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Mercado exige soluções personalizadas

11 de fevereiro de 2015

Quando o Amoreiras Shopping Center abriu as suas portas em Lisboa há 28 anos a população rendeu-se aos encantos do primeiro grande centro comercial no país. Ninguém tem dúvidas que foi pioneiro na forma como os portugueses começaram a comprar. A concentração de lojas aliada ao lazer e à restauração alterou por completo os hábitos de consumo em Portugal.

A Mundicenter, que completa este ano 30 anos de actividade, tem o privilégio de deter algumas das relíquias do retalho português, além do Amoreiras Shopping Center, possuiu o renovado Centro Comercial de Alvalade, um shopping de conveniência e pequena dimensão, passando a ser quase um shopping de bairro e o Strada que ganhou nova vida com a transformação das lojas em outlet.

Fernando Muñoz de Oliveira, administrador da Mundicenter, em entrevista ao Diário Imobiliário revela que a sua longevidade no sector do retalho permite antever algumas tendências e agir por antecedência.

A Mundicenter tem no seu portfólio alguns dos centros comerciais mais emblemáticos e pioneiros em Portugal. O que distingue na essência este Grupo e os seus centros em relação aos outros existentes?

Mundicenter caracteriza-se por ser um Grupo Português, que promove, desenvolve e gere Centros Comerciais, mantendo a sua propriedade. No momento em que completamos 30 anos de actividade, e com todas as alterações de comportamento do mercado que acompanhámos, detemos um conhecimento que nos permite antever algumas tendências e agir por antecedência. Criamos espaços históricos, como o Amoreiras Shopping Center - o primeiro grande centro comercial em Portugal, irrefutável ícone de Lisboa.

Como se tem posicionado nestes 30 anos de actividade?

Ao longo deste 30 anos, a Mundicenter tem-se procurado posicionar de forma a criar valor para os seus “stakeholders“. Desenvolvemos espaços de comércio e lazer integrados e, mais do que em grande quantidade, estamos focados em sermos reconhecidos pela grande qualidade do serviço prestado. Os resultados alcançados evidenciam o sucesso: mesmo nestes tempos de crise porque passamos, a taxa média de ocupação dos nossos centros comerciais é de 95%, chegando mesmo perto de 100%, em alguns destes espaços. O Oeiras Parque, por exemplo, tem lojas em lista de espera para entrar, o que justifica o projecto de ampliação que temos para este espaço, de um aumento de cerca de 3000m2 de área. Outro exemplo da nossa adequação gradual, que é aliás estratégia do grupo, o Braga Parque começou com 15.000m2 e, após duas ampliações, tem hoje 50.000 m2.

De que forma tem evoluído o consumo e os próprios centros comerciais?

Ao longo dos últimos 30 anos, o consumo cresceu de forma muito significativa, tendo o número crescente de Centros Comerciais acompanhado esse crescimento. Nos últimos anos assistimos a uma diminuição do consumo, acompanhada de uma alteração de hábitos e práticas comerciais, tornando o mercado muito mais competitivo e exigente. Nos centros comerciais que gerimos, temos trabalhado afincadamente para corresponder às exigências actuais. Um exemplo desta adequação aos modelos de consumo é o Strada Outlet, em Odivelas. Após um cuidado estudo, percebemos que o espaço necessitava de ser adequado ao mercado da grande Lisboa, em termos da procura dos consumidores e da concorrência existente na sua área de influência. Foi a partir desse estudo que se decidiu implementar o conceito misto que junta o outlet ao shopping, o que contribuiu para o significativo aumento das visitas e vendas e o voltou a colocar na mira dos lojistas, com uma taxa de ocupação de 90%.

Actualmente o comércio de rua tem vindo a crescer, isso tem afectado os centros comerciais?

Não. O aumento que se tem registado no comércio em algumas ruas, nomeadamente em Lisboa, não tem afectado os Centros Comerciais.

Numa altura de crise em que o consumo baixou como é que os grandes centros comerciais ultrapassam a situação?

Modernizando, inovando, estreitando a relação com os seus “stakeholders”, optimizando recursos e processos de trabalho. E com a observação e oferta de soluções, focados nas diferentes realidades de espaço para espaço. A mesma loja, com os mesmos produtos, posicionada numa rua ou num centro comercial, serve para diferentes expectativas dos consumidores. Um exemplo do nosso trabalho de gestão entre as expectativas do consumidor e a nossa oferta dos espaços comerciais, foi o que fizemos com o Centro Comercial de Alvalade. Este era um modelo da primeira geração de shoppings de Lisboa, que abriu as portas em 1976. Teve duas décadas de sucesso, mas não se foi adequando ao mercado. Arrancou no mês passado, após um investimento de 5 milhões de euros do Grupo Alves Ribeiro, que transformou 70 lojas pequenas ou muito pequenas, em 27, com algumas a chegar aos 600m2.

Qual a estratégia da Mundicenter para os próximos anos?

Passa por continuar a potenciar o valor dos seus activos, modernizando-os, inovando processos, apostando num “mix” atractivo e diferenciador, e na qualidade do serviço. Dadas as competências desenvolvidas ao longo de 30 anos na gestão de Centros Comerciais, nas áreas Comercial, Marketing, Operacional e Manutenção, estamos a analisar diversas propostas de gestão de activos comerciais de terceiros, nomeadamente da Banca. Esta é uma actividade que a Mundicenter tem como objectivo desenvolver no futuro próximo.

Qual o futuro do retalho em Portugal?

Passado este período de ajustamento, e para os operadores que souberem evoluir de acordo com os novos desafios, o futuro será certamente promissor. O mercado exige ofertas diferenciadas e soluções personalizadas. Quem souber escutar os seus “stakeholders”, terá mais hipóteses de ser bem-sucedido.