Compete aos jovens o papel de 'refundar' a arquitectura
Na abertura do ano lectivo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Eduardo Souto de Moura, prémio Pritzker deixou uma mensagem de encorajamento aos novos alunos.
O arquitecto referiu que compete aos jovens que estão agora a começar o seu percurso o papel de 'refundar a disciplina' da arquitectura, para que assim nasça dela algo de novo.
Souto de Moura explicou que apesar "de não ser fácil", é tempo para aproveitar esta nova experiência, na qual devem aproveitar os exemplos do passado.
"Aproveitem esta oportunidade que não há muitas. (Os alunos) têm que ter confiança no passado e têm que saber que não é o passado que lhes vai dar as soluções, mas que existe um legado que é preciso estudar e perceber para conseguir ter mais conforto nas soluções que encontrarem", afirmou o arquitecto.
Segundo avança a Lusa, Souto de Moura sublinhou ainda que "não há nenhuma passagem directa nem nenhuma receita", mas que a História é fundamental para basear as escolhas e passa pelos novos alunos o "trabalho de refundar a disciplina” para que seja possível criar “uma nova arquitectura".
O arquitecto, que proferiu uma conferência sob o título “Que faire?”, agradeceu ainda o "convite de voltar a esta casa" da qual disse nunca ter saído.
Durante a conferência, Souto de Moura mostrou um conjunto de trabalhos realizados em conjunto com o arquiteto Siza Vieira, para demonstrar aos alunos, principalmente aos do primeiro ano, que a arquitectura tem "continuidade" e é "universal".
Souto de Moura lembrou ainda que foi aluno do arquitecto [Fernando] Távora e do arquitecto Siza, o arquitecto Siza foi aluno do arquitecto Távora. "Os projectos estão interligados e cada um de nós usa conhecimentos e conceitos que vão sempre estar presentes e que nunca passam de moda porque a arquitectura é universal", explicou.
Para Souto de Moura, podem mudar os materiais e os sistemas construtivos, mas "uma pirâmide é sempre uma pirâmide seja em vidro ou pedra".
Durante a conferência, onde mostrou uma série de projetos e desenhos, como o da construção do metro de Nápoles iniciada em 2003, enfatizou ainda o papel e a influência de “outras disciplinas paralelas” na arquitetura, que permitem a realização deste tipo de trabalhos.
Nesta apresentação, Souto de Moura explicou que quis mostrar como se trabalha com o Siza, com a História e com os períodos da História, desde os gregos até hoje. "Quis mostrar que não há arquitectura sozinha, existe a arqueologia, existe o urbanismo" e a arquitectura "não é uma disciplina estaque", resulta antes duma "fusão de várias equipas e futuro é este, trabalhar em equipa".
LUSA/DI