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Turismo

 

"Em 2018, o impacto económico do AL foi de 412 M€”

7 de abril de 2019

Em 2018, segundo o Barómetro do Alojamento Local realizado pela HomeAway e a Universidade Lusófona, estima-se um impacto económico de cerca de 412 milhões de euros, destaca, em entrevista, Sofia Dias, responsável da HomeAway.

Em termos de cidades/regiões do país, quais são as preferências dos portugueses?

Segundo um estudo recente da HomeAway, a zona preferida pelos habitantes nacionais continua a ser, sem grande surpresa, o Algarve, com Albufeira, Portimão e Cabanas de Tavira a surgirem no topo das localidades eleitas. Os portugueses continuam a gostar de fazer férias em Portugal, sendo que as regiões à beira-mar permanecem no top das preferências.

No entanto, temos verificado um crescimento mais rápido do interesse no que se refere a localidades como Manta Rota, Armação de Pera ou Altura, o que vem confirmar o peso progressivo do Sotavento algarvio. Trata-se de zonas autênticas, em que os preços não ultrapassam os 30 euros por noite e por pessoa, o que acaba por atrair muitos viajantes que procuram destinos mais tranquilos, genuínos e por vezes mais confidenciais do que as outras zonas mais frequentadas do Algarve.

O factor preço é importante na escolha da qualidade do alojamento? Influencia a decisão?

Sim, sem dúvida. As questões orçamentais continuam a pesar no momento de escolher um alojamento para férias. Cada vez mais verificamos que as pessoas, especialmente quando em família ou grupo de amigos, tendem em privilegiar opções mais distantes das zonas turísticas por vezes mais económicas para assim poderem usufruir de alojamentos maiores, mais bem equipados, com mais comodidades, como uma piscina por exemplo, mas a preços mais acessíveis. Segundo dados do primeiro barómetro, as questões orçamentais são sempre um dos pontos-chave para compreender o perfil dos consumidores de qualquer serviço, e isso é também evidente no caso do alojamento. Claro está que o tipo de férias também influencia a escolha da habitação.

No caso de existirem crianças, é provável que a prioridade seja uma zona mais segura e sossegada, ainda assim com actividades por perto, por oposição a uma viagem de amigos cujo interesse será a diversão e a proximidade aos roteiros turísticos. Notamos também que, aquando de uma viagem familiar, a escolha e reserva do alojamento são feitas com maior antecedência. A tendência que temos verificado é para o aumento da preferência pelos alojamentos locais, muito fruto da relação entre preço e comodidade. De facto, os viajantes que ficam hospedados em alojamentos locais tendem a realizar estadias mais prolongadas quando comparadas com aquelas que são habituais em hotéis.

Como se repartem os outros 59% dos utilizadores do alojamento local?

As famílias são os principais utilizadores da modalidade de alojamento local, com 41,30% a preferir claramente esta opção. Para além das famílias, os hóspedes são essencialmente casais e grupos de amigos, que se traduzem em 34,9% e 18,5% dos utilizadores, respectivamente. Estas estadias duram em média até sete dias e o número médio de turistas por alojamento é de 3,88. Importa referir que o apartamento foi o tipo de alojamento preferido pelos viajantes (42,7%).

A média de gastos despendida com o alojamento tem apresentado uma tendência de agravamento em termos de valores finais?

Neste barómetro constatamos que, de uma forma geral, os gastos médios com o alojamento e as despesas no local rondam os 737 euros, com cerca de 354 euros para alojamento e 383 euros para os restantes gastos. Como já referi, o preço é um dos factores que mais influenciam a decisão aquando da escolha entre o alojamento local e um hotel. Assim, ao preferir esta modalidade, por oposição a um hotel, os utilizadores procuram um alojamento acessível, mas com todas as comodidades necessárias.

O barómetro vai analisar os aspectos relacionados com as alterações à oferta/procura que serão visíveis em breve, especialmente nos centros das principais cidades, fruto da nova legislação?

O alojamento local é um sector até hoje pouco analisado e cujo interesse e impacto económico era pouco documentado. O barómetro da HomeAway tem por objectivo oferecer uma melhor percepção do fenómeno, da sua atractividade para os turistas e motivações que facilitam o seu crescimento. Por si, constitui uma base interessante para analisar este sector turístico.

Qual é a opinião da HomeAway sobre as consequências para o AL do novo quadro legislativo?

É indiscutível o peso que o alojamento local já tem no turismo em Portugal e, consequentemente, para a economia portuguesa. Segundo o estudo do INE de Agosto de 2018, só em 2017, dos 24,1 milhões de hóspedes que Portugal recebeu, 3,4 milhões escolheram o alojamento local: isto significa um aumento de 28,8%.

Em 2018, segundo o Barómetro do Alojamento Local realizado pela HomeAway e a Universidade Lusófona, estima-se um impacto económico de cerca de 412 milhões de euros, dos quais 228 milhões de euros foram gastos durante a estadia e 133 milhões ao alojamento reservado. É por isso um pilar estratégico da atractividade turística de Portugal. O quadro legislativo é agora mais claro para permitir um desenvolvimento controlado deste sector dinâmico a nível nacional (número de registo nomeadamente). A HomeAway é principalmente a escolha das famílias, dos viajantes que procuram um maior envolvimento com as realidades locais e que viajam durante as férias escolares e fins-de-semana prolongados. A HomeAway propõe desta forma alojamentos na sua maioria nas zonas mais turísticas (Algarve, Alentejo, Norte, Litoral) e menos nos centros urbanos.

Autor: Elisabete Soares /VE