CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Entrevistas

 

 

Internacionalizar a marca ‘Lisboa’

11 de fevereiro de 2015

Rui Coelho, director executivo da Invest Lisboa em entrevista ao Diário Imobiliário revela os conceitos e as estratégias da agência de promoção económica de Lisboa para ajudar os investidores imobiliários.

Qual o potencial de Lisboa para investimento no imobiliário?

Lisboa tem muitos argumentos para competir pela captação de investimentos, empresas, turistas e talentos, sendo certamente a capital europeia onde se podem encontrar as melhores oportunidades de investimento, tendo em conta a relação qualidade/preço da oferta do imobiliário. E nós acreditamos no conceito que temos vindo a promover: Discover Lisbon your Atlantic Business Hub. Isso significa que Lisboa é uma plataforma de negócios entre a Europa e as economias emergentes do Atlântico, com particular relevo para as de língua portuguesa. Ou seja, que Lisboa é o local certo para as empresas extra comunitárias que pretendem explorar o mercado europeu se instalarem, devido à sua localização geoestratégica e à qualidade e competitividade dos seus recursos humanos, escritórios e infra-estruturas, para referir apenas algumas vantagens que temos para oferecer. Mas também que Lisboa é a plataforma ideal para empresas multinacionais instalarem os seus centros de serviços partilhados, e as bases de expansão para as economias emergentes extra comunitárias, designadamente Angola, Brasil e Moçambique e desejavelmente em parceria com empresas de Lisboa.

Quais as áreas mais apetecidas?

Depende dos sectores de actividade e dos interesses específicos dos investidores, mas de uma forma geral parecem ser as zonas que simultaneamente apresentam potencial para vários sectores: Turismo, comércio de rua, escritórios e habitação. Que são bem servidas de transportes públicos, principalmente metro, e que têm charme. Pelo que embora sem ter dados concretos diria que serão as zonas da Avenida da Liberdade, a Baixa, o Chiado e o Príncipe Real. O Parque das Nações é também uma zona que, embora diferente, também parece ter bastante procura, e acreditamos que a regeneração do Intendente e do Martim Moniz também tem trazido uma nova dinâmica ao imobiliário da zona.

Que negócios têm sido acompanhados e apoiados pela Invest Lisboa?

Apoiámos mais de 760 projectos, cerca de 30% de promotores estrangeiros, em quatro anos, sendo que pelo menos 132 foram implementados ou concluídos com sucesso. Abrangendo projectos de empreendedores (cerca de 50%) e de empresas e investidores, e em múltiplos sectores de actividade. Não escondo que temos alguma dificuldade em ter conhecimento da evolução dos projectos pois somos apenas duas pessoas e temos de nos concentrar em dar as respostas rapidamente. Para além disso organizámos 22 acções de promoção no exterior, criámos os Workshops ABC, formação gratuita, com o apoio de especialistas, sobre Plano de Negócios, Plano Financeiro, Apoios QREN, entre outros, tendo realizado 37 acções, com mais de 1300 participantes; contribuímos para a criação da Startup Lisboa, uma parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa, Montepio e IAPMEI, que é já uma referência internacional; criámos um serviço de Escritórios Virtuais, para domiciliação de empresas com apoio profissional de recepção, a baixo custo; realizámos, em parceria com a EPUL, um leilão de arrendamento de lojas a baixo custo; criámos a Bolsa de Permutas, uma plataforma digital para troca de produtos e serviços tendo em vista reduzir as necessidades de financiamento de novos projectos.

Acredita que a regeneração urbana é a grande oportunidade para o imobiliário na capital?

Acredito que sim pois praticamente toda a cidade foi declarada pela Câmara Municipal de Lisboa como zona de reabilitação. Lisboa é uma cidade milenar e com raras excepções, as zonas históricas são as zonas mais centrais e apelativas para o turismo, o comércio, a habitação e até para escritórios que não tenham uma grande dimensão, e nessas zonas dificilmente se poderá fazer construção nova antes se devendo reabilitar e regenerar, até para não estragar aquilo que Lisboa tem de melhor, o charme e a autenticidade.

Falta uma estratégia forte nesta área? Ou o recente compromisso entre o Governo e a CPCI pode vir a definir essa estratégia?

Relativamente a Lisboa deve reconhecer-se o trabalho que a Câmara Municipal de Lisboa tem vindo a desenvolver para ordenar e regenerar o território, promover a reabilitação urbana e facilitar os investimentos, através do novo PDM e dos vários Planos Urbanísticos que já aprovou ou que estão em fase de aprovação, das intervenções regeneradoras realizadas que são verdadeiras âncoras de desenvolvimento como o Terreiro do Paço e o Intendente e até o recente programa Reabilite Primeiro e Pague Depois, entre muitas outras acções. Infelizmente o ponto de partida era muito, muito mau e a situação económica e financeira dos últimos anos não tem sido, como todos sabemos nada favorável.

A internacionalização do imobiliário português tem sido uma aposta forte nos últimos tempos e onde a Invest Lisboa também tem estado presente. O que podemos e o que estamos a vender no estrangeiro?

Tal como muitos outros sectores o imobiliário também se tem vindo a virar para o exterior para procurar escoar a sua oferta, tendo em conta que o mercado interno apresenta pouca capacidade para a absorver, isso parece-me normal e correcto. A intervenção da Invest Lisboa na promoção internacional do nosso imobiliário limitou-se à promoção e coordenação, em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa, da participação de Lisboa no MIPIM incluindo o estabelecimento de parcerias com vários parceiros públicos e privados que se promoveram sob a marca Lisboa e o conceito Lisbon Atlantic Business Hub. Vamos procurar fazer ainda melhor na Expo Real (7 a 9 de Outubro em Munique) e estamos abertos a acolher empresas e instituições públicas e privadas interessadas em exportar para e captar investimentos numa grande feira internacional do Imobiliário onde estarão presentes muitos grandes investidores, desde que se enquadrem sob a marca Lisboa que, tal como acontece no sector do turismo é uma marca que extravasa os limites do concelho.

Embora seja obviamente uma generalização, penso que neste momento, por parte de potenciais investidores estrangeiros haverá mais apetência por imóveis prontos, em zonas prime e arrendados a empresas de referência. Num segundo nível haverá interesse em projectos chave na mão em zonas prime.

Já se conseguiu atrair bons investimentos e investidores estrangeiros? Quais?

Lisboa tem conseguido atrair empresas e empreendedores estrangeiros, bem como alguns investimentos significativos no sector imobiliário, veja-se o projecto da East Banc no Príncipe Real ou o imóvel onde será instalada a loja da Cartier, na Avenida da Liberdade, mas precisamos de muito mais.