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Opinião

Ricardo Feferbaum, Diretor geral Imovirtual

Aumento das taxas de juro altera tendências de procura no imobiliário

4 de novembro de 2022

A procura por imobiliário continuou a registar um aumento progressivo de janeiro até junho deste ano, seguindo a tendência que já se tinha verificado no ano passado, de grande procura por parte dos consumidores. No entanto, a partir do 3º trimestre, esta tendência parece ter sido afetada pelo contexto económico, verificando-se um decréscimo da procura por compra e arrendamento de casa de cerca de 10%, em relação ao trimestre anterior.

Existem dois motivos principais para tal estar a acontecer. Por um lado, é uma consequência direta do aumento das taxas de juro no crédito de habitação e da Euribor, que aumenta pela primeira vez desde abril, aliando-se aos preços crescentes que se têm vindo a sentir na compra e no arrendamento, dando lugar a uma diminuição do poder de compra dos consumidores, que se tornaram mais prudentes e ponderados nos seus gastos.

O recente aumento da inflação, em todos os outros setores, é também um fator que devemos ter em conta, uma vez que pode estar a retrair os consumidores de avançar para uma decisão no imobiliário, neste momento de instabilidade. É importante referir ainda que esta característica impactou principalmente os compradores jovens que procuram agora adquirir ou arrendar a sua primeira casa.

Outra tendência que também temos observado, neste momento, é que a maioria dos consumidores que procuram ativamente propriedades são os que efetivamente vão comprar, independentemente da situação de transformação que vivemos. Ou seja, são pessoas que analisaram a sua situação financeira e que se encontram numa posição mais estável para avançar com um investimento imobiliário.

No geral, a procura diminuiu em todas as principais cidades este ano, a par com a falta de oferta de casas para venda, o que pressiona ainda mais os preços. A nível regional, Braga e Setúbal foram as regiões que tiveram a quebra mais visível de procura, comparativamente ao trimestre anterior, possivelmente por serem locais onde caiu mais o poder de compra ou onde o custo de vida é elevado.

Segundo dados do Imovirtual, as moradias demonstram uma maior quebra de procura do que os apartamentos no caso do arrendamento, caindo quase 24%. Pelo contrário, no caso da compra, já são os apartamentos a sofrer uma maior diminuição, de cerca de 14%, ligeiramente menos procurados que as moradias.

No fundo, os consumidores até podem adiar a sua decisão de adquirir casa, mas quando o momento de compra se torna inevitável assistimos a uma maior necessidade de se distanciarem dos grandes centros urbanos e optarem por localizações na periferia.

Ricardo Feferbaum

Diretor geral do Imovirtual

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico