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O potencial imobiliário da Grande Lisboa está na Margem Sul

5 de dezembro de 2019

A margem Sul do Tejo deve ser vista "como um investimento”, devido às taxas de esforço para arrendamento e compra, mais acessíveis na Península de Setúbal do que em Lisboa, defendem Ricardo Sousa, CEO da Century 21 e José Almeida, director da Confidencial Imobiliário.

“Hoje a realidade é esta: temos claramente um problema em Lisboa, que são as taxas de esforço de 68% para arrendar uma casa. É muito mais caro para uma família de Lisboa comprar ou arrendar casa, mesmo ganhando mais do que uma família no Seixal”, apontou o CEO da Century 21, Ricardo Sousa.

O responsável falava no auditório da Câmara do Seixal, no distrito de Setúbal, onde apresentou o estudo “Mudar de casa é mudar de vida”, sobre a dificuldade do acesso à habitação em Portugal, apontando que é preciso “mudar de perspectiva”.

Esta mudança, na visão de Ricardo Sousa, passa por considerar os municípios da Península de Setúbal, onde os preços das habitações são mais acessíveis e adequam-se melhor ao rendimento mensal das famílias portuguesas.

“No Seixal existe 22% de taxa de esforço para comprar e 43% para arrendar, ou seja, é um exemplo claro de onde a taxa de esforço ainda está em linha com aquilo que é o rendimento disponível das famílias do município”, explicou.

Segundo o responsável, em Lisboa a população tem um rendimento familiar bruto de 1.733 euros, com taxas de esforço de 58% na compra e 68% no arrendamento, enquanto no Seixal os rendimentos são em média de 1.450 euros, mas com um esforço menor.

Por este motivo, para Ricardo Sousa, o rendimento dos habitantes é o “grande desafio” em Portugal no sector imobiliário, principalmente na Área Metropolitana de Lisboa (AML), onde Loures apresenta o valor mais baixo (1.352 euros por mês/família) e Oeiras o mais alto (1.919 euros por mês/família).

Outro exemplo no distrito de Setúbal é o concelho do Barreiro, onde a população tem receitas na ordem dos 1.400 euros por mês, com taxa de esforço de 18% na compra e de 43% no arrendamento.

Além da maior oferta e preços mais acessíveis, o responsável lembrou que a Península de Setúbal e, sobretudo, o Seixal, também se têm potenciado ao nível da criação de emprego, eventos culturais ou restauração, o que faz com que os concelhos “já não sejam um refugio ou a solução pelo que se pode comprar, mas começam a ser destinos de moda onde se escolhe viver”.

Já o diretor de 'marketing' da Confidencial Imobiliário, José Almeida, indicou que o valor das habitações tem vindo a subir em todo o país, desde 2014, sendo actualmente o preço médio por venda mais elevado na margem Norte da Área Metropolitana de Lisboa, principalmente em Lisboa e Cascais (entre 1.551 a 3.677 euros).

Os concelhos de Almada, Alcochete e Sesimbra rondam os 1.189 a 1.851 euros, enquanto o Seixal, Barreiro e Moita andam entre 726 e 1.189 euros.

“Temos aqui uma faixa de concelhos às portas de Lisboa com uma oferta que é, em termos médios, menos que um terço de Lisboa. Estão a 20 minutos de barco da capital e todos, em particular o Seixal, posicionam-se como alternativas imediatas a uma carência de habitação para uma classe média em Lisboa”, defendeu.

De acordo com o estudo “Mudar de casa é mudar de vida”, em Portugal os clientes que compram e arrendam casa são, na maioria, mulheres com menos de 40 anos, com um agregado familiar de três pessoas, licenciados, empregados em instituições privadas e com um rendimento mensal de 1.000 a 2.000 euros.

A principal motivação para a procura de uma nova casa deve-se a alterações na estrutura familiar, como casamento ou divórcio, e cerca de 90% da população do país tem a ambição de “ser proprietário”.

No entanto, como concluiu Ricardo Sousa, “mais de 30% da procura e das pessoas que estão efectivamente a tentar comprar estão, neste momento, no mercado do arrendamento”, ou seja, os portugueses têm-se ajustado “ao seu orçamento e ao que podem comprar”.

LUSA/DI