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Família dos fundadores da Fábrica Confiança apela à suspensão da hasta pública

23 de abril de 2019

Sessenta e três descendentes e familiares de Manuel dos Santos Pereira e Rosalvo da Silva Almeida, que fundaram a Saboaria e Perfumaria Confiança em 1894, lançam um apelo ao presidente da Câmara Municipal de Braga para que suspenda a hasta pública de alienação do edifício, agendada para 30 de Abril.

Os membros da família defendem que “o imóvel deve continuar na esfera pública, constituindo um centro interpretativo da memória da fábrica e de outras unidades industriais já desaparecidas e um espaço dedicado às artes e à cultura. Foi aliás essa a razão pela qual foi adquirido pelo Município de Braga em 2011/2012 através de um processo de expropriação por utilidade pública com o propósito expresso de ser reabilitado e no âmbito de um consenso alargado quanto à salvaguarda deste marco da indústria bracarense e portuguesa”.

Acrescentam ainda que “para além da qualidade dos seus produtos, do seu aroma e textura inigualáveis, do fabuloso design inovador dos seus rótulos e embalagens, a Confiança marcou a cidade de Braga também pelas condições de trabalho que proporcionou aos seus operários”, refere a mesma missiva dos fundadores da fábrica, que destaca ainda que a par da componente industrial, a Confiança contribuiu para “o enriquecimento cultural dos seus trabalhadores, muitos antigos operários lembram ainda hoje as festas, os espetáculos e as sessões de cinema”.

A família considera por isso que “é em nome dessa memória, que, no caso particular, se funde com a nossa memória familiar e com o orgulho que sentimos em sermos descendentes dos dois jovens visionários que em 1894 fundaram a Confiança,que apelamos ao senhor Presidente da Câmara de Braga para que suspenda a venda em hasta pública prevista para o próximo dia 30 e se sente à mesa com as associações culturais bracarenses reunidas na plataforma Salvar a Fábrica Confiança no sentido de encontrar um destino para o imóvel digno do seu passado e daquilo que significa para a memória colectiva dos bracarenses”.

A Plataforma Salvar a Fábrica Confiança apresentou recurso no Tribunal Central Administrativo Norte da decisão relativa à providência cautelar. Ao mesmo tempo decorre a acção principal onde se apontam várias ilegalidades, entre elas a violação do PDM, no processo de venda da Fábrica Confiança a privados. Entretanto, está a decorrer na Direcção-Geral do Património Cultural o processo de classificação da antiga Fábrica Confiança. A Câmara de Braga expropriou o edifício para o transformar num equipamento cultural aberto à cidade. Essa intenção foi defendida pela coligação PSD/CDS quando ganhou as eleições de 2013.

De acordo com a plataforma, os restantes partidos também eram e são favoráveis à manutenção do edifício na esfera municipal. O investimento na aquisição da Fábrica Confiança encontra-se integralmente pago, não constituindo qualquer encargo para o Município de Braga. "A alienação a privados constitui um ato irreversível, representará uma perda inestimável para a Cidade e para o país", avança em comunicado.