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Habitação by century 21

 

Casas a estrear voltam a conquistar portugueses

16 de julho de 2018

Nunca se falou tanto em Reabilitação Urbana como nos últimos anos. Ela dinamizou as cidades e conquistou a confiança dos promotores imobiliários e as empresas de construção. Contudo, depressa se restringiu a zonas históricas e focada para projetos residenciais de luxo. A procura por parte de clientes estrangeiros atraídos pela magia de Lisboa e a descoberta do mundo por este pequeno país da Europa, trouxe turistas e residentes famosos. Os preços dispararam, os ‘velhos’ inquilinos despejados e os portugueses viram-se impossibilitados de comprar ou arrendar casa, sobretudo em Lisboa.

As periferias foram contagiadas por este deslumbre imobiliário e os valores tambémsubiramsignificativamente. Para onde irão morar as famílias e os jovens portugueses? A resposta para esta questão é, para muitos especialistas, fazer aumentar a oferta de habitação, sobretudo nova, porque o problema não está na procura mas na oferta. Dizem que é escassa e aque existe não responde às necessidades de quem pretende uma nova casa. A crise abrandou e travou mesmo muitos novos projetos residenciais e atualmente com o mercado mais dinâmico, essa oferta não existe.

No primeiro trimestre do ano, o licenciamento de fogos em construções novas cresceu 21,1%, em termos homólogos, para um total de 4.203 habitações. De acordo com a Síntese Estatística daHabitação, da AICCOPN, foram emitidas pelas CâmarasMunicipais 3.400 licenças de construção nova e reabilitação de edifícios habitacionais, traduzindo-se num aumento de 10,0% emtermos homólogos. Manuel Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e Imobiliária – CPCI, garante, “o que existe é falta de habitação” e que através da reabilitação ou da construção nova é necessário colmatar essa necessidade. O responsável lembra que existem milhares de imóveis que necessitam de ser reabilitados, não só nos principais centros urbanos, mas também e a nível nacional. “Estamos a falar de cerca de 60 a 70 mil casas que estão atualmente em falta no mercado”. Reis Campos refere que os números do licenciamento de habitações em construções novas, apontam para um crescimento significativo, que foi, em termos homólogos, de 24,4% em 2017. “A manter-se este ritmo, podemos estar a falar da construção de 17 a 20 mil habitações novas, no corrente ano, o que compara com as mais de 114mil registadas em 2001. Estamos a observar uma recuperação da construção nova, mas a ritmos muito inferiores aos verificados no passado”.

Hugo Santos Ferreira, vice-presidente executivo da APPII – Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, confirma o interesse de novos promotores em construção nova. “Tem sido comum, nos últimos meses, registarmos o interesse de vários promotores e investidores imobiliários, nacionais e até estrangeiros, por novas localizações que não apenas nas zonas prime, havendo até alguns deles que são conhecidos e exclusivos atores dessas zonas. 2018 vai a ficar marcado pelo regresso de alguns projetos fora do segmento alto, de luxury real estate, pretendendo apanhar um público mais abrangente, designadamente a classe média e muito a classe média portuguesa”, afirma. O responsável considera que é muito importante que todos – stakeholders, Estado Central, Autarquias e demais entidades públicas e privadas – lutem por um mercado em equilíbrio, que seja atrativo tanto para os estrangeiros mas que seja também acessível aos portugueses e em especial que seja acessível aos jovens.

João Faria, presidente da AICE – Associação dos Industriais da Construção de Edifícios, assegura que existem dois tipos de promotores. Alguns estrangeiros com uma enorme capacidade financeira e que estão a desenvolver grandes empreendimentos, principalmente de luxo, nos centros urbanos ou em zonas altamente turísticas e os promotores nacionais e mais tradicionais que começam agora a voltar a desenvolver novos empreendimentos nas periferias essencialmente para o mercado médio nacional. Com o receio de se seguir antigos exemplos de construção em demasia, o responsável da AICE revela que sempre que se fala que falta de algo, pode correr-se o risco de se fazer demais.” Já o vimos acontecer antes”.

Viabilizar um mercado equilibrado

Hugo Santos Ferreira apela à viabilização de um mercado em equilíbrio! Que seja atrativo para os estrangeiros mas também acessível aos portugueses. “Tudo devemos continuar a fazer para que a reabilitação urbana continue a ser uma realidade. Mas, paralelamente, é tempo agora de dinamizar também a construção nova. A reabilitação urbana, com os seus benefícios fiscais e com uma legislação revista e adaptada, é a aposta e a escolha da maioria dos que por aqui pretendem investir. Porque não alargar este quadro de incentivos fiscais e legislativos também a esta necessidade, que é hoje construção nova?”, questiona.

Se do lado dos promotores e investidores existe a consciência de que é necessário a construção nova para equilibrar o mercado, seja para ter a oferta para a procura, como para nivelar e estabilizar os preços, também os consultores, verificam uma procura crescente em produtos novos. Para Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, a falta de habitação nova é uma realidade inquestionável e fundamenta-se, quer pela falta de oferta ajustada à procura em grande parte do território nacional, “quer porque a procura de habitação nova é a preferência de aproximadamente 20% dos consumidores que pretendem adquirir imóveis, de acordo comos dados que registamos na rede Century 21 Portugal”.

*Artigo publicado no Jornal Económico no caderno do Diário Imobiliário - Texto escrito com novo acordo ortográfico