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Arquitectura

 

Compete aos jovens o papel de 'refundar' a arquitectura

19 de setembro de 2017

Na abertura do ano lectivo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Eduardo Souto de Moura, prémio Pritzker deixou uma mensagem de encorajamento aos novos alunos. 

O arquitecto referiu que compete aos jovens que estão agora a começar o seu percurso o papel de 'refundar a disciplina' da arquitectura, para que assim nasça dela algo de novo.

Souto de Moura explicou que apesar "de não ser fácil", é tempo para aproveitar esta nova experiência, na qual devem aproveitar os exemplos do passado.

"Aproveitem esta oportunidade que não há muitas. (Os alunos) têm que ter confiança no passado e têm que saber que não é o passado que lhes vai dar as soluções, mas que existe um legado que é preciso estudar e perceber para conseguir ter mais conforto nas soluções que encontrarem", afirmou o arquitecto.

Segundo avança a Lusa, Souto de Moura sublinhou ainda que "não há nenhuma passagem directa nem nenhuma receita", mas que a História é fundamental para basear as escolhas e passa pelos novos alunos o "trabalho de refundar a disciplina” para que seja possível criar “uma nova arquitectura".

O arquitecto, que proferiu uma conferência sob o título “Que faire?”, agradeceu ainda o "convite de voltar a esta casa" da qual disse nunca ter saído.

Durante a conferência, Souto de Moura mostrou um conjunto de trabalhos realizados em conjunto com o arquiteto Siza Vieira, para demonstrar aos alunos, principalmente aos do primeiro ano, que a arquitectura tem "continuidade" e é "universal".

Souto de Moura lembrou ainda que foi aluno do arquitecto [Fernando] Távora e do arquitecto Siza, o arquitecto Siza foi aluno do arquitecto Távora. "Os projectos estão interligados e cada um de nós usa conhecimentos e conceitos que vão sempre estar presentes e que nunca passam de moda porque a arquitectura é universal", explicou.

Para Souto de Moura, podem mudar os materiais e os sistemas construtivos, mas "uma pirâmide é sempre uma pirâmide seja em vidro ou pedra".

Durante a conferência, onde mostrou uma série de projetos e desenhos, como o da construção do metro de Nápoles iniciada em 2003, enfatizou ainda o papel e a influência de “outras disciplinas paralelas” na arquitetura, que permitem a realização deste tipo de trabalhos.

Nesta apresentação, Souto de Moura explicou que quis mostrar como se trabalha com o Siza, com a História e com os períodos da História, desde os gregos até hoje. "Quis mostrar que não há arquitectura sozinha, existe a arqueologia, existe o urbanismo" e a arquitectura "não é uma disciplina estaque", resulta antes duma "fusão de várias equipas e futuro é este, trabalhar em equipa".

LUSA/DI