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Investimento em imobiliário de rendimento com quebra de 70% no 1.º semestre

19 de julho de 2021

Foram investidos 530 milhões de euros em imobiliário de rendimento nos primeiros seis meses do ano, o que representa uma redução da actividade de 70% apenas comparável com 2014 e os anos anteriores à crise económica e financeira, segundo a consultora CBRE.

A CBRE, consultora na prestação de serviços para o sector imobiliário, conclui o primeiro semestre de 2021 na liderança do mercado de investimento, ao participar em 50% das transações realizadas, às quais corresponde 71% do volume total de investimento.

Ainda que o segundo trimestre tenha registado um volume de investimento de 330 milhões de euros, que se traduz num crescimento de 65% face ao trimestre anterior, verificou-se uma quebra de 70% relativamente ao semestre homólogo de 2021, quando se tinha registado o melhor primeiro trimestre de sempre.

Do total investido durante a primeira metade do ano, 40% foi canalizado para activos de escritórios (210 milhões de euros), 31% para imóveis residenciais de arrendamento (165 milhões de euros) e 14% para retalho (75 milhões de euros).

A CBRE destaca como principais negócios concretizados com a sua intervenção a transação do portefólio Navigator, que integra sete edifícios de escritórios, a assessoria na venda do edifício que aloja a sede da WPP Portugal em Lisboa, a venda do edifício D. Manuel II, no Porto, e ainda a venda do Hotel Exe Saldanha, localizado no centro de Lisboa.

“Apesar do volume de investimento no primeiro semestre apresentar uma redução face ao período homólogo, é com grande satisfação que comunicamos a nossa liderança de mercado. Esta liderança vem evidenciar que em períodos marcados por alguma incerteza e retração, os clientes continuam a confiar na capacidade de aconselhamento da CBRE. Mantemo-nos focados no crescimento da nossa empresa e no seu portefólio de serviços, e neste sentido, no primeiro semestre de 2021,  contratámos um novo responsável  para a área de Agribusiness e reforçámos a nossa equipa de Capital Markets com um diretor no Porto, confirmando a importância estratégica desta região para a CBRE e a nossa aposta no seu potencial”, refere Francisco Horta e Costa, Director-Geral da CBRE Portugal.

“Mesmo com toda a incerteza relativamente ao futuro do trabalho e ao regresso ao escritório físico, vemos muito interesse por parte dos investidores em activos de escritórios, em particular nas localizações prime e de referência na cidade. Há muita procura por produto residencial e apesar de Portugal não ter ainda projetos de Build to Rent, estamos envolvidos em algumas transações, tanto de grandes portefólios como de edifícios avulsos. Adicionalmente têm-se concretizado diversos negócios envolvendo vistos ‘gold’ em lojas de comércio de rua, uma tendência que advém da decisão legislativa de término deste programa para o mercado residencial nas zonas litorais, nomeadamente nas cidades de Lisboa e Porto”, adianta Nuno Nunes, Senior Director para a área de Capital Markets da CBRE Portugal.

A CBRE projeta uma segunda metade do ano bastante mais dinâmica, em função dos negócios em curso, cujos mais relevantes em termos de valor envolvem as classes de activos associadas a camas – tais como hotéis, habitação e até mesmo algumas unidades de saúde, existindo ainda diversos edifícios de escritórios em negociação.

A  consultora prevê um volume de investimento adicional que poderá atingir os 2.200 milhões de euros, o qual inclui uma transacção que per si representa cerca de mil milhões de euros. No entanto, devido à sua dimensão e complexidade, esta poderá derrapar para 2022, impactando fortemente os resultados de 2021.

Desta forma, a previsão da CBRE aponta para um intervalo de volume total de investimento em 2021 entre 1.700 e 2.700 milhões de euros, estando a consultora envolvida em 90% do volume de investimento estimado para o segundo semestre.

Escritórios com abrandamento da actividade

No segmento de escritórios, verificou-se um abrandamento da actividade, associado ao agravar da situação pandémica, com o consequente confinamento total durante o primeiro trimestre e ainda a manutenção da obrigatoriedade do teletrabalho ao longo de todo o semestre, que resultou na suspensão dos planos de expansão da maioria das empresas.

Ao longo do semestre foram colocados 55.000 m2 em Lisboa, reflectindo uma quebra de 34% face ao período homólogo (quando apenas se verificou um trimestre em pandemia), sendo que as perspetivas são mais animadoras para o segundo semestre. A CBRE prevê que o ano termine com uma ocupação bruta entre 120.000 e 130.000 m2. No entanto, apesar do abrandamento da actividade, é de destacar que a taxa de disponibilidade continua em níveis muito baixos, o que se tem refletido na manutenção das condições contratuais por parte dos proprietários, nomeadamente, o valor das rendas prime, que permaneceram estáveis em todas as zonas (25 euros/m2/mês no CBD1), antecipando até uma subida no Corredor Oeste.

No Porto, apesar de uma redução da atividade no primeiro semestre de 2021, na ordem dos 50%, relativamente a igual período do ano anterior, para 13.000 m2, continua a verificar-se uma procura sustentada por parte de empresas internacionais, podendo a ocupação atingir os 40.000 m2 no final do ano.

Logística em contraciclo

Em contraciclo, a CBRE indica animadas perspectivas para o sector da logística que verifica níveis de atividade recorde. A consultora registou um total de 227.000 m2 de espaços logísticos contratados ao longo do primeiro semestre do ano, um valor quase equiparado aos 239.000 m2 ocupados na totalidade do ano 2020. A escassez de espaços para arrendamento neste setor reflete-se no peso de 65% de área total ocupada em espaços desenvolvidos à medida ou ainda em construção (pré-arrendamentos).

A CBRE prevê que mais 200.000 m2 poderão ser ocupados no segundo semestre, aos quais podem ainda acrescer outros 600.000 m2, caso se concretize a operação anunciada pela Mercadona (400.000 m2) e outras duas operações de concentração de cadeias retalhistas, em negociação para a zona da Azambuja.

A forte dinâmica do setor traduz-se numa pressão sobre as rendas, as quais registaram um aumento de 7%, face ao final do ano anterior, para 4 euros/m2/mês, na zona do Carregado-Azambuja, o eixo privilegiado de logística de grande dimensão; e um aumento exponencial de 30%, para 5,5 euros/m2/mês, no eixo envolvente a Lisboa/CRIL para onde se concentra a procura de logística de última milha.

No retalho, onde a CBRE é responsável pela gestão de um conjunto de 16 centros comerciais e retail parks dispersos por todo o país, assistimos a uma gradual atenuação da quebra dos principais indicadores de desempenho despoletada pela pandemia e pelos sucessivos confinamentos. Efetivamente, nota-se uma recuperação mais rápida do que a verificada no ano passado, após o primeiro confinamento, revelando uma retoma na confiança dos consumidores.