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Modernidade agita a Rua Campo de Ourique

14 de outubro de 2020

Em pleno coração de Lisboa, na freguesia de Campo de Ourique, desenha-se a Rua de Campo de Ourique e entre o casario tradicional surge o edifício desenhado e projectado pelo arquitecto Gonçalo Nobre da Veiga, fundador do atelier GV+A Arquitectos.

Concluído recentemente, este projecto, na opinião do arquitecto, distingue-se de outros pelas "escolhas técnicas e acabamentos que determinam o nível elevadíssimo deste projecto habitacional. Apostámos num segmento mais alto, dentro do que é a dimensão possível dos apartamentos e a zona da cidade, inovando sem chocar em termos arquitectónicos. Assim é o caso do revestimento da fachada principal, em que optámos por um revestimento em azulejo preto, indo buscar algo muito típico em Lisboa e também em Campo de Ourique que são as fachadas de azulejos, mas dando alguma contemporaneidade e modernidade".

Gonçalo Nobre da Veiga, acrescenta ainda que se a distinção está nesse equilíbrio entre o respeito pelo enquadramento urbanístico e a procura de modernidade, "as principais características residem então na altíssima qualidade técnica dos materiais e processos de construção que elevam este edifício a um nível impar em toda a malha urbana circundante.

Relativamente aos desafios encontrados, o arquitecto é directo: A legislação portuguesa. "Quando comparada com a Inglesa, a Holandesa ou a Alemã, cujos os mercados imobiliários demonstram um crescimento constante, a legislação portuguesa não pode deixar de ser avaliada negativamente; é confusa, mal escrita, demasiado extensa e em muitos casos leva a decisões demasiado restritivas.

A arquitectura contemporânea é definida pela lei e já tem muito pouco de rasgo arquitectónico

A este propósito recordo que Siza Vieira e Souto de Moura têm sido vozes activas nesse campo, chegando mesmo a afirmar que a arquitectura contemporânea é definida pela lei e já tem muito pouco de rasgo arquitectónico", admite.

Neste projecto, o atelier propôs um edifício residencial, que dê continuidade ás cérceas dos prédios confinantes, que se integre visualmente com a moda da rua e que permita regularizar o espaço destinado a peões através de cedência de uma porção de terreno ao domínio municipal.

O edifício proposto desenvolve-se em 4 pisos. Um piso abaixo da cota da soleira e os restantes três a cima desta.

O piso -1 é destinado ao estacionamento e o piso 0, 1 e 2 destinado a Habitação. Existe uma fração por piso e as três frações existentes são de tipologia T4.

"Começámos por desenhar uma base, com o ponto de origem na cota superior das guardas dos vãos do piso 0. Esta base, que se estende em toda a frente da fachada, materializa-se em Pedra Lioz. No entanto, e por condicionamento das especialidades, incorporámos também grelhas de ventilação neste embasamento. O portão de acesso automóvel será revestido com o mesmo material do embasamento, ficando assim camuflado.

Em seguida, extrudimos o corpo do edifício, até ao seu alinhamento por completo com a habitação confinante do lado nascente, a mais alta, como nos é indicado no PDM. Este assumir-se-á como um bloco de azulejo preto, o qual procura dar alguma riqueza visual e estética à rua.

A nossa cobertura, que deverá contemplar habitação no seu interior, possui uma forma conhecida como “telhado francês”, dada a grande inclinação que tem numa primeira instância, para ganharmos pé-direito no interior e por ser pontuado com trapeiras no seu plano de maior inclinação", lê-se na memória descritiva.

Ficha Técnica:

Designação: Edifício Rua Campo de Ourique

Função -Habitação

Localização - Lisboa

Dono de Obra - Miraculousvalue-Lda

Data conclusão da obra - Final de 2020

Equipa Técnica de Projecto - GV+A Arquitectos

Arquitetura - Gonçalo Nobre da Veiga

Engenharia - Projectual