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Cortiça portuguesa inspira encontro de culturas na Bienal de Veneza

7 de junho de 2019

Leonor Antunes criou um piso de cortiça com desenhos de Carlo Scarpa para o Palazzo Giustinian Lolin, onde está instalada a Representação Oficial Portuguesa | Pavilhão de Portugal na 58ª edição da Bienal de Veneza até 24 de Novembro de 2019.

A matéria-prima, que remete para a identidade nacional, foi integrada no projecto desenvolvido especificamente para o piso inferior e para o piso nobre deste palácio histórico do séc XVII. A versatilidade e a leveza da cortiça permitiram encontrar resultados estéticos assentes no seu traço natural e dão as boas-vindas a quem entra no palácio onde a criação contemporânea Portuguesa se apresenta ao mundo.

Também nesta Bienal, inserido na mostra Dysfunctional, Nacho Carbonell expõe a luminária "Inside a Forest Cloud" num diálogo criativo e eloquente com o imponente Ca' d'Oro, um dos mais destacados e concorridos palácios do Grand Canal. O artista espanhol, conhecido pela sua abordagem táctil à escultura, utiliza granulado projectado de cortiça para criar texturas no topo das várias árvores que compõe esta floresta de luz, usando três tonalidades diferentes desta matéria-prima para formar um degradé que se harmoniza com o aço que forma os ramos e a estrutura da peça.

Nacho Carbonell afirma: "para chegar a este resultado, desenvolvemos amplas experiências com a cortiça, que acreditamos agora conhecer melhor, assim como as suas potencialidades, o que nos ajudará a desenvolver e projetar mais peças no futuro."

Também Cristina Amorim, Administradora da Corticeira Amorim, realça que "a cortiça enquanto matéria-prima tem sido trabalhada por artistas de forma muito interessante, sob várias vertentes. Cativados pelas suas caraterísticas enquanto matéria natural, renovável e sustentável, designers e arquitetos expressam a partir dela a sua criatividade, desde conceitos visuais que remetem à natureza – como é o caso de "Inside a Forest Cloud" de Nacho Carbonell, ou que sustentam o resultado de reflexões artísticas – como é o caso de "a seam, a surface, a hinge, or a knot" de Leonor Antunes. É uma honra poder colaborar em iniciativas desta relevância e notoriedade."

No Pavilhão de Portugal, Leonor Antunes explora o modo como as tradições artesanais de várias culturas se cruzam nesta história, associando nomeadamente o conceito japonês de "Shakkei", onde se verifica o uso de uma paisagem de fundo no projeto de um jardim, com o trabalho de Scarpa e formas de artesanato originárias de Itália, Japão e Portugal.

Nesta 58ª edição, a Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia tem como lema "May You Live In Interesting Times" e curadoria de Ralph Rugoff, diretor da Hayward Gallery de Londres. Na visão do curador, May You Live In Interesting Times "tem como objectivo dar as boas-vindas ao público para uma experiência expansiva de profundo envolvimento, assimilação e aprendizagem criativa que a arte nos proporciona», pois talvez a arte possa oferecer orientações que nos ajudem a viver e pensar nesses "tempos interessantes".