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Helena Roseta quer Estado a comprar “pechinchas” do Novo Banco

7 de abril de 2019

Helena Roseta, arquitecta e deputada independente, eleita pelo PS, defendeu ontem no parlamento, que o Estado deveria comprar prédios e casas que o Novo Banco (ex-BES) vier a pôr à venda a preço “de pechincha”.

A proposta foi feita por Helena Roseta, em jeito de pergunta, na intervenção a que tem direito, a título individual, naquele que admitiu poder vir a ser o seu último discurso na Assembleia da República e que foi aplaudido pelas bancadas do PS, BE e PCP.

“Já que, directa ou indirectamente, somos todos chamados a pagar para manter a confiança dos depositantes e a estabilidade do sistema financeiro, já que a nacionalização do Novo Banco foi descartada, por que não há de o imobiliário não estratégico do Novo Banco ficar na posse do Estado?”, questionou, numa intervenção que intitulou “O Novo Banco e a democracia”.

A deputada afirmou que na “limpeza do balanço que o Novo Banco tem vindo a fazer, estão a ser vendidos ‘activos imobiliários não estratégicos’, ao desbarato e com grandes perdas, ao primeiro que se apresente”, nomeadamente a “um ‘hedge fund’ [fundo de investimento], outro eufemismo para fundo abutre”.

Helena Roseta deu o exemplo do projecto Viriato, do Novo Banco (NB), uma carteira imobiliária, com um valor contabilístico de 717 milhões de euros, com 8.726 propriedades com usos residencial, industrial, comercial e terrenos”.

“Foi vendida à Anchorage Capital Group, que pagou apenas 389 milhões de euros. Uma pechincha”, sintetizou.

Já depois de ouvir os elogios de Maria Manuel Rola, do Bloco de Esquerda, e de João Oliveira, do PCP, Roseta voltou ao assunto para “dar um número”.

Com o projecto Viriato, o banco “vendeu quase nove mil imóveis”, enquanto os imóveis que o Estado “tem para Habitação Social são 11 mil”, acrescentou a arquitecta e deputada, uma das responsáveis pelas propostas do PS para a lei de bases da habitação.

Soluções legais ou técnicas, não tem, mas deixou algumas sugestões.

“Não sei exatamente qual será a melhor solução técnica, se um direito de preferência, se uma exigência maior de controle, se outra qualquer. O que sei é que o caminho actual é desproporcionado e injusto e, no final de contas, ficamos sem nada. Nem banco nem imobiliário”, afirmou.

Com a lei de bases da habitação ainda em discussão no parlamento, Roseta terminou a sua intervenção com um apelo ao consenso nesta matéria, pediu que "a direita" apresente propostas, depois de criticar as dos partidos de esquerda, para se tentar aprovar o diploma.

"Nós temos de fazer alguma coisa, é este o meu apelo. Nós temos de fazer alguma coisa", pediu.

Lusa/DI