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Promoção e reabilitação urbana com investimento de 750 milhões de euros em sete meses

23 de outubro de 2019

A aquisição de edifícios para reabilitação urbana ou de terrenos para promoção imobiliária entre Janeiro e Julho, ultrapassou os 750 milhões de euros de investimento, representando um crescimento de 80% face ao período homólogo de 2018.

Esta é uma das conclusões do último estudo da Cushman & Wakefield que identificou 35 negócios de aquisição de edifícios para reabilitação urbana ou de terrenos para promoção imobiliária em Lisboa e Porto. 

O estudo revela que o sector residencial continua a ser o principal dinamizador do mercado, contribuindo para a sucessiva subida dos preços de transacção de prédios para reabilitar em ambas as cidades. Na cidade de Lisboa, a habitação foi responsável por 67% da área de construção licenciada e 61% da área em licenciamento e, no Porto, representou 67% da área de construção licenciada e 55% da área em licenciamento, entre Janeiro e Julho.

Face à forte actividade de reabilitação urbana, os valores médios de transacção de prédios urbanos na cidade de Lisboa em 2019 subiram 27% nos imóveis superiores a 500 m² e 18% nas propriedades de dimensão inferior, situando-se no segundo trimestre do ano entre 2.760 euros/m² e 3.320 euros/m², respectivamente, de acordo com os dados do SIR (Sistema de Informação Residencial). No Porto, esse aumento foi ainda mais substancial, com os valores médios a crescerem 41% nos imóveis superiores a 500 m² e 21% nos de dimensão inferior, situando-se em Junho de 2019 nos 1.780 euros/m² e 1.920 euros/m², respectivamente.

Em Lisboa, o centro histórico atinge o valor médio mais elevado (3.530 euros/m²) mas foi a zona ribeirinha que registou o crescimento mais acentuado, 47% face a período homólogo de 2018. Já na Invicta, a zona da Baixa alcança o valor médio mais elevado nos imóveis de dimensão superior a 500 m² (2.756 euros/m²) seguindo-se o Centro Histórico com 1.735 euros/m².

Apesar do claro predomínio da actividade de reabilitação urbana nos centros das cidades, o estudo aponta para uma maior abrangência geográfica por parte da procura, que começa a olhar para zonas mais periféricas para os seus investimentos.

Para Ana Gomes, Directora de Promoção e Reabilitação Urbana na Cushman & Wakefield, “a procura de oportunidades de reabilitação urbana e de promoção nova em Lisboa e no Porto nunca foi tão alta e esta tendência deverá manter-se em 2020. Contudo, esta procura é cada vez mais direccionada para localizações menos centrais onde o investimento foi menor nos últimos três anos. Em Lisboa, por exemplo, é particularmente visível o maior interesse de investidores nos eixos ribeirinhos de Santos/Alcântara e Marvila bem como no eixo central Saldanha/Campo Grande, em detrimento dos bairros históricos da Graça, Alfama, Baixa e Chiado. Também as zonas de expansão da cidade têm vindo a ser alvo de forte interesse, com especial destaque para a Alta de Lisboa, que nos próximos anos irá contribuir para um aumento muito considerável da oferta de produto residencial na cidade”.

A consultora revela ainda que a subida dos custos de construção e a incerteza do tempo necessário para obter licenciamento têm impactado negativamente o mercado de reabilitação e promoção imobiliária, que, ainda assim, continua vigoroso e com um elevado número de projectos em aprovação.

Licenciados 250 projectos em Lisboa

Entre Janeiro e Julho deste ano foram licenciados na cidade de Lisboa 250 projectos com uma área de construção total que ultrapassa os 320.000 m², mais 14% que no período homólogo de 2018. Relativamente aos projectos em licenciamento, estavam em análise nos primeiros sete meses do ano cerca de 450.000 m², representando uma variação homóloga de -17% face a 2018, o que pode ser explicado pelo acumular de processos de licenciamento na Câmara de Lisboa devido aos elevados tempos de decisão.

No Porto, foram contabilizados cerca de 325.000 m² de projectos em licenciamento e mais de 210.000 m² de projectos licenciados.

Apesar da habitação concentrar a maior fatia destes projectos, o sector do turismo ganha relevância em ambas as regiões. Em Lisboa foi responsável por 8% da área licenciada e 12% da área em licenciamento. No Porto, representa actualmente 14% da área de construção licenciada e 25% da área em licenciamento.