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Arquitectura

 

Gonçalo Byrne e Daniel Fortuna do Couto candidatos à presidência da Ordem dos Arquitectos

21 de fevereiro de 2020

A dignificação da profissão de arquitecto, a melhoria de condições de trabalho e a necessidade de um quadro regulatório da profissão são pontos comuns aos dois candidatos à presidência do conselho directivo nacional da Ordem dos Arquitectos.

Os arquitectos Gonçalo Byrne e Daniel Fortuna do Couto anunciaram ontem ser candidatos à presidência da Ordem, nas eleições para o triénio 2020-2022, marcadas para o próximo dia 15 de Maio.

A forma como o problema da habitação “tem sido negligenciado pelo Estado” é outro dos pontos em comum dos dois candidatos.

Embora “os arquitectos não sejam donos das cidades”, têm uma palavra a dizer sobre a necessidade de se construir habitação para determinadas franjas da população, que tem menos capacidade financeira para recorrer ao mercado”, afirma Gonçalo Byrne.

"No período da democracia, o Estado não deu a mesma atenção à habitação que deu a outros direitos consignados na Constituição”, afirma por seu turno Daniel Fortuna do Couto.

“Insistir em dignificar a profissão, porque nos últimos anos, sobretudo a partir da crise, tem havido perda da compreensão do papel do arquitecto mas, sobretudo, do seu desempenho profissional” é, segundo Gonçalo Byrne, um dos motivos que o levou a candidatar-se à liderança da Ordem, disse o prestigiado arquitecto em declarações à agência Lusa.

Para Gonçalo Byrne –- que ainda está a formar a lista que irá encabeçar, pelo que não adiantou mais nomes –-, a Ordem e os arquitectos “têm de trabalhar para alterar a percepção do valor da arquitectura”, já que se trata de uma actividade “que acrescenta valor em tudo”.

“Na cidade, no espaço público, no território, porque muitas vezes esse papel não é reconhecido”, sustentou.

Já Daniel Fortuna do Couto, vice-presidente do actual conselho directivo nacional da Ordem, que encabeça a candidatura com o lema “Uma Ordem presente” afirma que a sua candidatura visa dar continuidade ao trabalho realizado pela equipa dirigida por José Manuel Pedreirinho, que agora termina o mandato.

 

O que deve prioritariamente fazer a Ordem de Arquitectos

Continuar as “reformas profundas” e o processo de descentralização da Ordem realizadas pela equipa que dirigiu a Ordem desde 2017 – de dois conselhos regionais passaram para sete – bem como a criação de estruturas locais da Ordem “de modo a que esta esteja presente em todo o território nacional” são objectivos do candidato Daniel Fortuna do Couto, reitera o arquitecto.

Continuar a dignificar a profissão e criar um quadro remuneratório para os arquitectos são também objectivos deste candidato.

Sem “referências remuneratórias, nem um quadro de carreiras, nem sequer um sindicato, a profissão fica numa situação de precariedade o que depois compromete o seu exercício, ou o seu exercício em condições adequadas”, afirmou Daniel Fortuna do Couto.

Acabar com os estágios não remunerados -- já que, ao permitirem trabalho gratuito, possibilitam a prática de preços mais baixos no mercado, desregulando-o, aos que acolhem estagiários nessas condições -- é outro dos objectivos da candidatura de Daniel Fortuna do Couto, que também defende a criação de direitos de autor para os arquitectos.

Por seu turno, Gonçalo Byrne defende ainda que a Ordem passe a ter um papel activo na sociedade –- a título de exemplo refere o contributo que os arquitectos podem ter no que se refere à discussão sobre alterações climáticas.

Uma atenção e preocupação acrescidas com as gerações mais jovens de arquitectos, sobretudo dos “que não emigraram e continuam a trabalhar em Portugal em condições muito precárias”, é igualmente um dos pontos de honra do programa da candidatura de Gonçalo Byrne, que se encontra ainda a ser elaborado.

Gonçalo Byrne referiu ainda a relação da arquitectura com a cidade, como outro foco da sua atenção.

Sobre os restantes profissionais que integrarão a sua lista, Gonçalo Byrne disse estar ainda a elaborá-la.

Quanto à lista encabeçada por Daniel Fortuna do Couto, tem como candidata a vice-presidente a arquitecta Maria Manuel Godinho de Almeida.

Na sua lista, para os órgãos nacionais, Alexandre Burmester é o candidato a presidente da mesa de assembleia geral, Avelino Oliveira, a presidente da assembleia de delegados, Florindo Belo Marques, candidato a presidente do Conselho Nacional de Disciplina, e Miguel Amado, candidato à presidência do conselho fiscal.

Os arquitectos Nuno Ribeiro, Fátima Lourenço e Luís Pedra Silva são candidatos às secções regionais do Norte, Regional Centro e Regional Lisboa e vale do Tejo, respectivamente, na lista de Fortuna do Couto.

Esta lista integra ainda Filipe Xavier Oliveira, candidato à secção regional do Alentejo, Luís Matos, à do Algarve, Catarina Valadão, à regional dos Açores, e, Luís Moreira Verga, à regional da Madeira.

Lusa/DI