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Internacional

 

Economia chinesa vai alcançar a norte-americana dois anos mais cedo do que o esperado

1 de fevereiro de 2021

China será a única grande economia que crescerá no ano da pandemia. O seu PIB cresceu 6,5% homólogo no quarto trimestre de 2020, um ritmo superior ao esperado e o maior desde o final de 2018.

A análise "Pulso Económico, 18 a 24 de Janeiro 2021", divulgada recentemente pelo Banco BPI, acionista da COSEC, revela que em cadeia, o crescimento foi de 2,6%, o que coloca o crescimento do PIB no conjunto do ano de 2020 em 2,3%.

O estudo "The world is moving East, fast", publicado pela Euler Hermes, líder mundial em seguros de créditos e que integra igualmente a estrutura accionista da COSEC, destaca que o desempenho positivo do PIB chinês contrasta com a evolução negativa, de -4,2%, do PIB da economia global. Em 2021, estima-se neste estudo, a diferença entre ambas poderá diminuir. Contudo, enquanto a economia global poderá atingir um crescimento de +4,6%, a China deverá crescer +8,4%

A boa performance económica da China, segundo este estudo do accionista da COSEC, deve-se sobretudo às fortes políticas de apoio implementadas pelo Governo chinês. Os estímulos fiscais para 2020 impulsionaram o crescimento do PIB em 4,1 pontos percentuais (p.p). Esta diferença contrasta, por exemplo, com o crescimento impulsionado pelos estímulos fiscais de 1,7 p.p. nos Estados Unidos e de +1,3 p.p. na Alemanha. A protecção das empresas públicas chinesas durante a pandemia foi também um dos principais factores de controlo dos danos da crise: tornou possível assegurar a manutenção da actividade económica, bem como os empregos, ainda que sem lucros.

A análise refere ainda que o rápido controlo da pandemia, o fim das medidas de confinamento e a ausência de uma nova vaga contribuíram para estes resultados. Segundo o estudo, as exportações também tiveram um papel determinante, devido a um aumento de cerca de 27% face ao ano anterior, impulsionadas sobretudo pela procura por equipamentos de protecção e de equipamentos electrónicos.

Crise da Covid-19 acelera o equilíbrio global em direção à Ásia

O PIB da China vai atingir o dos Estados Unidos dois anos mais cedo do que o que se estimava antes da pandemia, ou seja, em 2030, revela a mesma análise da Euler Hermes. Prevê-se que a velocidade a que, anualmente, a economia chinesa se aproximará da Norte Americana será, a partir de agora, 2,5 vezes superior à média registada entre 2015 e 2019.

Segundo o mesmo estudo, desde 2002, o centro de gravidade da economia global (WECG, na sigla em inglês) está a deslocar-se no sentido da Ásia-Pacífico e que esta região está preparada para recuperar da crise pandémica 1,4 vezes mais rapidamente do que o previsto, fazendo com que, em 2030, o WECG esteja localizado entre a China, a Índia e o Paquistão.

Este trajecto de bom desempenho económico será muito influenciado pelo acordo de comércio livre Parceria Económica Abrangente Regional (RCEP- Regional Comprehensive Economic Partnership), assinado entre a China e as maiores potências asiáticas e, ainda, a Austrália e a Nova Zelândia. As regras menos restritivas face a outros acordos e o facto de apenas ser necessário que 40% da mercadoria seja de origem regional para ser considerada de origem RCEP são fatores que impulsionam o crescimento destas economias. As economias dos países que integram o acordo são complementares, com estruturas de exportação (por setor) a corresponderem às estruturas de importação dos seus parceiros comerciais, impulsionando uma integração comercial de valor acrescentado, o que reforça o potencial deste acordo.

De acordo com o accionista da COSEC, no longo prazo este contexto terá consequências no sistema monetário e na política global: no caso da União Europeia, por exemplo, será relevante a salvaguarda da aliança com os Estados Unidos da América e a definição de uma estratégia comercial capaz de colher os frutos do crescimento dos países asiáticos.