermo-nos como uma referência na gestão de ativos no mercado português.

Que diferenças e semelhanças entre o mercado português e espanhol?

Penso que a principal diferença seja o tamanho do mercado.

Espanha teve um crescimento realmente elevado nos anos que antecederam a crise de 2008 e, posteriormente, foram muitos os fundos que viram uma oportunidade de entrar num dos mercados mais dinâmicos da Europa. Isto levou a uma alta profissionalização do sector, o que fez com que se tornasse mais dinâmico e complexo.

Já Portugal, apesar de ter visto nos últimos anos o número de operações multiplicar-se, é um mercado mais pequeno e muito centrado em duas grandes cidades, Lisboa e Porto, bem como em algumas zonas mais costeiras, nomeadamente o Algarve.  

No entanto, são ambos países muito atractivos para os investidores, sobretudo graças a alguns aspectos comuns como a cultura, qualidade de vida, importância do turismo e preços de habitação ainda inferiores aos das principais capitais europeias.

Assim sendo, podemos dizer que são dois mercados muito dinâmicos, com boas perspectivas de crescimento frente à Covid-19, e ao que me parece sobretudo Portugal, e com algumas semelhanças. O que faz com que não seja por acaso que muitas empresas tenham um departamento “Ibérico” para gerir os dois países.

O que perspectiva para o mercado imobiliário português nos próximos tempos?

Acreditamos que o mercado português continuará a ser muito atractivo para os investidores nos próximos anos.

A curto/médio prazo, o investimento deve concentrar-se em operações mais seguras – contratos de maior duração, localizações premium, inquilinos com alta liquidez e solvência –, de forma a minimizar o risco e a exposição a uma situação de incerteza. Um exemplo pode ser a actuação em sectores como o de logística, onde a escassez de oportunidades continuará a impulsionar a subida dos preços.

No sector residencial acreditamos que as políticas económicas e a qualidade de vida em Portugal, com Lisboa eleita como a melhor cidade para se viver a nível mundial e Portugal como um dos melhores destinos para gozar a reforma, farão com que se observe uma recuperação mais rápida do que em outros mercados. Além disso, novas tendências como o Build To Rent, farão com que o mercado continue a mexer.

Por outro lado, a reabertura do turismo será acompanhada de uma injecção muito grande de liquidez, o que permitirá uma recuperação económica mais acelerada, atraindo de novo investimento estrangeiro ao mercado hoteleiro, que é tão importante para o país.

No que toca ao sector do retalho, sem sombra de dúvidas, que o crescimento do e-commerce vai conduzir a uma reinvenção dos espaços comerciais, que se caracterizará mais pela restauração ou experiência do cliente, e consequente redução das grandes superfícies comerciais existentes.