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O que é hoje a arquitectura?

11 de fevereiro de 2015

Beatrice Galilee, curadora baseada em Londres, crítica, escritora e professora de arquitectura, é a curadora geral da Trienal de Arquitectura 2013. Em entrevista ao Diário Imobiliário revela os objectivos, as expectativas e as dificuldades encontradas para realizar esta trienal.

Qual o grande objectivo desta 3ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa?

Nós pretendemos desafiar o que é tradicionalmente aceite como prática de arquitectura. Em vez de fazer referência específica à construção de edifícios, o campo da arquitectura poderia ser entendido para incluir as acções do interior dos edifícios, as políticas e a teoria, a crítica, as plataformas sociais e políticas que envolvem o objecto da arquitectura. Sentimos que este tópico é imprescindível num tempo de crise quando as condições financeiras para as comissões tradicionais estão radicalmente a mudar no trabalho e no emprego para uma nova geração de arquitectos e que está longe de ser o mais certo.

Acreditamos que o que por vezes é apresentado na divulgação e nos media como arquitectura é apenas a ponta do iceberg e estamos a usar esta oportunidade para discutir o que falta. Também queremos demonstrar que o verdadeiro autor raramente é o arquitecto. É o cliente, o político, as leis de planificação, as estruturas de financiamento e a circunstância económica. O programa é construído para reflectir sobre isto. Em vez de dar uma resposta, gostaríamos de colocar uma questão: O que é hoje a arquitectura?

Porquê a escolha do tema Close, Closer?

Close, Closer é mais um título do que um tema. É uma sugestão de intimidade e curiosidade, ou aproximação de uma meta e um destino. A sensação de ilusão ou poesia é importante porque permite que o público projecte as suas próprias ideias e as leituras das exibições e ideias do projecto.

Quais os momentos mais importantes desta edição?

O nosso programa público é designado como um momento público – em vez de mantermos as nossas conversas e debates à porta fechada ou dentro da elite arquitectónica de Lisboa, elas vão decorrer numa praça pública ou na Praça da Figueira. ‘A Realidade e Outras Ficções’ está a servir jantares no antigo Palácio Marquês de Pombal, onde se pode jantar com um designado ‘Marquês’ incluindo a Clara Ferreira Alves, Delfim Sardo e Catarina Portas e discutir temas relacionados com o futuro de Lisboa. O ‘The Institute Effect’ vai convidar as instituições internacionais de arquitectura incluindo a Fabrica, o Storefront for Art and Architecture and Salt, em que cada uma vai colocar um projecto único no MUDE. O ‘The Future Perfect exhibition’, é uma extraordinária visão da cidade do futuro, vai ser uma experiência a não perder e que dificilmente se irá esquecer. Vamos ter também 10 projectos Crisis Buster e aproximadamente 90 projectos associados que vão ter lugar em todo o mundo.

A Trienal poderá ser uma forma de dar confiança e esperança aos arquitectos?

Esperamos mostrar algumas formas como a arquitectura pode ser praticada, assim com exemplos reais de estúdios que se estão a ramificar pelo comércio e cultura em novas formas.

É mais dirigida ao arquitecto ou a passar uma mensagem aos apreciadores de arquitectura?

Espero que seja equilibrado, assim como para estudantes e praticantes que estejam próximos da arquitectura. E talvez também pessoas que não sabiam o quanto interessadas estavam realmente na arquitectura.

Numa altura difícil a nível económico e financeiro, como foi possível realizar esta iniciativa?

Penso que provavelmente tenha sido a coisa mais difícil que alguma vez fiz! É extremamente desafiante porque a nossa equipa combate a crise diariamente de toda a maneira que nos é possível. A situação financeira está a criar desafios interessantes e estamos a ser inspirados pelos nossos participantes e curadores com os seus esforços.

Quais as expectativas para esta edição?

Acredito que nestas condições as expectativas são para que se observe a arquitectura como algo menos tradicional. O que estamos a fazer é um pouco como uma experiência!