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Opinião

 

Porque precisamos de uma Ordem

1 de fevereiro de 2021

Nesta pandemia e neste confinamento que vivemos, as decisões e os critérios para manter umas actividades abertas e outras encerradas têm sido tudo menos lógicas.

Fechar livrarias, sapatarias ou outras que vendem produtos que não são considerados de primeira necessidade até podia ser lógico. (No caso das livrarias, optar por essa decisão diz muito sobre a pobreza de espírito que se tornou Portugal). Mas torna-se naturalmente ilógico quando, com essa decisão matamos pessoas, famílias e negócios. Quem, no seu perfeito juízo, acha que é com os apoios que estão ou que vão ser dados que a coisa se resolve e toda a gente afectada por estas decisões (sobre)vive feliz?

O mesmo se passa, infelizmente, com o imobiliário, quando se considera que a compra e venda de casas não são bens de primeira necessidade. Mas, lá está, na (i)lógica surpreendente que temos, se não estou em erro, não há nada nestas regras do confinamento que nos impeça de ir comprar um carro ou, com sorte, até mesmo marcar a nossa próxima viagem.

Dito isto, conheço felizmente muitos casos de profissionais que, com bom senso e todas as cautelas que a pandemia assim o exige, protegendo-se a si e aos seus clientes, estão a ignorar olimpicamente estas regras que, a serem cumpridas, os impediria de trabalhar. E porque este é um negócio de pessoas para pessoas, todos os dias, arriscam multas por prevaricar.

Pelo meio, o que temos? As organizações do sector mostram-se muito indignadas, os responsáveis das marcas que têm acesso directo à comunicação social também e os consultores, individualmente, vão desabafando a injustiça destas medidas nas redes sociais.

Aqui chegados o que nos resta? Muito pouco, infelizmente.

Porque reclamamos e reclamamos e não vemos nada resolvido. Porque, enquanto profissionais, pagamos tudo e um par de botas para que possamos trabalhar, mas quando é chegada a hora da verdade, não temos ninguém que zele por nós e que nos defenda perante decisões injustas e arbitrárias.

É por tudo o que acima escrevi e por tudo o mais que sinto, quero aqui partilhar convosco que hoje começo o caminho para a criação de uma futura Ordem profissional, que faça tudo aquilo que nós ambicionamos para o sector e que, também, regule o faroeste que se tornou esta profissão. Posso estar sozinho, mas nunca tive tanta certeza da minha razão.

Francisco Mota Ferreira

Consultor imobiliário