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França: Aires Mateus ganha concurso do Museu des Augustins

12 de janeiro de 2018

O arquitecto Francisco Aires Mateus, do atelier vencedor do concurso para a construção da extensão da nova entrada do Museu des Augustins, em Toulouse, afirmou hoje que se trata de um projecto "motivante" pelos seis séculos de história.

Contactado pela agência Lusa, o autor, em conjunto com o irmão, Manuel Aires Mateus, apontou que o júri decidiu, por unanimidade, optar pelo projecto do atelier português, para criar esta extensão do museu, encomendada pelo município de Toulouse, em França.

"Desenhámos uma peça que faz parte de um convento que tem seis séculos de história e, por isso, é extremamente motivante", comentou, sobre o projecto que prevê a reformulação de várias funções do museu existente, a partir da construção de um novo volume de acesso.

 

Um dos museus mais antigos de França

Desde o final do século XVIII, o monumento acolhe um dos museus mais antigos de França e do mundo, e, segundo Francisco Aires Mateus, a obra começa dentro de um ano e deverá ser inaugurada em 2019.

O convento, que foi alterado ao longo dos séculos, tinha uma capela que desapareceu, e será este espaço o alvo do novo projecto.

"É muito interessante porque este edifício relaciona-se com outro de grande valor patrimonial e, nesse sentido, é diferente do que temos feito", comentou.

Sobre a eventual dificuldade em criar um projecto associado a um monumento tão antigo, respondeu que, por esse motivo, "também tem de desafiante e interessante, portanto é um estímulo muito grande poder trabalhar nestas condições".

A composição inscreve-se no espaço da antiga ala sul do claustro, recuperando as dimensões da desaparecida "Chapelle de l'Ecce homo".

"Um dos grandes desafios do concurso era criar um projecto que tornasse a entrada e circulação mais acessível e, dentro dos vários espaços, os percursos foram criados de forma a facilitar todo o tipo de visitantes, mesmo aqueles com dificuldade motoras", apontou.

Sobre os vários concursos que o atelier Aires Mateus tem vindo a vencer nos últimos anos, competindo com ateliers conceituados, o arquitecto comentou: "Os concursos - independentemente de ganhar ou perder - para nós são sempre uma altura de alguma aposta, aprendizagem e risco. Ficamos muito contentes quando ganhamos, obviamente".

 

Aprovação por unanimidade do júri

A proposta foi escolhida na segunda fase do concurso público lançado por aquela autarquia francesa, suplantando os outros três finalistas, os ateliers de Rudy Ricciotty, de Marselha, Bernard Desmoulin, de Paris, e Voinchet & Architectes Associés, de Toulouse/Paris.

Para a autarquia, o projecto dos arquitectos portugueses facilita uma nova relação do museu com a cidade, permitindo reformular os percursos e melhorar a acessibilidade ao edifício.

 

Um atelier com grandes obras projectadas

Manuel Aires Mateus, Prémio Pessoa 2017, e Francisco Aires Mateus participaram, em 2010, na Bienal de Veneza, a convite da organização, com a peça “Radix”.

Regressaram em 2012 à cidade italiana, integrados no projexto "Lisbon Ground", da representação oficial portuguesa, e, em 2016, em mostras paralelas da bienal.

Em 2014, o atelier Aires Mateus venceu o concurso para criar o Centro Muçulmano de Bordéus, em França, projecto cuja conclusão se esperava para o ano passado.

Em Março de 2017, foi inaugurado em Tours, França, o Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré. Assinaram igualmente o Museu de Design e Arte Contemporânea, em Lausanne, na Suíça, cidade para a qual também venceram o concurso do Museu da Fotografia de Elysée.

O atelier é também autor de projectos como a Faculdade de Arquitectura, em Tournai, na Bélgica, a renovação do Colégio da Trindade, em Coimbra, edifício datado do século XVI, o Centro de Artes de Sines e o Centro de Convívio em Grândola, além de um conjunto residencial em Alcácer do Sal, aos quais se juntam uma residência na Herdade da Aroeira, Almada, o Santo Tirso Call Center, e um edifício na lagoa das Furnas, na ilha de S. Miguel, Açores.

Em Dezembro, Manuel Aires Mateus estava também entre os arquitectos distinguidos com o Prémio Valmor, pelo projecto de ampliação da ETAR de Alcântara, em Lisboa.

Lusa/DI