Exposição retrospectiva do arquitecto Bartolomeu Costa Cabral no Convento de Cristo
O Convento de Cristo, em Tomar (Santarém), recebe, a partir de Sábado e até 15 de Setembro, uma exposição retrospectiva e biográfica do arquitecto Bartolomeu Costa Cabral, para a qual foram selecionados 18 dos seus projectos.
“A Ética das Coisas - Bartolomeu Costa Cabral 1953-2012” vai estar patente nas três Salas do Noviciado, no monumento classificado como Património da Humanidade desde 1983, mostrando “uma expressiva parte da obra deste arquitecto que se destaca, entre outros, pelos seus trabalhos no domínio da habitação, do urbanismo e do equipamento educativo”, refere um comunicado do Convento de Cristo.
Num espaço “intimamente ligado à família” do arquitecto – a parte residencial do antigo convento foi a morada do seu avô Bartolomeu antes da reaquisição desta pelo Estado, em 1939 -, vão ser mostrados projectos da autoria de “uma das figuras de proa da viragem do movimento moderno da arquitectura portuguesa”, realçou a directora do Convento de Cristo, Andreia Galvão.
Louvando a iniciativa da Ordem dos Arquitectos/Secção Regional Sul, que organiza a exposição em parceria com a Direcção Geral do Património Cultural/Convento de Cristo, a directora afirmou que esta é uma “homenagem mais que merecida a uma grande figura da arquitectura portuguesa”.
Bartolomeu Costa Cabral, actualmente com 90 anos, vai estar presente na cerimónia que assinalará, no Sábado, a abertura da exposição que mostrará alguns dos projectos da sua autoria, lembrando Andreia Galvão que foi coautor, com Manuel Tainha, do edifício do Instituto Politécnico de Tomar, que colabora com a iniciativa, nomeadamente, na parte da fotografia.
Andreia Galvão definiu Bartolomeu Costa Cabral como um “criador de espaços de grande serenidade”, autor de uma “arquitectura simples, despojada, preocupada com a comunidade” e com a integração na paisagem e o uso de materiais naturais, fazendo lembrar, nomeadamente numa casa que projectou no Alentejo, a ligação entre o modernismo e o regionalismo do mexicano Luis Barragán.
Um longo percurso na vida e na arquitectura
Bartolomeu da Costa Cabral fez a sua formação na Escola de Belas Artes de Lisboa (onde foi professor, tendo ainda leccionado no ISCTE), salientando a directora do Convento de Cristo a “dedicação de uma vida” à arquitectura e a pertença a uma “geração empenhada no bem-estar da comunidade e da sociedade”, a “tal ética da arquitetucra”, que dá nome à exposição.
Iniciando a sua actividade no atelier de Nuno Teotónio Pereira (1953-1958), onde trabalhou na “obra emblemática” do Bloco das Águas Livres (1953-1956), entre outros projectos, como o bairro dos Olivais (Norte), com o arquitecto Nuno Portas, Bartolomeu da Costa Cabral trabalhou também no Gabinete de Estudos do Plano Director de Lisboa (1954-1959), na Federação das Caixas de Previdência (1959-1968, no âmbito da qual realizou estágios em Londres, Paris e no Laboratório de Engenharia Civil em Lisboa), no atelier de Conceição Silva e Maurício de Vasconcelos (1968) e no Gabinete de Planeamento e Arquitectura (GPA, 1969-1996) tendo reatado o seu próprio atelier em 1973.
Fez parte da Direcção do Sindicato Nacional dos Arquitectos (1960-1965) e, durante dez anos, dirigiu a secção portuguesa da União Internacional dos Arquitectos (1977-1987).
Ao longo das últimas seis décadas projectou mais de uma centena de obras e recebeu vários prémios, destacando Andreia Galvão a Universidade da Beira Interior, na Covilhã, o seu projecto mais longo (desenvolvido ao longo de 30 anos).
No âmbito da colaboração com a Delegação do Centro da Ordem dos Arquitectos/Secção Regional Sul, o Convento de Cristo recebeu já exposições dos arquitectos Nuno Mateus e José Mateus (ARX Portugal), de Eduardo Souto de Moura e de João Luís Carrilho da Graça.
Lusa/DI
